Um bom dia de São Pedro!
No
caminho para o trabalho hoje, entrei num ”pão quente”, era só para um
café, talvez… mas de repente me deparo com uma vitrina a mostrar uns lindos e
luzidios pastéis de nata (rindo para mim) assim como uns bolinhos de cenoura
com bom aspeto. Bem gulosa eu me assumo, não tenho emenda. Foi uma dúvida momentânea
e cruel, alguma hesitação, para não ter que comer os dois – e por que não? – okay
escolho o de cenoura! Não era molhadinho, como eu imaginava. Antes fosse o de
nata, que já conheço e sempre gosto.
Ao sair da padaria fiquei a pensar nas várias deceções da vida. Assim é também com as gentes. Há pessoas que atraem logo à primeira vista, ou segunda, sei lá, de bom aspeto exterior e com lindas palavras, amistosas, carinhosas, eventualmente a mostrar também uma vida que parece espetacular, mas vai (con)viver com essa pessoa! É quando se descobrem os detalhes, as diferenças abismais (às vezes). E a seguir vem o desapontamento, ao ponto de preferir estar só.
Está tudo tão anormal (sem saber bem o que será normal). Pessoas que em tempos idolatraram a Madonna se escandalizam agora no RockinRio (RiR) com uma tal de Anitta brasileira que mal conheço, mas vou ver agora no Youtube. Por motivos óbvios, tem milhões de seguidores nas redes sociais, quem me dera ter ido ao RiR, agora posso imaginar que o show dela ao vivo deve ter sido um grande sucesso…
Um mundo doente, hipócrita, onde há gente que critica uma mulher que vive feliz com o seu parceiro 18 anos mais jovem - “podia ser seu filho”, mas se for um homem a ficar com uma com a idade da neta, já o felicitam!
Isto mais parece um hospício, ou se calhar sempre foi, eu é que andei distraída… Sobretudo para quem sofre ou é sensível, o mundo é cruel, está difícil, e é preciso seguir o melhor que for possível. É
uma loucura estar no meio deste caos, afinal causado por cada um de nós, que
vivemos a nossa história acreditando que sabemos viver.
Não vivemos em tempo de empatia. Cada um só olha para si, para os seus
problemas ou a sua vida de aparência, parece que “tem o rei na barriga” - excesso de autoestima, ou o que será? É um tempo de rapidez – fast food, fast love etc. - de
dificuldade em distinguir a realidade e a ficção, de fronteiras ténues entre a
verdade e a mentira. Por vezes, talvez pela necessidade de dizermos tudo todos
os dias, de termos opinião sobre tudo e todos (onde me incluo), esquecemos as
coisas mais básicas e afastamo-nos do que em nós poderia e deveria ser natural.
Por isso… às vezes, escolher ficar só e em silêncio é o que há de melhor. Ouves melhor quando paras, quando te recolhes, e tentas ir buscar pensamentos que te transformem na melhor versão de ti mesmo/a. Saber o que é conveniente para ti, fazer um compromisso de uma prática diária, de viver no presente, valorizar tudo o que cada dia nos traz. No mundo atual é tão fácil cair na rotina, tão fácil também transformar o nosso caminho numa batalha campal…Mas quando paramos, é tão bonito perceber que tudo podia ser mais simples e, para isso, é importante perceber que devemos rodear-nos de pessoas que vibram na mesma frequência, a da paz interior e positividade, do autoconhecimento, e com vontade de evoluir.
Lembrei-me agora daquele filme “Voando sobre um ninho de cucos”, ambientado numa clínica psiquiátrica, contando a história de um indivíduo de espírito livre que acabará por fugir da prisão e lidera os pacientes numa rebelião contra a equipa opressiva chefiada por uma enfermeira-chefe calculista e que aplicava tratamentos pouco ortodoxos…
Vamos decidir ser felizes… não porque tudo seja bom, mas porque podemos ver o que há de bom em cada detalhe da nossa vida.
Alguém
disse “vais ser pra sempre só”, eu entendi “pra sempre sol”, e percebi que
antes SOL que mal iluminada”…