sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Vida passa, sem contar


Entre os 40 e 50 anos de idade foi quando começou a "viver de verdade", sabendo que podia aprender mais e mais e sentir o que era melhor para ela, em todos os aspetos. Foi justamente por volta dos 40 anos que decidiu ingressar no ensino superior, levou algum tempo a concluir o curso porque, além de trabalhar e entretanto ficar desempregada, outras complicações surgiram mas, fosse qual fosse o tempo necessário, chegou ao fim e com uma boa média: 16.
Sentiu muito orgulho de si mesma, ainda que ninguém o tivesse testemunhado. Sozinha, sabe ficar alegre e rir às gargalhadas, ou triste e chorar como uma madalena, é capaz de atirar os foguetes, fazer a festa e apanhar as canas, não há qualquer problema. A vida vale a pena, tudo serve como aprendizagem, tanto o que é bom como o que é ruim. E é desta forma que vai vivendo, ao sabor da maré.

No seu íntimo, desejava um dia mudar-se para longe da cidade grande, até podia ser na aldeia, algo que nunca teria passado pela sua cabeça antes, era citadina demais. Mas a vida dá muitas voltas, e a nossa cabeça também. A idade muda-nos as vontades, mesmo sem contar.

E agora lá está ela numa cidade pequena, à beira-mar (melhor ainda) e ao lado de uma vila pitoresca onde, através de uma "bolsa complementar" ao subsídio de desemprego, vai colaborando diariamente, em regime de trabalho temporário, com a junta de freguesia local. É um lugarejo pacato à beira-mar/rio onde vive muita gente estrangeira; ela anda rua acima e abaixo, sente com prazer os aromas da natureza, escuta os diferentes idiomas que por si passam ou das pessoas que falam nos alpendres das vivendas, convivendo tranquilamente, e fica a pensar "um dia também quero morar aqui!"... sabe-se lá, a vida dá tantas voltas...

Afinal tudo foi acontecendo, sem se dar conta, até ir ali parar; estão quase a completar-se 10 meses e ainda lá está, feliz da vida, sentindo que aquela bem podia (e pode) ser a sua terra. Filha de nenhures, considera-se uma cidadã do mundo, qualquer lugar é bom e lindo para ela viver, desde que se sinta bem, faça ou mantenha boas amizades e tenha o mar ao lado, claro.

Quem diria, daqui a poucos anitos estará a comemorar os 60 anos, como é possível? ainda quer dançar/pular até de madrugada; comprou uma prancha para pegar ondas no mar; sempre em atividade, quer namorar muito, ser feliz...

A vida ficou mais bela depois de tomar consciência de que para sermos felizes temos que ter a liberdade de ir à luta, em busca daquilo que sonhamos. 
Sem essa liberdade, tornamo-nos prisioneiros dentro de nós mesmos e seremos pessoas sempre angustiadas, amarguradas, eventualmente com um trabalho que não nos agrada e um caminho que não nos interessa, e ficamos apáticos em relação à vida.

Se não nos arriscamos em busca da nossa liberdade, corremos o risco de terminar a nossa passagem pelo planeta Terra sentados à beira de um caminho que outros traçaram para nós.

E depois... "perder-se também é caminho" (Clarice Lispector)

3 comentários:

  1. Pode até ser - - - passa sem contar - - - mas há coisas, pessoas, sítios, causas, ou até e simples momentos, que não se esquecem e que tal como sempre foi dito...É A VIDA,,,,, então QUE SEJA SEMPRE...... Gostei da PROCURA, já da verdade, estou como dizia o outro HÁ 3 - a minha - a tua - e a VERDADE-..... continua na PROCURA e aproveita BEM o BÃO que vai acontecendo......

    ResponderEliminar
  2. Arriscar nem sempre é perder. Abraçar o sonho é um riso. Mas vale a pena.

    ResponderEliminar
  3. Arriscar nem sempre é perder. Abraçar o sonho é um riso. Mas vale a pena.

    ResponderEliminar