quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

F.O.D.A.

Continuo sem elas, as palavras… Até o sol – tão habitual na zona sul do país, e que me alegrava tanto em cada manhã ao despertar - anda fugitivo, mal aparece nas últimas semanas. Tudo parece tão triste. O frio e a chuvinha continuam, será a natureza a querer dizer “fiquem em casa” - até tu, Brutus?!

Quem aguenta ficar tantas horas por dia em casa? Que saudades de sair, ir ouvir música ao vivo, dançar, socializar, bem ou mal… Somos seres sociáveis por natureza, caramba! Dou comigo a imaginar famílias juntas 24h por dia, têm que ser amorosas ou “o caldo deve entornar” muitas vezes… passa-se a vida à volta do fogão  “o que cozinhar agora?” ou a encontrar na despensa produtos com data de validade já passada ou a terminar, vamos lá aproveitar, que receita interessante pode-se encontrar no Google com este ingrediente? (...)

Ou…vamos pensar que estamos a caminhar para um mundo melhor, sem tanto consumismo e deslumbramento, um mundo mais humano e solidário, com menos manias de grandezas...será possível, ou delírio meu? Tantas incertezas…Entretanto, se (ainda) nada se pode fazer contra este estado de coisas, vamos acender a lareira e simplesmente ficar…ler um livro, escutar música relaxante (ou não), vamos enxotar as vibrações negativas para bem longe de nós…ou… vamos ter fé, jogar no euromilhões, e depois compraremos uma passagem para Marte…quem sabe, lá ainda poderei respirar e (a)mar-te à vontade…com ou sem Mar?

No ponto em que estamos, com as notícias a cada momento sobre o vírus devastador, e as respetivas consequências negativas tanto a nível económico como social, quem não o tiver (ainda) fisicamente, na verdade já o tem (mentalmente), dada a sua omnipresença avassaladora. Ninguém pode escapar disso.

E surge uma pergunta, em vésperas de celebrar mais um dia dos namorados: depois, quando toda esta pandemia passar, como será a reaproximação entre as pessoas?… Como vai haver vontade de “paquerar” outra vez? Ou namorar de verdade? Que dificuldades terão os solteiros para encontrar alguém? Estarão desconfiados ou desesperados? Pediremos um beijo ou um teste? Podemos tirar as máscaras? Devemos dar as mãos? Ela ou ele está a ser higienizada/o?

Agora pode não parecer, mas em algum momento o mundo vai abrir-se novamente. E voltaremos a fazer as coisas que amamos, esperamos nós, fora das nossas casas, com a nossa família e os amigos. Para pessoas solteiras – isso pode significar um regresso ao mundo do namoro. 

Namorar já não era assim tão fácil antes da pandemia – mas agora, estaremos todos sem prática, e a ideia de nos voltarmos a apaixonar pode ser particularmente assustadora. 

Em inglês, há um nome interessante para isso – FODA (Fear Of Dating Again), ou seja: medo de namorar outra vez.

Se estás a sofrer de FODA, fica a saber que "estamos juntos". Passamos meses (e meses) isolados de outras pessoas, mal saindo das nossas tocas e sem tocar em ninguém... Temos, porém, a sorte de haver o telefone, os computadores, os smartphones, através dos quais até podemos interagir com imagens, mas tudo isso poderá ter, para muita gente, um impacto negativo na capacidade de comunicar cara a cara, predizem alguns estudos. Rezemos é para que não haja algum apagão demorado que nos deixe incontactáveis ou isolados do resto do mundo, aí sim, será loucura total, especialmente para quem estiver longe dos entes queridos.

Pronto, consegui escrever mais do que 100 palavras… vou me inspirar para uma próxima vez!