quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Ai Amor Amor

 

“Se o amor for mar, quero mergulhar até me afogar”

Agora ´”sem amores à vista”, ela relembra os seus dois casamentos fracassados. No momento em que percebeu que era subestimada, apesar de aparentemente haver “amor”, decidiu saltar fora, mesmo sofrendo, e não se arrepende. No primeiro, ainda muito jovem, com a provável sorte(?) de não poder engravidar - coisas do Universo, sabemos lá - foi apelidada de “estéril” num momento infeliz... Mais tarde...quando sentiu a felicidade de casar pela segunda vez, após 10 anos de solteirice, passados uns dois anos sentia-se dececionada por não sentir aquela harmonia e cumplicidade numa vida a dois, como seria de esperar e... apesar de muitas palavras de amor no início, agora era apelidada de “velha, gorda e na menopausa”… 

Hoje em dia talvez isso fosse considerado “violência (psicológica) doméstica”... Afinal, o que é o raio do amor?

Muito gosta ela de dissertar sobre este tema, viciada em AMOR, seja lá o que isso for.

AMOR que rima com dor, quatro letrinhas apenas, e é o que todos procuram nesta Vida, e poucos o encontram de verdade. Dá gosto ver casais que estão juntos há 30, 40 ou mais anos. Cada vez mais raros, mas existem. Maior raridade é conseguir manter a chama durante tantos anos ou décadas, a maioria permanecendo lado a lado numa vida acomodada, com amizade e cumplicidade, eventualmente. Alguns (mais os homens) ainda se atreverão a “mijar fora do penico” (como se costuma dizer); fazem-no com algum medo no início talvez, porém, tudo vai do começar… como o coçar…se gostarem da aventura, poderão repetir, ou não. E com o consentimento, ou não, da “oficial” que fica em casa.

Não é fácil, mas dá para entender. Segundo alguns estudiosos nesta área, ou investigadores, o casamento foi “uma coisa feita pelos homens e para os homens”. A poligamia é natural no ser humano, e a monogamia foi criada por imposição para a mulher (porque o homem quer ter a certeza absoluta de que o filho é seu…).

Ademais, há estudos de biólogos ou antropólogos indicando que, após cinco anos de casamento, a oxitocina (hormona ligada à paixão) acaba e a testosterona (hormona masculina) aumenta. “Fisiologicamente, não há relação entre amor e sexo, pode-se amar alguém e desejar outra pessoa, e isso, pelo menos isso, aplica-se ao homem e à mulher.”

Com a idade aprende-se tanta coisa. A usar mais, e bem, o cérebro, quiçá. Porque desde criança nos ensinaram tudo errado. Talvez o mundo pudesse ser diferente, mais livre e mais feliz. Pois, ninguém é de ninguém. Aprende-se que pode haver um único amor (de cada vez) ou, se tiver que acontecer, amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Por que não?

Obviamente, ninguém começa um relacionamento pensando em quando vai acabar. Quem é que não quer um amor para sempre? Acontece que o tempo do amor não é cronológico. Como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade, o verbo “amar’ é intransitivo. Diríamos que também é imprevisível.  O Amor surge sem dizer a hora que vai chegar nem o tempo que vai durar. Vinícius de Morais diria mais: “que  chegue a qualquer tempo e que seja infinito enquanto dure”.

Há amores que duram um dia, ou um ano, há amores que só a morte os separa. Há amores que acabam com um gesto, um olhar, um comentário, uma brincadeira; há amores que perduram após brigas homéricas, abandonos e traições. Há casais que terminam depois de uma deliciosa noite de amor; há casais que se amam sem sexo; há casais que se amam sem nunca se terem encontrado pessoalmente; há ainda os erotomaníacos que estão cem por cento seguros do amor de pessoas que sequer sabem da sua existência!

Não adianta buscar os motivos que levam os amantes ao amor. Jamais saberemos por que as pessoas se amam. Também jamais saberemos por que as pessoas desistem de amar. Não existe ciência para o amor. É algo atemporal, porque pode acontecer ou deixar de acontecer a qualquer momento. Podemos controlar o que vamos vestir e falar, podemos controlar os nossos movimentos e gestos, podemos decidir o que vamos comer e beber, no entanto não podemos controlar o que vamos sentir. O amor não tem razão, memória ou vontade.

É por isso que quando o amor acontece, a gente sempre esquece que sofreu um dia…

(texto inspirado em #evaristo_psicanalista no Instagram)

Há pessoas que não se amam e estão juntas, outras há que se amam e não estão juntas; só não sei qual das duas tragédias é maior! 

https://www.youtube.com/watch?v=pEkOmzJS7g4