quinta-feira, 13 de novembro de 2025

A amizade vs o amor

Nem que seja uma vez por ano, no dia de aniversário, é tão bom perceber que há quem nunca se esquece de nós e nos felicita por mais um ano da nossa existência. Os bons amigos são como as estrelas: não as vemos, mas sabemos que sempre estão lá. Decidi não publicar a data na rede social, mas basta alguém lembrar, postar lá algo, e a seguir chega mais uma série delas. Há algo profundamente libertador na amizade. Muitas vezes, nem se encontra na família o que a verdadeira amizade nos oferece. Muito importante: não existe o apego. Talvez porque a amizade verdadeira não pede provas, não exige controlo, não sufoca. Ela existe num equilíbrio raro: cada pessoa é livre, mas ao mesmo tempo profundamente ligada. A amizade acolhe sem prender, escuta sem julgar e acompanha sem impor condições. Na presença de um amigo, sentimos leveza - aquela sensação de que o mundo pode até estar turbulento, mas ali existe PAZ.

Já o Amor, ai o amor, rima com dor! (normalmente, o pseudo amor). Quando maduro, deveria seguir o mesmo caminho da amizade: parceria, respeito, liberdade e crescimento mútuo. Mas nem sempre é assim. Há formas de “amor” que não trazem calma. Pelo contrário, trazem ansiedade, confusão, desgaste e uma sensação de que estamos sempre em dívida, sempre a justificar, sempre a provar algo.

E quando um amor se torna obsessivo ou imaturo, nasce um ciclo perigoso, abusivo, por vezes:

  • A pessoa controla porque tem medo.
  • Exige porque se sente insegura.
  • Pede garantias constantes porque não consegue confiar.
  • Transforma pequenas diferenças em grandes conflitos.
  • Confunde ciúme com cuidado.
  • E confunde posse com amor.

E nós, quando expostos a este tipo de relação, começamos a perder uma coisa essencial: a paz interior. Amor sem paz não é amor — é carência mascarada, medo disfarçado, imaturidade mal resolvida. E, aos poucos, mina a autoestima, limita a liberdade e distorce quem somos.

É aqui que a AMIZADE ganha ainda mais valor.

Os amigos lembram-nos de quem somos quando o amor tóxico tenta apagar-nos. São âncoras de sanidade, de equilíbrio e de verdade. Porque nos conhecem bem. São aqueles que nos devolvem a visão quando a paixão nos deixa cegos. São o espaço seguro onde respiramos quando a relação nos aperta.

A amizade é estável onde o amor obsessivo é turbulento.
A amizade é honesta onde o amor imaturo é dramático.
A amizade é leve onde o amor tóxico é pesado.

E no fim, percebe-se algo simples, mas poderoso: o amor só é verdadeiro quando se parece com a amizade. Quando respeita, quando dá espaço, quando promove paz, quando nutre em vez de consumir. Qualquer relação que rouba serenidade não é amor - é um ALERTA.

Por tudo isso, nunca perderei de vista as minhas boas amizades. Não é apenas saudável, é vital. Elas são o nosso equilíbrio emocional, o nosso espelho sincero e o nosso porto seguro. São prova viva de que é possível amar sem perder a liberdade, dar sem exigir, crescer sem controlar.

No fundo, a amizade ensina-nos a amar melhor — primeiro a nós mesmos, depois aos outros.


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