quinta-feira, 31 de julho de 2025

Entrando a gosto


AGOSTO: um mês quente que enche as praias, para quem não se importa com a multidão no areal, ou para quem só pode ir de férias nesta altura, infelizmente. Quem puder escolher, melhor fugir para locais mais frescos e tranquilos, áreas verdes com cascatas e riachos. Eu que amo o mar, talvez a temperatura da água vai começar a melhorar, pois tem estado fria nas últimas semanas, e tenho me controlado, à espera de setembro.
Agora posso dizer que estou a gosto na vida, desde 12/6/2025...uma data super esperada, quando finalmente pude acabar com as idas para um "trabalho" insípido; agora posso levar uma vida de gata, de papo para o ar, fazendo simplesmente nada, ou ir à praia e ao ginásio sempre que quiser. 
Tempo de "reset" nas emoções, tempo para viajar e visitar amigas que me convidam para ir vê-las após tanto tempo sem tempo para nada, quando esperava os curtos fins de semana que sabiam a pouco.
Fui duas semanas a Gotemburgo na Suécia, a convite de uma amiga que lá vive há muitos anos. Que cidade linda, de 20/6 a 5/7 ainda apanhei um ou outro dia cinzento, com chuva, mas nos dias de sol era um prazer poder caminhar pela cidade toda, mesmo com vento, apreciar a juventude animada a dançar na praceta para animar os transeuntes; eu sempre com o nariz no ar apaixonada pelos belos edifícios ao longo de extensas avenidas, com jardins imensos por todo o lado, que convidam a ficar na sombra, ou a tomar banhos de sol, para quem gostar ou puder. Os suecos precisam muito de sol, são uns dois meses no ano que devem aproveitar bem. O meu quarto dava para um desses jardins e logo de manhã via alguns e algumas já de calção ou biquini a tomar sol durante horas. Jardins são a praia deles, tão interessante. E pude visitar museus, ver manifestações pela rua, ou sentar na pastelaria para degustar uma doçaria diferente, sabores fantásticos que amei. Os famosos rolos de canela (kanelbullar), os de tamanho normal e os gigantes, tamanho familiar, tão bons que viciam. Mas os preços (OMG) não são para o bolso de qualquer turista. Enquanto em Portugal é ainda possível comer um bolo e tomar um café ou galão por €2.50 aprox., lá paga-se quase 10€! Em Copenhaga, ao lado (4h de comboio ou autocarro), ainda é mais caro. 
Mas valeu muito a pena apreciar outra cultura, a nórdica. Pude sentir a qualidade de vida do povo sueco, apesar de tudo o que se diga quanto à atualidade política, mas que afinal acontece a nível mundial.
A gosto voltarei lá em outra época, a natalícia por exemplo, caso haja condições para tal - primeiro, tem que me sair o Euromilhões LOL. Aproveitar para passear também por Copenhaga, ou ir a Oslo de comboio... Quem sabe, descobrir se existe um lado viking na minha ancestralidade... Fico a imaginar como será a linda cidade de Gotemburgo no natal, enfeitada de luzes por todo o lado e ver as pessoas a confraternizar alegremente naqueles bares chiques, onde vão aquecer o corpo e a Alma.
Quem tem boas amizades tem tudo...Imensamente grata!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Viva o Amor, o real!

Assim como há o "amor" abusivo - muitos casos que sabemos - com certeza existe o amor de verdade, que vamos reconhecendo com os sinais que o tempo nos dá.

Reconhecer um amor de verdade pode ser desafiador, mas há sinais claros que o distinguem de uma paixão passageira ou de um relacionamento baseado em interesse, carência ou hábito. E valerá a pena um reset (nova tentativa) se ambos estiverem com disposição para isso, mostrando indícios de um amor verdadeiro:

- A presença genuína. A pessoa está ao teu lado nos bons e maus momentos, mesmo quando não tem nada a ganhar com isso. O apoio é constante, mesmo em silêncio ou à distância.

- Paz em vez de ansiedade. Um amor verdadeiro traz tranquilidade, não insegurança ou dúvidas constantes. Há confiança mútua, sem necessidade de provar amor o tempo todo.

- Aceitação real. A pessoa conhece os teus defeitos, falhas, manias… e ainda assim escolhe ficar. Não tenta mudar quem tu és, mas apoia o teu crescimento pessoal.

- Comunicação aberta, sincera. Existe espaço para conversas honestas, mesmo sobre temas difíceis. Há escuta ativa e respeito, sem jogos ou manipulação emocional.

- Equilíbrio e reciprocidade. Ambos se esforçam e cuidam um do outro. O amor não é uma via de mão única; há partilha emocional, tempo e energia.

- Paciência e compromisso. E compromisso não é apego, o doentio, há quem confunda. Um amor verdadeiro aguenta fases difíceis e não desiste com facilidade. A pessoa está disposta a crescer contigo, mesmo quando algo estragou o “brilho” inicial, mas é possível superar.

- Admirar e respeitar. Tão importante (para mim) a admiração mútua, pelas qualidades do outro, e não apenas a atração física. Existe respeito pelas escolhas, opiniões e liberdade de cada um.

- Continuidade com profundidade. Com o tempo, o amor amadurece e se torna mais profundo, não apenas rotineiro. A conexão emocional cresce, e não depende apenas da paixão inicial.

VIVA O AMOR, que faz falta.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Love yourself

Quando é que a gente reconhece que está a ficar velho, uma pergunta pertinente e quase filosófica. A gente não fica velha assim de repente, mas há sinais sutis (e outros bem engraçados) de que talvez começamos a notar a chegada da maturidade ou da "velhice":

1. Quando começamos a dizer:

“Na minha época…” ou pior: repetindo conselhos que os nossos pais nos davam e jurávamos que nunca faríamos isso.

2. Quando o corpo começa a mandar recados:

  • Dormir de forma errada, supostamente, e andar com dor no pescoço durante 3 dias.
  • Olhar ao espelho e ver um rosto a ficar diferente, e partes do corpo.
  • Só de pensar em sair à noite dá cansaço.
  • Achar que uma sexta ideal é pizza + sofá + silêncio.

3. Quando já não reconhecemos as músicas novas e dizemos frases do tipo “A letra das músicas de hoje não presta para nada…” e começamos a ouvir playlists de “hits dos anos 70, 80 ou 90” que agora são consideradas nostálgicas. Começar a sentir falta da forma como víamos o mundo antes de sabermos tanto sobre o que se passa agora…

4. Quando começamos a valorizar o que antes era chato

  • Dormir cedo/domingos tranquilos em casa/cuidar de plantas/tomar chás para tudo/economizar para fazer o que se gosta, incluindo tratamentos estéticos, tratar do corpo e da mente…

A verdade é que a velhice não tem a ver só com idade, mas com a forma como vemos o mundo. Há gente de 60, 70 que é mais leve e aberta do que muitos de 25. E vice-versa. Uma resposta honesta será: sabemos que estamos a ficar velhos no minuto em que paramos de gostar de viver.

Há uma famosa frase de Mark Twain: "A maioria dos homens morre aos 27 anos, nós apenas os enterramos aos 72". Porquê? Porque eles param de viver e continuam a existir. Eles envelhecem. Eles não trabalham apenas para viver... eles vivem simplesmente para trabalhar e poder ter dinheiro, com uma vida de stress, muitas vezes a dar cabo da saúde, mental e física. É por isso que tantos morrem pouco tempo após a reforma.

As crianças VIVEM! Experimentam o dia a dia, o agora, naturalmente e sem antecipar o amanhã. Quantos adultos aguardam ansiosamente os próximos anos? E veem os seus melhores anos para trás, então, eles param de viver e envelhecem.

Tenho a idade que tenho e sou grata por cada minuto de vida. E ainda vejo os meus melhores anos pela frente! Nunca parem de viver! Fiquem vivos e nunca se tornem "velhos"!



sexta-feira, 11 de julho de 2025

Com o Amor, todo o cuidado é pouco

Está difícil acreditar no ser humano, no Amor. Sim, porque acredito que todos somos feitos de amor. Em princípio, devíamos todos ter nascido dele, mas claramente nem sempre é assim. Muita gente vem ao mundo fruto do acaso, ou porque simplesmente aconteceu, foi um deslize… “Foste TU que criaste as minhas entranhas e me teceste no seio da minha mãe. Eu te louvo, porque me fizeste maravilhosa; são admiráveis as tuas obras; TU me conheces por inteiro” (Sl 139,13-14). Recentemente encontrei uma amiga que já não via há muito, parecia apreensiva enquanto me confidenciava que tem vivido uma experiência amorosa fora do normal. Ela agora numa fase de ter tempo para aproveitar o melhor da vida, enquanto houver saúde, e sem aparentar a idade que tem, com espírito jovem ainda pronta para ir dançar, ir a concertos, enfim, sempre apaixonada pela Vida, há cerca de nove semanas conheceu por acaso numa curta formação gratuita sobre comunicação um rapaz aprox. 36 anos mais novo (!) que parece ser uma mente inteligente além de super ocupado com várias atividades que escolheu para passar o tempo e ganhar dinheiro. Parece que ele se encantou (do nada) e nunca mais a largou, queria ser amigo, acompanhá-la sempre que ela quisesse ter companhia, mensagens escritas a todo o momento, um “amor” que foi se manifestando quando a convidava para sair, e queria pagar, apesar de ela dizer que as contas deviam ser divididas e ele dizia para não se preocupar, “não tinha o que fazer ao dinheiro”; não era de sair com os da idade dele, nada de noitadas, não tinha grandes gastos, e gostava de pessoas mais velhas, talvez fossem mais sossegadas, enfim, uma série de coisas que ia dizendo e ela se encantou também, como uma pessoa daquela idade era tão diferente do normal, e ia analisando a situação, que entretanto evoluiu para um amor a dois, sem pensar em consequências. (Quem sabe, teria algum papá que mandava dinheiro, imaginava ela.) Para nenhum dos dois, a diferença de idade seria um empecilho, pois, o que é isso comparado com toda a maldade e estranheza que há pelo mundo, com gente que muda de sexo ou adota bonecos como filhos, os bebés reborn…alguém poderá ter alguma moral para falar dos outros, sério? Mostrou-me fotos dos dois e até ficavam bem juntos, e felizes, não parecia nenhuma aberração, de facto. Ele gostava de cuidar dela, assim dizia, "até que a morte os separe"... insistia num relacionamento sério para assumi-la perante todos; dizia que falava aos colegas da sua namorada; também ela ainda falou dele ou apresentou-o a algumas pessoas amigas ou conhecidas, uma aconselhou muito cuidado, outras diziam “por que não, aproveita enquanto é bom, vai vendo o que acontece”. A química sexual era boa, também… até que a tal intimidade começa a gerar ciumeira ou controlo doentio, quando quer 'desenterrar' os ex dela, ou os amigos na rede social incomodam, como se fosse agora possível apagar historinhas do passado ou mais do que um casamento vivido, ou anular amizades sadias, sem mais nem menos… Enfim, começou a ficar deprimente para ela ter que se chatear com esse tipo de futilidade, a ponto de querer que ele se afastasse. Mas não, ele insistia numa amizade (que já não era, ou nunca foi), continuava a pagar tudo como se fosse endinheirado, ou €€ estariam sobrando; às vezes ela dava-lhe o dinheiro a seguir, e ele devolvia o valor com transferência por MBWay, parecia um ping pong de euros para lá e para cá. Outras vezes ela encontrava dinheiro transferido e nem sabia do que se tratava, tudo estranho assim, dava que pensar. Estaria ele comprando o “amor”, de amiga, namorada, mãe ou avó (?)... Entretanto, ela tinha que ausentar-se para uma viagem agendada com uma amiga, durante 15 dias. Teve a infeliz ideia de deixar-lhe uma chave de casa porque ele pediu que queria ir uma vez ou outra para lá, estar sossegado a estudar, porque na casa que partilhava com um colega não havia sossego com gente a entrar e sair, e outras coisas. Ela acreditou e aceitou que ele ficasse no seu “santuário” (como ele chamava a casa dela) durante os quinze dias. Falavam todos os dias, e o controlo continuava cerrado mesmo à distância. Se ela por acaso falasse que ia talvez sair ou dançar com a amiga já ouvia comentários ridículos do tipo “queres é andar a curtir com outros, és muito livre" (ou algo do género), "na tua idade devias era estar em casa, a ler um livro, ver TV ou dormir cedo...” e algo mais que denotava desconfiança, desassossego, algum tipo de transtorno… Para ele, a liberdade dela incomodava, era a pomba gira que gosta de encantar e sair com todos… Como magoava ouvir isso, nem podia acreditar no que estava acontecendo, e ela começava a desencantar-se. Nada na vida é o que parece. Aquele “amor” agora parecia doentio, obsessivo. Desde quando ela tinha que aturar este tipo de comportamento? E ouvia quase todos os dias “desculpa” “vou melhorar” te amo, te amo, te amo, e ela a desesperar, a desconfiar cada vez mais que algo não ia bem no “reino do amor” e merecia bem melhor naquela idade. Como foi se meter numa situação daquelas? Quando voltou de viagem, chegou a casa e logo percebeu que muita coisa tinha mudado de lugar, tudo tinha sido vasculhado a pente-fino: caixas, caixinhas, pastas, fotos, documentos, portátil, pen drives que nem ela já sabia onde estavam... foi uma primeira deceção que a deixou abalada, zangada com ela própria, por ser tão ingénua e confiar em alguém que mal conhece, mas que ilude tão bem com muito blablabla amoroso, e textos tão bem escritos como verdadeiras odes ao amor, como era possível? Será amor isso de vasculhar a intimidade de alguém, comprar coisas desnecessárias para a casa e deixar o frigorífico com quilos de carne e outras comidas e bebidas que ela nem aprecia, ou nem come tanto assim, para tudo ser doado a seguir (se possível isso), ou ir para a lixeira, porque ela precisa de espaço para colocar lá o que realmente gosta. O que será então a porra do amor!? Não seria respeitar, cuidar bem do alheio, ter sensibilidade para o que o outro vai gostar ou detestar… E lá vinha de novo “desculpa, vou fazer melhor”, até o dia a seguir quando ele lhe mostra e informa que tinha trazido montes de tralha em sacos enormes para guardar em casa dela pois ia ausentar-se em breve, para uma viagem de trabalho. Ela nem podia acreditar no que via, sem qualquer consentimento ou aviso prévio! Tinha a casa atulhada, quando tantas vezes já se via aflita para encaixar e organizar os seus próprios pertences. Aquilo era caso de polícia, só podia. Invasão de domicílio deve ser isso, como quem não quer nada! Foi uma grande e feia discussão, pois na sua ideia de amor e intimidade de nove semanas, ele achava que tinha todo o direito de fazer qualquer coisa sem pedir autorização. Ela sentiu-se abusada, desrespeitada, insultada, porra para o amor daquela maneira. Mandou-o tirar tudo dali e ir embora. Ele ainda pediu para deixar guardado ao menos o que era mais importante, porque na volta não sabia ainda onde iria ficar. O colega ia embora e deixar a casa. Ah OK. Ela comecou a entender tudo, podia estar a acontecer ali uma mudança sub-reptícia. E que grande lata, ele ainda se sentia a vítima, muitas vezes. A namorada é que era a pessoa fria, sem sentimentos, não o amava tanto como ele a ela!... Na discussão acesa ela ouviu mais absurdos, aquilo que se diz com a intenção de magoar, que mais parecem insultos, e ainda aproveitou para pedir de volta o dinheiro gasto com ela! Aí foi o "fim da picada"... Afinal, aquilo era um investimento financeiro no “amor”, até se endividava por ela se necessário fosse, ou então não valia a pena gastar o dinheiro que afinal nem tinha, se ela não aceitasse “tanto amor” que ele oferecia… Nada disto soava a normal. No dia seguinte ela soube que ele tinha sido levado para o hospital, passou mal, sofre do coração. Assim esta amiga tem vivido um pseudo amor, um verdadeiro drama em vários atos, penso eu. Fiquei chocada, inacreditável esta história. Como a carência das pessoas pode adoecer o amor, que devia ser sublime. Ela estava triste, dececionada. Agiu de boa fé, confiou, e depois sofreu com isso. Lição aprendida: nunca deixar ninguém em casa, no seu mundo, quando se ausentar. Entendi, quem aguentaria assim este excesso de “amor”? Eu não. O amor com o qual sonho, e essa amiga também, é de outro tipo, nada a ver com isso. Perguntei se ia estar com aquele “amor” quando voltasse, não tinha ideia ainda, mas nada provavelmente voltaria a ser a mesma coisa. Ninguém se transforma depois de adulto e de traumas vividos. Além disso, há um fosso geracional entre eles, uma educação diferente. E (como eu) também ela nunca foi de ficar presa apenas pelo lado carnal... Bem melhor teria sido mesmo uma bela amizade, mas as pessoas preferem falar de amor, seja lá o que isso for.
As pessoas com quem namoras são o reflexo do quanto tu te amas a ti próprio”… 

“Não há como envolver-se sem um certo risco. Porque uma relação não nos dá certezas. 
O que podemos é dar uma chance ao amor, sem se esquecer de levar o amor-próprio connosco. 
Amar, mas amar com consciência. 
Amar sem deixar de colocar os limites necessários e sem esquecer-se daquilo que merecemos. 
É preciso muita coragem para abrir o nosso coração para alguém, mesmo correndo o risco de sair ferido, mas é aos corajosos que o amor pertence.” (Alexandro Gruber)