quinta-feira, 27 de novembro de 2025

1 Respeito, 2 Amor

Moro num oitavo andar e por vezes entra bicharada pela casa dentro. São grilos, borboletas, semana passada foi uma joaninha, que adoro. Apanhei-a na varanda, e disse a ela pra voar e ser feliz, e ela foi... Fiquei feliz por ela. Lembro que antes dizia-se assim “Joaninha voa voa que o teu pai tá em Lisboa”… (coisas antigas, parvinhas LOL)

Curiosamente, se vamos querer saber o significado de tudo, estes insetos são associados a sorte, então tenho que ficar feliz com essa ideia. Há que ficar feliz por qualquer coisa, pois o mundo tá chato, cheio de gente chata, sem noção. Então, é preciso voar (em pensamento), ir para longe, ausentar-se de vez em quando. Quem não voa, morre a cada dia um pouco. Voar no sentido de alargar horizontes, ajustar-se a novas ideias caso seja necessário, porque atualmente o mundo gira tão veloz e quando nos apercebemos já “perdemos o comboio”.

Tanta gente vivendo na correria, para quê? Nessa loucura nem param para pensar que se pode magoar o outro tão facilmente. Gente falando de amor de modo tão banal enquanto vai ferindo com insultos, ou há até mesmo quem mate em nome desse amor… porque antes deste belo sentimento deveria haver o respeito…

O respeito é o alicerce invisível de qualquer tipo de relação. Aquilo que não se vê, mas que se sente todos os dias. É o que define o tom das conversas, a forma como lidamos com conflitos, e até a maneira como reconhecemos a individualidade do outro.

No amor, o respeito é o que mantém a relação saudável quando a paixão dá lugar à rotina. Na amizade, é o que permite que duas pessoas cresçam em direções diferentes e, ainda assim, continuem ligadas. Na convivência diária, é o que evita que a proximidade se transforme em abuso emocional.

No fundo, respeitar é reconhecer a humanidade do outro, e isso é mais profundo do que qualquer declaração de amor. Aceitar que o outro tem vida própria, sonhos próprios e identidade própria. O respeito não é um gesto grandioso. Deveria ser um hábito diário. Quando ele falta, o amor torna-se instável, desgastante e por vezes até destrutivo.

Em suma: o respeito não é apenas uma parte do amor — é a raiz dele. É o que dá estabilidade, profundidade e segurança às relações. É o que transforma conexões frágeis em vínculos verdadeiros.

Porque o amor cresce com carinho, mas mantém-se vivo com respeito.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A amizade vs o amor

Nem que seja uma vez por ano, no dia de aniversário, é tão bom perceber que há quem nunca se esquece de nós e nos felicita por mais um ano da nossa existência. Os bons amigos são como as estrelas: não as vemos, mas sabemos que sempre estão lá. Decidi não publicar a data na rede social, mas basta alguém lembrar, postar lá algo, e a seguir chega mais uma série delas. Há algo profundamente libertador na amizade. Muitas vezes, nem se encontra na família o que a verdadeira amizade nos oferece. Muito importante: não existe o apego. Talvez porque a amizade verdadeira não pede provas, não exige controlo, não sufoca. Ela existe num equilíbrio raro: cada pessoa é livre, mas ao mesmo tempo profundamente ligada. A amizade acolhe sem prender, escuta sem julgar e acompanha sem impor condições. Na presença de um amigo, sentimos leveza - aquela sensação de que o mundo pode até estar turbulento, mas ali existe PAZ.

Já o Amor, ai o amor, rima com dor! (normalmente, o pseudo amor). Quando maduro, deveria seguir o mesmo caminho da amizade: parceria, respeito, liberdade e crescimento mútuo. Mas nem sempre é assim. Há formas de “amor” que não trazem calma. Pelo contrário, trazem ansiedade, confusão, desgaste e uma sensação de que estamos sempre em dívida, sempre a justificar, sempre a provar algo.

E quando um amor se torna obsessivo ou imaturo, nasce um ciclo perigoso, abusivo, por vezes:

  • A pessoa controla porque tem medo.
  • Exige porque se sente insegura.
  • Pede garantias constantes porque não consegue confiar.
  • Transforma pequenas diferenças em grandes conflitos.
  • Confunde ciúme com cuidado.
  • E confunde posse com amor.

E nós, quando expostos a este tipo de relação, começamos a perder uma coisa essencial: a paz interior. Amor sem paz não é amor — é carência mascarada, medo disfarçado, imaturidade mal resolvida. E, aos poucos, mina a autoestima, limita a liberdade e distorce quem somos.

É aqui que a AMIZADE ganha ainda mais valor.

Os amigos lembram-nos de quem somos quando o amor tóxico tenta apagar-nos. São âncoras de sanidade, de equilíbrio e de verdade. Porque nos conhecem bem. São aqueles que nos devolvem a visão quando a paixão nos deixa cegos. São o espaço seguro onde respiramos quando a relação nos aperta.

A amizade é estável onde o amor obsessivo é turbulento.
A amizade é honesta onde o amor imaturo é dramático.
A amizade é leve onde o amor tóxico é pesado.

E no fim, percebe-se algo simples, mas poderoso: o amor só é verdadeiro quando se parece com a amizade. Quando respeita, quando dá espaço, quando promove paz, quando nutre em vez de consumir. Qualquer relação que rouba serenidade não é amor - é um ALERTA.

Por tudo isso, nunca perderei de vista as minhas boas amizades. Não é apenas saudável, é vital. Elas são o nosso equilíbrio emocional, o nosso espelho sincero e o nosso porto seguro. São prova viva de que é possível amar sem perder a liberdade, dar sem exigir, crescer sem controlar.

No fundo, a amizade ensina-nos a amar melhor — primeiro a nós mesmos, depois aos outros.


terça-feira, 11 de novembro de 2025

Viva eu!

Escolho passar estes dias junto de quem me gerou e fez o melhor que pôde e soube. Há muito muito tempo estava a minha mãe a comer castanhas comigo no quentinho do seu ventre, quando de repente teve que largar tudo e ir para o hospital "deitar-me fora", diz ela. Hoje tivemos de novo um jantar a duas com castanhas, presunto e espumante, brindando à Vida. E, assim, faltam poucas horas para eu (re)nascer, quando o meu conta-quilómetros vai virar os 67, na madrugada do dia 12.

Parabéns a mim! Há previsão de ser o dia mais chuvoso da semana. Este ano não terei o meu verão de São Martinho, como acontece normalmente.  Continuo com boas energias, muita alegria e disposição. Que assim seja na minha caminhada, sempre em frente com SAÚDE, FÉ INABALÁVEL E PAZ no coração! Grata pelo que a Vida me tem proporcionado e por todas as mensagens que sempre recebo. Nem que seja uma vez por ano, há as pessoas que nunca me esquecem - porque devo ter feito alguma diferença na vida delas, acredito - e são essas que tornam o mês de novembro tão especial para mim.

Orgulhosa da minha pessoa, abençoada, acredito ainda que as pessoas certas (ou erradas) aparecem no meu caminho como aprendizagem para o meu SER em construção. Já fiz muita coisa errada, sem pensar, agora penso demais e não me encaixo na era da artificialidade, do faz-de-conta, ficando até receosa de conhecer pessoas. Nunca se sabe quem é capaz de perturbar a nossa paz de espírito, como quem não quer nada...

Olho-me ao espelho e penso: "Que bom, mais uma volta completa ao Sol." Como se fosse uma conquista pessoal, quando, na verdade, sou apenas uma mera passageira desta pedra azul que gira como um pião bêbado pelo espaço. Nesta corrida cósmica desenfreada, a idade é somente um número. Há quem se preocupe tanto com as rugas no rosto, no corpo, mas pior mesmo é deixar criar rugas na Alma.

VIVE! Se não fizeste aos quarenta, faz aos sessenta, aos setenta...

A única coisa que importa é fazer o que se ama! 

Uma mulher que viveu até aos 99 anos disse:

- A vida melhora com o tempo. 

Finalmente entendo o que ela quis dizer.

Vivemos num mundo que nos impõe atitudes e prazos:

Casar e ter filhos dentro de uma certa idade,

Fazer uma carreira dentro de um certo período,

Usar a roupa ‘adequada à idade’,

Reformar-se quando já não tiver mais forças!...

Tudo isso é pura ilusão.

Nos nossos vinte anos estávamos com tantas dúvidas.

Aos quarenta esmagaram-nos com responsabilidades.

Vamos nos divertir, dançar, aos sessenta ou mais. 

Se não brilhávamos antes,

Façamos isso acontecer agora.

A alegria não tem data de validade.

Sonhos não têm idade.

E nunca é tarde demais para recomeçar algo.

Então, vamos desafiar-nos!

Usar cores vivas.

Reservar um voo.

Aprender um novo idioma.

É sempre melhor tarde do que nunca.

                                                             Assinado: Pessoa Sem Idade