Com a idade a gente aprende a relevar tanta coisa, e isso é
bom. Começamos a perguntar “Mas a vida é complicada ou nós é que complicamos?”
e chega-se a um ponto em que já nada nos afeta, mas claro que resta sempre uma
certa tristeza. Queremos sempre que tudo seja perfeito, mas nada na vida é 100%
como queremos.
Começamos a compreender que não somos todos iguais (feliz ou
infelizmente) e portanto temos que ser condescendentes, que os opostos
atraem-se, ou não, talvez os semelhantes tenham mais chance de ter relacionamentos
duradouros… se pensarmos bem, há outros ditados que não correspondem bem à
realidade, por exemplo “longe da vista, longe do coração“ - será assim mesmo?
(posso estar longe e ter as pessoas queridas no meu coração, sempre) ou “palavras,
leva-as o vento” - OK, mas que têm muita força, têm…
A vida é tão curta e tão rara... Aproveitemos para sorrir e
compreender que a vida é assim mesmo, enquanto não chegam aquelas más notícias
que tanto sofrimento provocam, quando começamos a perder os progenitores... a doença
que chega de repente e sem contar... a perda de amigos ou pessoas que amamos… uns
porque ficam doentes, outros morrem de
repente, estupidamente, e ainda há quem não se encaixe neste mundo e
prefere por termo à vida, de uma forma ou de outra, deixando-nos na dor e sem entender nada...
Um dia vi o meu pai partir aos 67 anos (agora acho, tão novo)
depois de uns 2 anos em sofrimento, não consegui chorar na hora do funeral,
senti a perda dele com um certo alívio/"alegria" ao pensar que ele
quis partir para um mundo melhor, de paz, pois estava a sofrer demais aqui.
Não foi há muito tempo, fiquei chocada quando soube que uma
ex colega/amiga teve uma morte cruel na frente dos filhos pequenos; estes dias
soube que outra ex colega partiu durante o sono, assim de repente, pessoas
novas, mães de filhos ainda por criar… e me pergunto “qual a missão de cada um
de nós neste mundo?”… entre outros que foram desaparecendo ao longo do tempo.
Há culturas que convivem bem com a morte humana. A nossa
sociedade praticamente quer negar a sua existência e esta negação acaba por ser
prejudicial, pois deixa tanto a pessoa à beira da morte como a família e os
amigos completamente impreparados para algo que é inevitável. Todos viremos a
morrer. Contudo, em lugar de reconhecer a existência da morte, procuramos
ocultá-la, como se estivéssemos a tentar convencer-nos de que "quanto
menos pensarmos nisso, nada nos acontecerá", e continuamos a tentar
valorizar-nos através da nossa vida material e do comportamento temeroso que
lhe está associado.
Se formos capazes de encarar a nossa própria e inevitável
morte com uma aceitação honesta, antes de termos chegado a esse momento, as
nossas prioridades serão alteradas bem antes de ser demasiado tarde. Isto
dar-nos-á a oportunidade de orientarmos as nossas energias no sentido dos
verdadeiros valores. A partir do momento que interiorizarmos que nos resta um
tempo limitado - não obstante não sabermos se é de anos, semanas ou horas -
seremos menos impulsionados pelo nosso ego ou por aquilo que os outros pensam
de nós. Em alternativa, seremos mais guiados pelo que os nossos corações
realmente desejam. Esta aceitação da nossa morte inevitável que a cada dia se
aproxima proporciona-nos a oportunidade de encontrar um maior propósito e
satisfação no tempo que nos resta.
Fico chocada com estas notícias que me deixam triste (claro)
com lágrimas silenciosas, mas compreendo que a vida é mesmo assim. E logo
voltarei a sorrir, faz parte da minha natureza, volto a querer viver com
intensidade, com qualidade se possível, um dia de cada vez com tudo a que tenho
direito, em especial o amor, sem o qual até uma planta pode perecer…
Quero aprender a praticar o AMOR UNIVERSAL, o mais sublime de
todos, aquele que dificilmente alguém entende porque aprendemos a amar apenas a
nossa família (de sangue) e amigos mais chegados… mas não a tudo e todos. E às
vezes nem somos assim tão ligados à família (nem ela a nós) e encontramos mais
sentimento nas pessoas que conhecemos casualmente. Quem ama, com esse amor
universal, conduz a felicidade dentro de si.
Costumo dizer, porque li um dia algures, que as pessoas que
amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós, e é verdade. Quero acreditar
que haverá outra(s) vida(s) de paz, amor
e luz, o sono da eternidade. Porque este mundo é cruel demais, em especial para
pessoas sensíveis.
Robert Lanza defende que quando morrermos, a nossa vida
torna-se numa “flor perene que volta a desabrochar no multiuniverso” (http://www.gilbertogodoy.com.br/ler-post/a-morte-nao-existe--segundo-robert-lanza)