domingo, 21 de setembro de 2025

Dias de Setembro

 

Dia 21/9 Hoje - Dia Mundial da Gratidão

Quero escrever sobre a gratidão que é uma das forças mais poderosas do universo. Quando agradecemos, a nossa vibração eleva-se e nós nos tornamos um íman para coisas boas. Em vez de focar no que nos falta devemos concentrar-nos no que já temos e podemos ver a nossa realidade mudar. A gratidão abre portas para novas oportunidades e atrai abundância, felicidade e equilíbrio espiritual, além de fortalecer a nossa conexão com o Universo e o nosso propósito de vida.
É preciso ter cuidado com o costume de reclamar por tudo e por nada, conheço muita gente assim. Quando reclamamos, estamos literalmente a clamar ao Universo para enviar mais daquilo que nos incomoda. Quanto mais focamos no problema mais energia estamos a dar-lhe; em vez disso, usemos o nosso poder mental, emocional e espiritual a nosso favor. A palavra AGRADECER vem de “deixar a Graça descer”, ou seja, quanto mais gratidão sentirmos, mais bênçãos chegarão até nós. Sejamos um íman de coisas boas focando no positivo, e veremos algo mudar. Amém! Sou grata todos os dias, e não me queixo. Imensamente grata pelo meu percurso de vida, com afetos e desafetos, amores, desamores e outras dores. Tudo tem servido para ter orgulho na pessoa que me tornei e também em quem vale a pena e sempre esteve em conexão comigo, de longe ou de perto.

Setembro, para mim um mês perfeito, tem algumas datas marcantes. Além do onze de setembro que ficou triste e tragicamente lembrado em todo o mundo, outras duas vou citar a seguir.

20/9/1975 - Recorda a minha mãe que nesta data chegámos à metrópole com o nome de retornados, ela com 4 filhos menores, eu a mais velha ainda com 16 a caminho dos 17 anos de idade...Fez agora 50 anos... O pai ainda ficou algum tempo no ultramar pensando que as coisas poderiam eventualmente melhorar, até que teve que fugir um dia no último avião que disponibilizaram para quem não quisesse lá morrer no meio de uma guerra estúpida. Viemos com algum dinheiro escondido que depois nada valia aqui, e na obscuridade acerca de um futuro incerto, depois de 13 anos na linda cidade de Benguela, Angola. Mas felizmente tudo se vai ajeitando na vida, aos trancos e barrancos. Muitos se deram bem porque souberam desvencilhar-se, outros (como os meus pais) pouco conhecimento tinham para saber ir atrás dos apoios concedidos. A vida continuou, com a ajuda de Deus e de pessoas boas.

26/9/2015 – Fazendo dez anos que alguém com quem partilhei 9 anos de vida em comum, e que podia ser tão valioso para o mundo, decidiu partir para outra dimensão, a da paz, que não encontrava aqui na vida terrena.

Não sei se esqueci alguma outra data importante neste mês, penso que não. Ah sim, minha amiga irmã Cris fará aniversário dia 26/9, também. Amo ela e é um sentimento recíproco. Carpe Diem!


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Filhos pródigos

Chega um certo momento na vida em que uma pergunta nos assalta em silêncio: fui um bom filho ou filha? A resposta, porém, não vem fácil quando se cresce em famílias onde nunca houve diálogo verdadeiro, apenas ruídos de acusações, silêncios pesados ou palavras ditas sem escuta. É como procurar um reflexo num espelho partido — vemos fragmentos, nunca a imagem inteira. Talvez tenhamos dado amor, mas sem nunca saber se foi entendido ou recebido. Talvez tenhamos sido obedientes, mas sem nunca sentir reconhecimento. E ficamos nesse limbo: como medir a bondade de um filho quando a casa nunca foi lugar de encontro, mas de desencontro?

Num lar disfuncional, as palavras não circulam para unir, mas para ferir, ou então não circulam de todo. Crescemos sem referências claras, sem a certeza de sermos vistos, e assim também sem saber como fomos recebidos. Fomos bons filhos? Ou apenas peças de um jogo em que ninguém conhecia as regras?

Muitos de nós carregamos uma culpa silenciosa, como se tivéssemos falhado em dar algo que nunca nos foi pedido de forma clara. A criança que fomos aprendeu a sobreviver, a calar para não ferir, a obedecer para não perder migalhas de afeto. E, mais tarde, o adulto olha para trás e pergunta se deveria ter feito mais — sem perceber que já tinha feito o possível dentro do impossível.

Ser bom filho não é apenas cumprir expectativas invisíveis, mas poder crescer num espaço de amor, escuta e reconhecimento. Quando esse espaço não existe, a pergunta já nasce viciada: como ser bom num terreno onde a semente nunca foi regada? Talvez o problema não esteja em nós, mas na ausência de um solo fértil.

Chega um tempo em que percebemos que a resposta não está no passado, mas no presente. Ser bom filho talvez seja, no fim, não repetir a violência, não propagar o silêncio, não deixar que a dor herdada determine quem somos. Ser bom filho pode significar libertar-se da necessidade de aprovação e criar, em nós e nos que amamos, a família autêntica que nos faltou.

Eu não deixo descendência, mas sei que se tivesse tido filhos, eu tentaria dar a melhor educação com afetos e baseada na autenticidade de cada ser gerado - sem ousar querer medir tudo pela mesma bitola - dando a hipótese de argumentação e chegar a uma (ou mais) conclusão unânime e compreensível para todos, numa constante reciprocidade de aprendizagem, porque ninguém nasce ensinado, obviamente, nem pais nem filhos. Nenhum de nós!  

 (foi só um desabafo, um momento introspetivo, vulnerável)