segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Vai aonde te leva o coração

Curiosamente, no espaço de uma semana duas pessoas me disseram a mesma frase, a propósito de algo que comentei, assim: “segue o teu coração”… ai pobre de mim, pois parece que meu coração anda meio vagabundo, sem eira nem beira, e se o sigo poderei cansar-me, e então, o que fazer?… O tempo dirá, como sempre.
Isso fez-me relembrar um dos livros que amei ler, e voltarei a ler algum dia:
‘Vai aonde te leva o coração’ de Susanna Tamaro

Quando eu estava a fazer o bacharelato, ou licenciatura, a ver com alguma disciplina de Língua Portuguesa, se bem me lembro - sei que sou péssima a querer recordar "pormenores" de um passado longínquo, ou próximo - a profe pediu para trabalho de casa o resumo de um livro que tenhamos lido. Escolhi esse. Deu algum trabalho; daquelas coisas que a gente nem sabe por onde começar, mas um dia lá terá que ser, engatam-se as ideias e sairá algo. Entreguei o trabalho meio receosa e, para minha surpresa, tive uma nota perto do 20, estava quase perfeito! Fiquei tão orgulhosa de mim mesma! Deve ter sido nesse momento que interiorizei o facto de que afinal era boa em algo e esse algo poderia ser a escrita, que faria parte da minha vida, sem idealizar nessa data que um dia poderia “mostrar ao mundo os meus dotes” através de um blogue. 
Daí que agora, quando um ou outro amigo vem aqui elogiar os meus textos, só posso babar-me, agradecer o carinho, e continuar a tentar ser melhor.

A leitura do livro “Vai onde te leva o coração” é cativante, comovente, quase hipnótica, o que talvez justifique o seu grande sucesso a nível internacional. É a carta escrita por uma avó/mãe à sua neta, uma espécie de diário escrito por uma mulher de oitenta anos, uma avó como tantas outras, que faz tricô, planta roseiras e vive com o seu velho cão. Esta é a forma que ela encontra para contar a sua vida à neta e dizer-lhe o quanto gosta dela já que, devido à educação que recebeu, é incapaz de fazê-lo de outro modo.
Uma história que nos leva através da vivência de três gerações de mulheres, e das várias formas como cada uma delas lidou com a vida, com o autoconhecimento e com a busca pela felicidade. É uma lição de vida, uma contemplação da sucessão de erros cometidos e do significado (e implicações) de ser mulher. Este livro contém um percurso, ou melhor: três, que nos leva a contemplar os motivos das nossas escolhas pessoais, as nossas aspirações e receios, as ações e as suas consequências. Fala-nos de amor, paixão, casamento, religião, fé, inteligência, alegria, amizade, depressão, velhice, e da morte.

É através de alguém que se considera simples, senão mesmo simplista, que vemos a complexidade da vida, e que nos faz comover com as suas escolhas.
“A compreensão nasce da humildade, não do orgulho de saber.”
Partilho aqui mais algumas citações:

“...quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente, vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era a direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direção diferente; dali partia um atalho, de acolá um carreiro cheio de ervas que se perdia nos bosques. Alguns desses desvios fizeste-os sem te aperceberes, outros nem sequer os viste; não sabes se os que não fizeste te levariam a um lugar melhor ou pior; não sabes, mas sentes pena. Podias fazer uma coisa e não fizeste, voltaste para trás em vez de seguir em frente. (...)”

“A coisa mais fácil do mundo é encontrar escapatórias quando não queremos olhar para dentro de nós mesmos. Uma culpa exterior é coisa que existe sempre, tem de se ter muita coragem para aceitar a culpa - ou melhor, a responsabilidade só nos cabe a nós. No entanto, como já te disse, é essa a única forma de seguir em frente. Se a vida é um percurso, é um percurso sempre a subir.”

“E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar."

Em suma, um bom livro para reflexão. Põe-se em causa o que é que contribui para o que cada um de nós é e para as opções que tomamos. Será só genética? Será genética e fator ambiental? Só fator ambiental? O que é o amor? O amor verdadeiro e incondicional existe mesmo ou é apenas um conjunto de cheiros e interações que fazem com que as nossas hormonas queiram estar perto das hormonas de outro ser? Qual o nosso propósito de vida?
Por vezes, o coração também se engana e fazemos escolhas erradas. Quando isso acontece, resta-nos tirar lições dos nossos erros e (re) começar de novo.

E agora vou atrás do meu coração, ver o que anda por aí a fazer de estragos


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O Amor é

Passou-se mais um dia, o do AMOR (dizem), ontem 14/2… 
E o que é isso? Já nem eu sei… Esse sentimento sempre fez “correr muita tinta” e a maioria das pessoas pensa que sabe defini-lo e o que é preciso fazer para mantê-lo vivo, porém... muitas vezes simplesmente se confunde com a paixão, e essa pode acabar, aí sim, é quando se poderá ver se há amor ou não. 

Supostamente, Amor é aquele do qual fala a tradição, quando ouvimos nos casamentos “na alegria e na dor, na saúde e na doença, no sucesso e na desventura…” 
Há tantas formas de amor: o altruísta, o amor amizade, o amor espiritual, o carnal (de forma natural), o amor conjugal, afinal o amor é TUDO, e é universal… o que seria da nossa vida sem Amor?

Quando chega a fase do “desapaixonar-se” ficamos confusos, mas quem disse que o amor não permanece? Não existe prazo de validade para o amor, simplesmente existem etapas pelas quais devemos passar; nós nos apaixonamos, mas também nos ‘desapaixonamos’. É provavelmente quando a rotina começou a fazer efeito, e isso “nos acomoda”, trazendo consequências com o passar do tempo. Vem o desencanto, a falta de comunicação… e o amor pode transformar-se em mera afeição.
Começamos a cansar-nos da nossa ou do nosso parceiro e, muito importante, a ver defeitos onde antes não víamos. Apesar de nos desapaixonarmos, sentimos carinho por aquela pessoa com a qual compartilhámos parte da nossa vida, com quem foram vividos bons e maus momentos. Não deixou de ser uma parte importante da nossa vida e não temos que pensar nisso como algo negativo.  
Se houver atração mental, e alguma física ainda (convém), há que saber gerir um relacionamento, “regar a flor muitas vezes” de forma a incentivar a proximidade e a afetividade.
Respeito é a base de tudo - sem ele, nem a amizade permanece - e havendo aceitação pela diferença, poder-se-á diariamente transformar a rotina em aprendizado, porque tudo na Terra está em transformação e nenhum dia é igual ao outro. Nenhum momento será vivido duas vezes. O segredo é estar atento/a…
AMOR é respeito, admiração, companheirismo, é fazer planos juntos e RIR muito, ter objetivos em comum, nem que seja à distância…Uma história de vida com cumplicidade possibilita a renovação todos os dias. 
É muito bonito de ver que há certos casais assim, uma raridade que nos encanta nestes tempos ditos modernos, de “amores líquidos”... 
"O amor é a união de duas solidões que se respeitam".

Fomos um breve conto que lerei mil vezes.
Bob Marley