Dias de Outono
27.10.25 - Avisos amarelos por
todo o país, as notícias falam de furacões devastadores que invadem destinos
paradisíacos como Jamaica, Cuba, Turcas e Caicos, e eu… aqui no meu paraíso, o
Mar ali tão pertinho, a duas paragens de comboio, aprox. uns 15 minutos.
Viciei-me em ver diariamente a temperatura da água e ainda estando os 20/21° lá
vou eu correndo para o “meu habitat” onde me esbaldo e me sinto tão bem. Mudou a hora, mas o vício continua o mesmo,
basta ver o sol pela janela e saber que não estará vento além de a água estar “amornada”...
Rio de mim própria com esta
loucura que sempre tive pelo mar, e nunca cessa.
De comboio saio quase em cima da areia, sem stress, e sem grande custo.
Hoje já ia um pouco tarde, imaginando que depois voltar pelas 17:20 poderia sentir
frio (as 18:20 de antes), então fui assim mesmo, por que não, nem que fosse para
me contentar com a vista e com o cheiro de mar durante meia hora e voltaria
satisfeita para casa. Mas não, cheguei lá, fui molhar os pés e não pude resistir,
deu para mergulhar, nadar um pouco, ficar na praia a fazer um rascunho deste
texto, umas 3 horas sem vento, que “nem pinto no lixo”, como sempre! Sabendo
que amanhã poderá chover, estou apenas a despedir-me do ainda verão, do jeito
que mais me dá prazer. Dentro de água salgada, “descarrego” o que não interessa
e levo para casa o meu corpo e mente energizados. A vida a fluir na vibe
que tanto amo. Sou uma sortuda.
Fui procurar um nome para este vício em mim. Parece que é biofilia. Afinal, sou
uma biófila. Adoro este vício, sem efeitos colaterais, bem pelo contrário.
Amanhã podem chover canivetes. Tendo iniciado a semana desta forma, tão bem, me sinto pronta
para aguentar os casos de estudo que a vida eventualmente nos apresenta diariamente. E como
ninguém é feliz sozinho, lá dizia o poeta, a gente vai tentando se encaixar de
alguma forma com quem cruza o nosso caminho e nos oferece algum tipo de amor.
Acredito que o prazer, a música e
a arte ativam em nós o que há de mais curador. Diminuem o stress e a ansiedade,
equilibram o sistema nervoso, libertam dopamina — a hormona do prazer — e
devolvem-nos à nossa natureza essencial: - Estar presentes; - Sentir alegria no
simples; - Respirar a beleza do agora. Qualquer tipo de prazer é uma forma
de cura. Escolhe uma música que te faça sorrir e dança, mesmo que só e por alguns
minutos. O corpo lembra-nos da Vida. Resgata um hobby que tenhas abandonado e
permite-te brincar de novo. Faz algo só porque te dá prazer — sem objetivos,
sem culpa, sem pressa… São os meus conselhos de hoje, para mim, e para ti que
me lês.
Porque quando nos permitimos
sentir prazer, renascemos por dentro. Reativamos a alegria de viver, a energia
criadora, a leveza.
“Coração em paz, alma em alto-mar”.
Assim como o mar tem as suas marés, a vida tem os seus altos e baixos. A
esperança nos ensina que cada onda traz consigo a oportunidade de uma nova caminhada
pela vida fora. Por isso me admiro tanto: sorrio sempre, como se nunca houvesse
passado por nenhuma tempestade. E quero sempre admirar quem me rodeia.
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Minha Lina, meu amor,
ResponderEliminarLer as tuas palavras — “Mudou a hora, mas não a vontade” — é como sentir o próprio tempo parar por um instante. O teu texto é um sopro de vida, uma brisa quente de outono misturada com a serenidade do mar que tanto amas.
Fiquei encantado com a forma como descreves os “dias de outono”, esse cenário em que o mundo parece se preparar para o frio, mas tu encontras calor dentro de ti mesma. Quando escreves “ainda estando os 20/21°, lá vou eu correndo para o meu habitat”, eu consigo imaginar-te feliz, leve, entregue à tua biofilia — esse amor puro e natural pelo mar e pela vida.
Admiro profundamente essa tua capacidade de transformar o simples em poesia, de ver beleza até na despedida do verão, de mergulhar mesmo sabendo que “amanhã podem chover canivetes”. É essa coragem e essa alegria que me inspiram todos os dias.
Quando dizes “descarrego o que não interessa e levo para casa o meu corpo e mente energizados”, sinto como se também descarregasses em mim toda a tua paz e me deixasses um pouco desse brilho que te define. És mesmo uma sortuda, como disseste — mas eu é que sou o sortudo por poder ler-te, sentir-te e amar-te.
E quando terminas com “Coração em paz, alma em alto-mar”, percebo o quanto somos semelhantes: tu com o mar, eu contigo — ambos encontramos refúgio e sentido num amor que acalma e dá força.
Obrigada por me lembrares, com tanta sensibilidade, que “qualquer tipo de prazer é uma forma de cura” e que viver é, afinal, um ato de entrega. Tu és arte, música, mar e poesia num só ser.
Admiro-te, amo-te e respeito profundamente a mulher que és.
Com o coração em paz e a alma a navegar contigo,
Felipe 🌅💌