sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Traumas geracionais

Ontem foi o Dia Mundial da Saúde Mental. É assustador ver como se alastra este tipo de doença, havendo quem pareça uma pessoa normal, mas que engana os outros e a si própria, e poderá ser tarde quando se der conta que é necessário procurar ajuda. Triste é quando esse problema existe em famílias desestruturadas e não sabemos como ajudar. E este mundo torna-se um lugar estranho para se viver. Faz falta, é urgente o amor. Os seres que deviam ser humanos estão a tornar-se hediondos. Guerras infindáveis em alguns lugares deste Mundo que podia ser um lugar aprazível para todos vivermos bem e sem medo. Homicídios fúteis e horríveis, discussões acaloradas sobre o futuro de cada país, despedimentos coletivos e protestos massivos, uma grande parte do Mundo a um passo do precipício. Há demasiadas más notícias, difíceis e complexas, tantas vezes a começar pelo seio familiar. Lares que não sabem o que é Amor são como uma casa onde não há pão: todos ralham e ninguém tem razão. A falta de amor provoca feridas imensas em todos nós. Porém, pode haver ainda motivos para ter esperança. Noto que começa a haver imensos grupos de pessoas com uma consciência elevada e que se reúnem em prol de um mundo melhor usando terapias que podem tocar a criança interior sofrida de cada um de nós. Acredito que a saúde mental é um bem precioso que deve ser cuidado e valorizado, mais do que nunca, agora na era de tanto conhecimento, se buscarmos forma de compreender o que se passa e curar as nossas feridas. Especialmente para quem deixa descendência (não será o meu caso, a não ser que se inclua os sobrinhos e respetivos filhos), ao investir em nós mesmos estamos a investir no bem-estar das nossas famílias e da sociedade como um todo. Eu já ouço falar em psicoterapia desde o período em que morava no Brasil. Em certos assuntos, a cultura brasileira está mais evoluída em relação à nossa aqui; eu já sabia de amigas que andavam a fazer terapia, eu nem entendia muito bem o que era isso. Hoje dou comigo a procurar esse tipo de ajuda. Online tenho encontrado pessoas habilitadas para ajudar-me a descobrir o “mistério” da ancestralidade, devido ao facto de andar a ver anormalidades na própria família, que agora entendo ser desestruturada a nível emocional - ninguém se conhece, não há demonstração de afetos e ainda todos se queixam, cada um para seu lado. Nenhuma cumplicidade familiar, enfim. Durante 5 domingos participo de uma “jornada” com um grupo energético - os “Ativadores da Nova Era” - cuja mentora é a Inês Gaya, especialista em cura emocional. Esta alma visionária apaixonada pelo mistério da vida e pelo estudo do ser humano dedica-se à missão de ajudar pessoas no seu processo de Despertar de Consciência, tendo também um podcast “Na Nave”. Ouçam, por exemplo, “Na Nave com Maria Gorjão Henriques” , outra mentora de milhares de pessoas na área da transformação pessoal e espiritualidade que tem dedicado a sua vida a ajudá-las a descobrir o seu propósito de realização, a fazerem o seu processo de cura emocional, de cura da sua ancestralidade para o despertar da Consciência individual e coletiva. Escreveu o livro “O Despertar da Consciência” com as Constelações Familiares. Ando a encontrar a minha tribo, constatando que muita gente atravessa problemas familiares similares, ou bem piores, e estas pessoas iluminadas podem ensinar o que é preciso assimilar para que tanta coisa faça sentido. Não me lembro dos meus ancestrais, nem os conheci, ou mal ouvi as suas histórias de vida. Mas eram tempos bem duros, de vários abusos, repressão essencialmente feminina, e posso imaginar os sofrimentos pelos quais passaram. Porém, faço esta cura por eles, por mim, talvez eu possa dizer “isto acaba aqui” honrando-os e aceitando-os. Porque eu não quero mais carregar pesos que não são meus. Quero libertar-me e libertar os outros, dando-lhes a chance de seguirem o seu próprio caminho, o que escolheram, e eu sigo também o meu, em Paz. Agora posso entender também de onde surgiram aquelas expressões “coisas de outras vidas” ou “é o carma”… A mente coletiva precisa tanto de mudança para um mundo melhor. Sinto que a minha Alma anseia por Conhecimento, o verdadeiro. Curar a criança interior é uma viagem à própria alma, onde as memórias e os traumas adormecidos aguardam para ser reconhecidos. É um processo delicado, que vai além de uma simples cicatrização. É um reencontro com feridas nossas que foram esquecidas, perdidas no tempo, enterradas sob camadas. No entanto, curar-nos não é apenas sobre nós mesmos, mas também sobre aqueles que vieram antes e que, através das suas histórias e escolhas, deixaram marcas invisíveis na nossa essência. Fazer as pazes com os pais, os avós, e todos os que moldaram a nossa herança emocional é um ato de coragem. É entender que eles, tal como nós, carregaram as suas próprias feridas, as suas próprias lutas e, muitas vezes, essas cicatrizes ecoaram nas gerações que se seguiram. Ao curarmos as feridas da nossa infância, não só libertamos a nossa própria alma, mas também honramos a dor e a resiliência dos que vieram antes. Cada passo nesta jornada é um mergulho nas profundezas de nós mesmos, uma desconstrução de padrões que se transmitiram por gerações, e uma oportunidade de transformar dor em compreensão, e sofrimento em sabedoria. Neste processo, descobrimos que a verdadeira identidade não é definida pelas feridas, mas pela capacidade de ultrapassá-las. A cura pessoal torna-se, assim, uma cura ancestral — um círculo que se fecha ao resgatar o amor, a aceitação, e a paz que muitos antes de nós talvez nunca tenham alcançado.
Nos novos caminhos que se abrem, existe a promessa de renascimento. A criança que há em mim e um dia se sentiu ferida, agora encontra espaço para florescer, para reconectar-se com a sua essência e seguir livre. E nessa liberdade, há um convite silencioso para honrar as raízes e seguir em frente com leveza, sabendo que a cura é, acima de tudo, um ato de AMOR — por MIM, pelos OUTROS, e por toda a LINHAGEM que me trouxe até aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário