domingo, 24 de dezembro de 2017

Feliz Solstício de Inverno!

É hoje a consoada. Mas, na verdade, não vejo gente consolada. Ou ando pelos locais errados. É quem mais estressa, no mercado, no trânsito, gente enervada com alguma coisa, quase a passar mal... Que loucura toda é esta?
Parei um pouco nas minhas andanças para vir aqui deixar um abracinho natalício, seguindo a tradição - além das 551 mil mensagens trocadas via FB, Whatsup, Email, etc. - e desejar que o novo ano nos sorria a todos, que merecemos. Mais do que riqueza material, desejo riqueza espiritual, aquela que nos permite evoluir e perceber o que andamos por aqui a fazer uns com (ou sem) os outros. Há quem ainda não perceba que tudo é "causa-efeito", para quê reclamar tanto e de tudo...?
Nós somos a causa, e a vida é consequência! Diz-se também que só teremos aquilo que nos está destinado, não adianta sonhar com mais...(?!) O que vos parece?
"Homens fracos acreditam na sorte. Homens fortes acreditam em causa e efeito."
Mais um ano que acaba, e felizes de nós que estamos vivos, com saúde. Vamos sabendo de tanta gente que parte, conhecida ou não, e lá nos vamos conformando e acreditando que os seres amados se transformam em estrelas brilhando no firmamento, com quem poderemos falar a qualquer hora que queiramos...e que isto aqui é mesmo uma passagem… para a outra margem. Há que saber aproveitar. (Uma amiga querida acaba de perder a mãe em plena véspera de natal)

Sobre a loucura do natal - o stress que chega a seguir ao verão, é o que parece - li algo no perfil do FB de uma amiga, professora, que passo a citar:
Tenho a ideia estapafúrdia de acabar com esta treta do natal comercial e de criar uma simples festa de solstício de inverno! Um dos temas era reunirmo-nos, de acordo com os gostos e apetências comuns com gente que nos dissesse, na realidade, qualquer coisa mais do que este, para mim, obsoleto conceito de "família".”
Decidi expressar este pensamento por ter percebido que, mesmo nas famílias alheias que eu julgava das mais sólidas, a coisa não é assim tão linear quanto isso. A evasão destas festas é um sonho acalentado pelos mais sinceros. Ou seja, não sou a única a achar isto uma chatice.
Já nem os meus 80 alunos, entre os 6 e os 8, acreditam no pai natal: é grave! Ele existe, mas não da forma como é concebido atualmente: todos os miúdos sabem que são os adultos a dar prendas - não há volta a dar. Por isso, qual é a piada, se já nem as criancinhas acreditam??
Cair na real não nos ficaria mal! Abaixo o natal! Viva a criatividade. E a revolução!!!!” (fim de citação).

Por um lado, concordo com ela. Esta correria toda só favorece o consumismo e o enriquecimento de uns, em prejuízo de outros (aqueles que gastam sem poder, muitas vezes). E a família, que afetos, que cumplicidade existe na maioria delas?... Tantos fretes que se fazem, em nome de algum interesse, apenas isso... maioria dos casais separados, filhos, sogros, genros e noras, uns para cá e para lá, haja entendimento!... quanta gente gostaria de estar apenas em pequena reunião familiar, pais e filhos apenas, em convívio ameno e tranquilo, e tem que levar com a confusão toda destes dias. Salvo as exceções, claro, de quem nutre amor familiar de verdade e todos se reúnem com alegria e prazer à volta de uma mesa recheada de iguarias.

Por outro lado, por que não viver no mundo da fantasia e do sonho? Ainda sou do tempo em que pensava mesmo que o velhinho barbudo vestido de vermelho ia descer pela chaminé e pôr presentinhos na meia, em cima da lareira. Quando acordava de manhã, ia a correr ver o que estava lá.

Se optarmos por sonhar, o problema é só nosso; o pior mesmo é quando se cai na real à força.
Viva o ser real, assertivo, quando decidimos deixar de querer agradar aos outros e impomos o nosso SER. Já houve uma vez, ou duas, já nem me lembro, em que decidi passar a noite de natal comigo mesma, sim eu(so)zinha, talvez tenha comido uma sopa e a seguir fui deitar-me. Não sei se feliz, mas fazia-me falta essa tranquilidade, e o silêncio, sei lá.
Li que descobrimos quando se atinge o nosso grau mais elevado de maturidade, ao conseguirmos ser assertivos com os nossos (seja quem for) e deixamos de ser meros 'agradadores' para com eles, sem todavia lhes faltar ao respeito, sem deixar de os amar... (então devo estar a cair de podre, de tão madura que ando...LOL)
Nitidamente, há pessoas que vivem para agradar aos outros e só atraem relacionamentos tóxicos que sugam energia e causam sofrimento e angústia. É preciso limpar e arrumar a nossa vida, repensar as crenças, porque aquilo em que acreditamos condiciona a nossa energia para viver e aquilo que atraimos... depois... é fundamental identificar o caminho que queremos seguir, construindo um amor-próprio sólido e imune à manipulação, à inveja e à toxicidade...

Vivam as relações saudáveis baseadas no respeito mútuo, onde vale a pena investir o nosso tempo e energia.
Viva o solstício de inverno, o natal, o amor, os sonhos, viva nós, amo-vos, porque
TUDO É AMOR
Porque do amor tudo provém e no amor tudo se resume.
Vida – é o Amor existencial.
Razão – é o Amor que pondera.
Estudo – é o Amor que analisa.
Ciência – é o Amor que investiga.
Filosofia – é o Amor que pensa.
Religião – é o Amor que busca Deus.
Verdade – é o Amor que se eterniza.
Ideal – é o Amor que se eleva.
Fé – é o Amor que se transcende.
Esperança – é o Amor que sonha.
Caridade – é o Amor que auxilia.
Fraternidade – é o Amor que se expande.
Sacrifício – é o Amor que se esforça.
Renúncia – é o Amor que se depura.
Simpatia – é o Amor que sorri.
Altruísmo – é o Amor que se engrandece.
Trabalho – é o Amor que constrói.
Indiferença – é o Amor que se esconde.
Desespero – é o Amor que se desgoverna.
Paixão – é o Amor que se desequilibra.
Ciúme – é o Amor que se desvaira.
Egoísmo – é o Amor que se animaliza.
Orgulho – é o Amor que se enlouquece.
Sensualismo – é o Amor que se envenena.
Vaidade – é o Amor que se embriaga.
Finalmente, o ódio, que julgamos ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente.

Tudo é Amor. Não deixes de amar nobremente.
Respeita, no entanto, a pergunta que te faz, a cada instante, a Lei Divina:
“COMO?”. (André Luiz)

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Jingle Bell Jingle Bell

Chegou a época natalícia. Oportunidade de ver luzinhas a piscar por todo o lado, decorações de bom gosto (ou não), publicidade a bombar, para que se gaste todo o 13º (para quem tem trabalho, claro), época de trocar mensagens calorosas, sempre agradáveis, a fim de amenizar o frio que já se sente, e de trocar presentes (para quem pode).
Aproveito já para desejar boas festas de natal a todos os que costumam seguir-me ou acompanhar a minha escrita. 
Como agora ando dedicada a fazer um curso intensivo online, para aperfeiçoar o meu CV, pouco tempo me resta para vir aqui blogar. Prometo que ainda volto antes de terminar este ano (se tiverem saudades minhas, claro). 
A vida não pára, ando sempre a bulir, com gosto pela aprendizagem de algo que possa ser-me útil, a curto ou médio prazo. Num mundo com tanta gente em desassossego, é importante que cada um saiba valorizar-se, sem estar à espera que alguém dê o merecido valor… tenho dito!
Um livro é dos melhores presentes que se pode receber ou oferecer, dá-nos conhecimento, podemos sair da (muitas vezes, triste) realidade e ‘viajar na maionese’ - o que é saudável - além da literatura didática que nunca é demais, e feliz de quem tem tempo para devorá-lo(s) … os livros…vou fazendo o meu montinho e algum dia estarão todos lidos. Para já está difícil; além da ginástica e do curso, pouco tempo me resta, porém… cada coisa a seu tempo tem seu tempo!
Quando me ausento deste espaço, onde me habituei a apontar 'cenas' e partilhar registos autobiográficos, fico mesmo com saudade da escrita. Afinal, não passa disso mesmo: uma forma de autoterapia que reflete sempre conflitos, desejos e medos (in)conscientes... Na escrita, pode-se comparar o papel do inconsciente com a ponta de um icebergue, que apenas tem um oitavo do seu volume total acima do nível da água. Muitos romances que gostamos de ler, e depois passam à ficção, só podem ter sido criados a partir de experiências vividas pelos seus autores.
https://www.youtube.com/watch?v=gR0gp9SsLCg
Somos balões cheios de sentimentos num mundo repleto de alfinetes! (alguém disse e muito bem).
Feliz Natal!


Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. 
Não florescem no inverno os arvoredos, 
Nem pela primavera 
Têm branco frio os campos. 

À noite, que entra, não pertence, Lídia, 
O mesmo ardor que o dia nos pedia. 
Com mais sossego amemos 
A nossa incerta vida. 

À lareira, cansados não da obra 
Mas porque a hora é a hora dos cansaços, 
Não puxemos a voz 
Acima de um segredo, 

E casuais, interrompidas, sejam 
Nossas palavras de reminiscência 
(Não para mais nos serve 
A negra ida do Sol) — 

Pouco a pouco o passado recordemos 
E as histórias contadas no passado 
Agora duas vezes 
Histórias, que nos falem 

Das flores que na nossa infância ida 
Com outra consciência nós colhíamos 
E sob uma outra espécie 
De olhar lançado ao mundo. 

E assim, Lídia, à lareira, como estando, 
Deuses lares, ali na eternidade, 
Como quem compõe roupas 
O outrora compúnhamos 

Nesse desassossego que o descanso 
Nos traz às vidas quando só pensamos 
Naquilo que já fomos, 
E há só noite lá fora. 

Ricardo Reis, in "Odes" 
(heterónimo de Fernando Pessoa)