“Morrer é um absurdo”, escreveu o filósofo existencialista Arthur Schopenhauer (1788-1860).
Por que não falar dela? A maioria das pessoas tem este assunto como tabu. Estamos
aqui apenas de passagem - somos uma alma com um corpo, e não um corpo com alma (como muitos poderão pensar
erradamente) - para quê tanta preocupação? Aproveitemos e não nos esqueçamos de cheirar as flores ao
longo do caminho...
Nenhum instante é tão violento como aquele em que nos apercebemos (ou nos é dada a notícia) da morte dos que amamos. Nesse instante também nós morremos um bocadinho com eles, mesmo sabendo que ficamos, mesmo sabendo que permanecemos e até mesmo quando acreditamos que a morte não é o fim.
A morte pode ser vista como um mistério incompreensível. Ou como um absurdo inaceitável. A morte pode até ser tratada como um tabu, assunto do qual a maioria das pessoas não gosta de falar.
O luto como a arte do “desapego”
Talvez falar do luto como “arte” cause alguma estranheza. As pessoas preferem concentrar-se em coisas agradáveis,
reconfortantes e positivas. Certamente isso é muito bom, mas a
vida sempre traz um nível de sofrimento, ao qual ninguém está imune.
No entanto,
temos que esclarecer um aspeto importante: quando se fala em luto sempre se pensa na morte, mas existem também os lutos afetivos ou emocionais, como
o amor ao qual temos que renunciar, ou até mesmo o simples facto de
amadurecermos como pessoa, assumir novos valores, abandonar
certos padrões de pensamento para desenvolver outros…
Superamos o luto no processo de
amadurecimento interior, porque qualquer mudança envolve perdas, superação e
até sentimento de vazio e solidão. Isso é enriquecedor e necessário para o nosso crescimento.
A morte é triste. Mesmo acreditando numa vida depois
desta, a despedida é dolorosa. Mais dolorosa ainda quanto mais próxima for a
pessoa. Às vezes não é preciso ser da família. Basta ser alguém que fez
diferença em nós. Aceitar a partida é tão difícil como voltar a casa no dia do
enterro. Onde já não está. Onde não volta. Não ver mais dói no coração. A
saudade não passa. Nunca.