quarta-feira, 15 de julho de 2015

Tempo. Dinheiro. Simplicidade.


Tenho estado ausente. Falta-me tempo. E tempo é coisa que não devia faltar-me. Sinto-me a desempregada mais ocupada do planeta. Estava com saudade da minha escrita, hoje tenho que escrever algo, acerca do TEMPO, por exemplo.

Alguém disse “A má notícia é que o tempo voa. A boa notícia é que você é o piloto.” Eu tento pilotar o meu da melhor forma, sempre atrás de resolver coisas que são necessárias, para mim ou para outros, e sem desperdiçá-lo. Procuro viver sempre a favor do tempo, pois sei que perder tempo é desperdiçar a vida e correr contra o tempo é maltratar o coração.

Não posso negar que o desemprego é preocupante, especialmente quando se vive numa sociedade que nos faz ficar velhos antes do tempo e ainda temos tanta energia para dar e vender. Mas este tempo de “dolce far niente” em que vou procurando um trabalho que me satisfaça e me recompense a nível monetário tem sido muito útil para evoluir como pessoa, estar mais atenta ao meu EU e ao mundo que me rodeia.
E penso: valerá a pena andar a escravizar-nos para ter algum dinheiro ao fim do mês? Sim, é necessário algum para as necessidades básicas, casa, alimentação, pagar contas… mas muitas pessoas vivem a correr e nem tempo têm para pensar em si e no que andam a fazer neste mundo. Tanta gente com um emprego ruim ou mais-ou-menos, chegam a casa sem paciência para mais nada nem ninguém, é triste essa maneira de viver, anos e anos. O ideal seria ter um trabalho que se adora e que acaba por ser uma extensão natural de quem somos, que nem pareça trabalho e nos dê satisfação. E há pessoas felizardas nesse aspeto, poucas mas há.

E onde/como encontrar algo que nos preencha a nível profissional hoje em dia? Também… tentar algo inovador já não é tão simples assim, há de tudo e em toda a parte, além de haver poucos incentivos. Sinto que não farei nada sozinha, quem dera ter alguém que alinhasse comigo em algum projeto interessante. Quem sabe!... o tempo…

Evito colocar demasiada ênfase no dinheiro, tento é compreender o que quero fazer, que projeto, e trabalhar nesse sentido com concentração, determinação e fé. Não ver pela ótica do dinheiro, ver antes pela ótica do projeto. Sei que “o dinheiro não pode comprar a felicidade, mas pode com certeza ajudar-nos a procurá-la nos melhores lugares”. (David Biggs)
Porém, se nos concentramos no receio da falta de dinheiro, rouba-nos a energia e dificilmente ele aparecerá, então prefiro atentar na beleza de cada dia que nasce, contar as minhas bênçãos, sentir gratidão e trabalhar na direção daquilo que me vai guiando, e a satisfação das minhas necessidades surgirá pelo caminho…  

"O bom do caminho é haver volta. Para inda sem vinda basta o tempo." (Mia Couto in Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra.)

Enquanto isso, estou a trabalhar na simplificação da minha vida emocional, um passo de cada vez. E desta forma a minha vida física também se torna bastante simples. Nas minhas andanças pela vida fora, desde que fui arrancada do lugar ao qual me habituei até aos 17 anos (linda Angola de outrora) - nunca me sentindo enraizada na própria cidade natal - começo a por em causa a importância dos pertences. Carrego comigo alguma roupa e é tudo. A posse de bens leva-nos a sentir terrivelmente sobrecarregados. Andar à deriva dá-nos uma enorme liberdade, porém, até esta tem o seu preço. Tudo na vida tem um preço. Às vezes surge aquela vontade de parar, “regressar à base” e ficar quietinha, que se lixe o mundo. Quero é paz e sossego. Mas parar é morrer. 

É preciso ter coragem para levar uma vida verdadeiramente consentânea com o nosso coração, e não aquela que os outros esperam dela. 

Continuamos, as minhas roupas e eu, em busca de algo que me faça sentir viva, permito-me e opto por ser FELIZ, e se puder contribuir para a dos outros, melhor ainda!

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