terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Jingle Bell Jingle Bell

Chegou a época natalícia. Oportunidade de ver luzinhas a piscar por todo o lado, decorações de bom gosto (ou não), publicidade a bombar, para que se gaste todo o 13º (para quem tem trabalho, claro), época de trocar mensagens calorosas, sempre agradáveis, a fim de amenizar o frio que já se sente, e de trocar presentes (para quem pode).
Aproveito já para desejar boas festas de natal a todos os que costumam seguir-me ou acompanhar a minha escrita. 
Como agora ando dedicada a fazer um curso intensivo online, para aperfeiçoar o meu CV, pouco tempo me resta para vir aqui blogar. Prometo que ainda volto antes de terminar este ano (se tiverem saudades minhas, claro). 
A vida não pára, ando sempre a bulir, com gosto pela aprendizagem de algo que possa ser-me útil, a curto ou médio prazo. Num mundo com tanta gente em desassossego, é importante que cada um saiba valorizar-se, sem estar à espera que alguém dê o merecido valor… tenho dito!
Um livro é dos melhores presentes que se pode receber ou oferecer, dá-nos conhecimento, podemos sair da (muitas vezes, triste) realidade e ‘viajar na maionese’ - o que é saudável - além da literatura didática que nunca é demais, e feliz de quem tem tempo para devorá-lo(s) … os livros…vou fazendo o meu montinho e algum dia estarão todos lidos. Para já está difícil; além da ginástica e do curso, pouco tempo me resta, porém… cada coisa a seu tempo tem seu tempo!
Quando me ausento deste espaço, onde me habituei a apontar 'cenas' e partilhar registos autobiográficos, fico mesmo com saudade da escrita. Afinal, não passa disso mesmo: uma forma de autoterapia que reflete sempre conflitos, desejos e medos (in)conscientes... Na escrita, pode-se comparar o papel do inconsciente com a ponta de um icebergue, que apenas tem um oitavo do seu volume total acima do nível da água. Muitos romances que gostamos de ler, e depois passam à ficção, só podem ter sido criados a partir de experiências vividas pelos seus autores.
https://www.youtube.com/watch?v=gR0gp9SsLCg
Somos balões cheios de sentimentos num mundo repleto de alfinetes! (alguém disse e muito bem).
Feliz Natal!


Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. 
Não florescem no inverno os arvoredos, 
Nem pela primavera 
Têm branco frio os campos. 

À noite, que entra, não pertence, Lídia, 
O mesmo ardor que o dia nos pedia. 
Com mais sossego amemos 
A nossa incerta vida. 

À lareira, cansados não da obra 
Mas porque a hora é a hora dos cansaços, 
Não puxemos a voz 
Acima de um segredo, 

E casuais, interrompidas, sejam 
Nossas palavras de reminiscência 
(Não para mais nos serve 
A negra ida do Sol) — 

Pouco a pouco o passado recordemos 
E as histórias contadas no passado 
Agora duas vezes 
Histórias, que nos falem 

Das flores que na nossa infância ida 
Com outra consciência nós colhíamos 
E sob uma outra espécie 
De olhar lançado ao mundo. 

E assim, Lídia, à lareira, como estando, 
Deuses lares, ali na eternidade, 
Como quem compõe roupas 
O outrora compúnhamos 

Nesse desassossego que o descanso 
Nos traz às vidas quando só pensamos 
Naquilo que já fomos, 
E há só noite lá fora. 

Ricardo Reis, in "Odes" 
(heterónimo de Fernando Pessoa)

2 comentários:

  1. ...”Quando me ausento deste meu espaço, onde me habituei a apontar e partilhar registos autobiográficos, fico mesmo com saudade da escrita. Afinal, não passa disso mesmo: uma forma de autoterapia que reflete sempre conflitos, desejos e medos (in)conscientes... ”... Bonito, gostei! Porém, espero que nunca sintas saudades nem faças sentir a quem te segue... e para ti é autoterapia! Muito bom... agora só falta a lengalenga de sempre, FELIZ NATAL, Bjs

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