quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Calimerices


Tenho umas fases de calimera que até eu não me aguento. E tenho noção de que isso acontece justamente quando me dá para andar a “cuscar” as redes sociais. Por isso se diz que, se quiser ter uma vida ZEN, ignore-as...
Bloquear certas pessoas só porque me apetece, me deu raiva, ou porque me enjoaram, não faz parte dos meus planos; teria que acontecer algo muito mais grave para chegar a esse ponto… Porém, continuar a vê-las, deslumbradas, hipócritas, ou a postar coisas que não combinam com elas, não sendo a realidade, é dose! Dá vontade de ir lá deixar um alerta “hey fulano/a, se queres mostrar uma realidade que não é a tua - a tal “fake life” - então bloqueia primeiro as pessoas conhecidas” (rs) ninguém aguenta!

Chega a causar repulsa, mas não as bloqueio. Resisto, vou rindo, e continuo a assistir de camarote ao circo da vida moderna (a da FL)…
Na verdade, não é fácil ter que banir pessoas da nossa vida, com as quais já vivemos uma história (pequena ou grande), seja ela de amor ou de amizade. Trata-se de uma tarefa penosa, mas será igualmente difícil se tentarmos manter uma relação com sentimentos que não são verdadeiros ou que não nos fazem bem… Dessa forma, se em nada nos acrescenta, o melhor é deixar ir... Cada macaco no seu galho, ou cada calimero no seu galinheiro!

Mas não há que desanimar, existe um mundo cheio de lugares para visitar, pessoas para conhecer, sabores para experimentar e momentos para viver… para quê perder tempo e energia com aquilo que não interessa mais. Felizmente, o Universo é perfeito, inteligente, de repente colocando no nosso caminho novas pessoas ou outras coisas valiosas, que nos alegram.

Falando em Calimero, adoro essa figurinha, que bem podia tornar-se um ícone da sociedade portuguesa…rs… Se bem me lembro, a personagem inventada pelos irmãos Pagot era um pintainho negro, doce e inocente, nascido numa família de galinhas brancas; era a personagem mais pequena e indefesa do seu mundo, mas a quem a fragilidade não impedia de se queixar da injustiça da sua posição. Era o símbolo do ingénuo, do inconformado, do rebelde, que se pergunta e protesta porque é que o mundo tem de ser assim, pois na sua mente guarda uma imagem mais bela do que esse mundo pode ser.
Às vezes represento essa personagem, também. Todos nós, em certos períodos da vida, somos atacados pela síndrome do calimero. Uns pela vida toda, outros vão passando por algumas fases. Isso sempre existiu, talvez agora salte mais à vista. 
Não dá para ficar imune, pois vivemos em tempos cínicos, ou seja, sabemos que o mundo não funciona, mas conformamo-nos a ele na esperança de conseguir algumas migalhas… 
Normalmente o cínico despreza o calimero por este não se ter habituado a ser oportunista, tal como ele próprio. Mesmo que isso perturbe o espírito de quem está de bem com a vida, apesar da calimerice, há que aprender a conviver com quem sofre dessa síndrome, à qual às vezes chamam de depressão… saber lidar com o drama, o horror, e outros teatros que tais. “Sobe-lhes à cabeça”, camufla-se na personalidade, entranha-se, distorcendo-a, quando há uma autoestima exagerada, ou complexo de inferioridade. 
Traduz-se numa de sede de poder, de visibilidade, de brilhar mais alto do que todos os outros, de preferência à custa da desgraça alheia, e não pela existência de qualidades próprias. Ânsia de se ser mais do que realmente é, sem ter que fazer grande esforço, pois... quem não gosta de receber o mérito, a aceitação, o reconhecimento, de modo fácil?... Verter lágrimas de crocodilo também costuma funcionar, sensibiliza sempre os mais sensibilizáveis… 
Tal como as doenças normais de infância, a síndrome acaba por desvanecer-se com o tempo, não se pode é alimentar a loucura de tanta gente com frustrações e vida emocional mal resolvida. 
Além disso, convém ter em conta que os transtornos de personalidade são muito mais frequentes do que se possa imaginar e, por vezes, as alterações psiquiátricas para o leigo reduzem-se às depressões e psicoses de onde ressai a bipolaridade. 
Muita psicopatia por aí, desde aqueles que estão no poder e nos governam ou dominam, até ao simples mortal que vive ao nosso redor… Todo o cuidado é pouco!

“Analise todos os seus relacionamentos. Alguns não são conexões da alma, como à partida se pensa erradamente. Não passam de ligações que você cria para preencher vazios na alma originados pela baixa autoestima, medos e solidão. Mudanças (para melhor) requerem uma elevação do seu amor-próprio antes de encontrar o Amor.” (Oracles of Neteru Guidance Readings)

Calimera, a Rebelde

sábado, 16 de novembro de 2019

Procura-se

Estava cansada. De desilusão atrás de desilusão. Gente que parece uma coisa e depois é outra, o lado exterior que encanta (às vezes) mas o interior está destrambelhado, ou vazio. Cansada de dar pérolas a porcos. De dar murro em ponta de faca. Parece até carma, encontrar só quem faz sofrer seu coração sensível e maltratado. Até na própria família, sem afetos, só há gente estranhíssima. Mundo cada vez mais doente, ou ela sensível demais? Talvez por isso, chorava à toa, mas cada vez menos... 
Tudo tem um motivo para acontecer, há quem diga, então não pode é deixar-se abater. Felizmente, a tristeza dura pouco. A vida segue, e ela, a sentir-se MARavilhosa. Com vontade de rir, brincar, cativar… gosta de seduzir e ser seduzida… 
Pode enganar bem quem for desatento, mas gosta muito de ficar em casa, longe do ruído e da maluqueira geral. Não acha que isso seja defeito, é opção mesmo. Nem toda a gente gosta de sair amiúde para se embebedar e fingir que tem uma vida baseada em nada! Se sair uma vez por semana já fica feliz. Só para desanuviar. Não se importa também de receber visitas e poder conviver em clima mais intimista.

Mulher-felina, ela (como eles, os felinos) gosta de tirar uns bons cochilos (basta ficar parada algum tempo); precisa de ser amada; fica farta de aturar a m.… dos outros; adora uns lanchinhos; às vezes fica a fim de matar alguém; engraçadinha, tranquila, mas com vontade de brigar quando enchem o saco dela…
Detesta, ou cada vez suporta menos, alimentar falsidade, discursos negativos ou de vitimização, gente rude ou sem modos, com muito bla-bla-bla mas sem atitudes, mitómanos ou megalómanos. Ama pessoas sinceras, autênticas, tal como ela. Cada vez mais desconfiada de quem dela se aproxima. Raramente as pessoas são o que parecem à primeira vista. Com o tempo vai descobrindo quem merece ficar. E ficam poucos, mas bons. 
A dor que a magoa é a mesma que a ensina. Cada vez mais desapegada, sozinha (apesar dos pretendentes, é verdade...) - há momentos em que gostaria de encontrar alguém especial! Já dizia o poeta “é impossível ser feliz sozinho”...e teve a ideia de colocar um anúncio para encontrar “o tal”: aquele que vai gostar dela, verdadeiramente, fazendo tudo para dar certo. Acredita no conceito de que a alegria compartilhada proporciona uma felicidade maior, que a construção e a realização das coisas boas só acontecem em comunhão.

E o anúncio era assim:
"Sou uma mulher de bem com a vida, independente, muito caseira, bem resolvida emocionalmente. Após algumas tentativas frustradas de relação amorosa, PROCURO um companheiro de verdade, igualmente uma pessoa livre e bem resolvida, que saiba amar, respeitar, com sensibilidade para entender-me, seja gentil, com sentido de humor, além de culto e inteligente, bom caráter, educado, sexy, boa companhia, e que saiba o que quer da vida. Ah e que esta seja bem vivida, com alguma qualidade, de preferência."

Ninguém respondeu… Entretanto, ela acordou para a realidade. Tudo não passava de um sonho. Claro, queria demais para o mundo em que vivia. 

“ELA” é imperfeita, mas é de verdade…

terça-feira, 12 de novembro de 2019

O tempo tem asas (12/11)

Mais um ano passando, e quase me apetecia ignorar este dia... mas "é tanga!"... Mesmo sem o facebook avisar (alguém se queixava, mas desta vez eu quis assim) logo de manhã comecei a ter mensagens escritas e telefonemas de pessoas que me querem bem, não se esquecem nunca, ainda que uma ou outra fale comigo apenas uma vez por ano. Há pessoas que me surpreendem, pela positiva, me mimam, e eu amo isso. Adoro surpresas (boas)... o resto é fake, não faz nem nunca fez falta, felizmente... 

“Tô nem aí” pra aniversário - sou pessoa sem idade. Apenas um ano mais esperta, ou com um pouco mais de inteligência. Não sei se entrei na primeira, terceira ou quarta idade. Apenas SOU. E celebro a Vida todos os momentos de cada dia, se eu quiser. Hoje mesmo, o dia nasceu maravilhoso, ensolarado, só pra mim. Eu mereço. E adormeci com lua cheia. Que mais posso querer?... 
Este ano decidi presentear-me (e à minha mãe) com duas semanas de termas. Estou em modo ZEN: é hidromassagens, é duches Vichy, banhos de lamas, e outros mimos que merecemos.
SINTO-ME GRATA
- por tudo... e agradeço a todos os que me acompanham e ajudam  a transformar-me no ser humano que sou e serei
- também às pessoas que, por algum motivo, tive que excluir da minha vida, pois contribuíram para a minha aprendizagem
- pela fé no caminho e pela liberdade de escolha 
- pelo meu amor próprio e pelo amor dos que me amam 
- pelos sonhos e pela coragem de os fazer acontecer 
- pela luz que me guia e por nunca desistir de levar essa Luz 
- por tudo o que foi e por tudo o que ficou 
- pela paz de saber aceitar e de continuar 
- por acreditar sempre na grande lição que a Vida vai me ensinando: “quando é bom para mim, para a minha paz, para o meu coração, o mundo inteiro conspira a meu favor.”
Acredito que viver uma vida feliz não é uma questão de sorte, é uma questão de escolha; da coragem que é preciso ter para ir atrás do que nos faz feliz. E da coragem, ainda maior, que é preciso ter para largar o que nos magoa.

Não faço grandes planos, mas basicamente tenho alguns:
- cuidar de mim, não me perder, não me esquecer,
- não me deixar levar por alguma dificuldade da vida,
- cuidar do meu coração, ouvi-lo sempre primeiro,
- procurar amor em todas as coisas e em todas as pessoas,
- não permanecer em lugares (e com pessoas) sem luz,
- dar mais valor às coisas e às pessoas bonitas, as que são simples, sem jogos, sem reticências, sem filtros, e saber escolher as que merecem ficar…

happy me end 2019 (61)
Não me lamento por envelhecer. Só tenho pena de viver num mundo onde tenho que (à partida) duvidar das pessoas, que escrevem sobre o amor (ou falam dele) como se soubessem o que é isso. Pois...há até quem mate e diga “foi por amor!”, não é assustador? 
Porém...a vida é um presente que nem todos temos o privilégio de desfrutar. Acumulando emoções, suspiros, tropeços, aprendizagens, prazeres e sofrimentos, por isso, em si mesma, ela é maravilhosa. Vale a pena, e também por isso é imprescindível aproveitar cada momento, fazê-lo nosso, fazer com que seja mais importante a vida dos anos do que os anos de vida.
O que realmente importa é CRESCER porque, no final das contas, fazer aniversário é inevitável, mas envelhecer é opcional. E só envelhecemos quando paramos de nos divertir…
https://www.youtube.com/watch?v=HFgi79BbrxI&list=RD0UCWcFo57pk&index=3
Sinto-me um SER em construção, agradecendo todos os dias pelas pequenas (grandes) coisas da vida. Não posso queixar-me. Tenho vivido na tranquilidade que desejo e preciso, fazendo novos conhecimentos, mantendo a mente e o coração abertos a novas ideias e pessoas na minha vida. Vivo com intensidade, aprendendo com os próprios erros e reconhecendo que, às vezes, o coração não precisa de ter alguém, apenas precisa estar em paz. Tenho ensinado, aprendido, tento organizar-me sozinha, e sei que outras aventuras animarão os meus horizontes. Continuo no caminho, mesmo que nem sempre em linha reta. A vida segue, e eu também: sigo em frente, sem olhar pra trás...talvez seja esse o meu segredo!

Tenho um lado que acredita em finais felizes, e não desisto de sonhar. Como o sonho de uma flor que deseja engravidar de um beija-flor … Parabéns a mim!

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

FB ou FL

Redes sociais - pros e contras
Às vezes dou comigo a inventar, que o FB bem podia chamar-se FL (Fake Life)… tanta gentinha (que até conhecemos bem) com frases tão lindas e fotos, poses, caras e caretas a todo o momento, mostrando uma felicidade que não existe – quase tudo fake - que até dá dó ver tanta carência por aí, tanto desespero em mostrar "olha eu, produto apetecível"...precisam disso para compensar o que lhes falta… 
Dá dó ver como há tanta gente débil mental, deslumbrada, e nem se dá conta; é algo assustador para quem ainda mantém certo equilíbrio na vida, ou pretende manter.

Dou comigo a pensar se devia largar as redes sociais... se estas são boas ou más para o bem-estar mental da humanidade, neste caso, do meu (claro), que prezo muito… Às vezes dá tanta repulsa que só apetece acabar com tudo, e ignorar o mundo doente.

Observando a parte positiva:
São boas no sentido em que nos podemos ligar facilmente a outras pessoas, algumas incríveis e que até conhecemos, de várias partes do mundo (de outra forma não seria possível estar sempre em contacto); pessoas que admiramos ou que nos inspiram... encontrar outras que igualmente buscam uma troca de companhia… eventualmente até podem ser feitas amizades online e receber apoio bem real…

Posso distrair-me ao ler coisas interessantes, ver arte em todas as suas formas, partilhar emoções também… às vezes até pode ser um canal de informação, em primeira mão, quando fico a saber que houve um sismo e nem dei conta...e outras novidades pelo mundo fora.

O lado menos bom:
Criam um vício, como se fosse uma droga, e têm o potencial para assumir o controlo da nossa vida; eu, por exemplo, se me sentir isolada ou ‘desconsolada’ facilmente me ponho a navegar nas redes sociais durante horas, e na verdade nem sei por que o faço quando há tantas outras coisas mais produtivas que poderia estar a fazer… (justamente por isso, há que traçar limites, saber gerir a qualidade dessa perda de tempo… ao interagirmos socialmente com algo ou alguém de valor, para bem da nossa sanidade)…
Reparo que há quem tenha o vício doentio (acho eu) - virou tique - de andar sempre a olhar o telemóvel, imagino que quem for solteiro (e não só) tenha uma lista de pretendentes e espera algum programa…tal é o interesse, só pode! 
A mim já me apetece com frequência largar o aparelho longe, sem o stress das respetivas notificações, desligar-me do virtual e concentrar-me no mundo real. Conseguir gerir este aspeto é a chave para não sentir-me também "adoecer"…

Como tudo na vida, as redes sociais podem ser fantásticas, se bem geridas, de maneira que o lado bom seja superior ao lado mau. Para trabalhar, fazer publicidade, mostrar vídeos em direto de algum evento importante, gargalhar, pesquisar sobre comportamentos...depende do intuito de cada usuário, e assim realça o melhor e, ainda com maior frequência, o pior da humanidade. 
Qualquer ferramenta usada de forma errada pode ser perigosa, mas se a usarmos da forma correta pode ter resultados incríveis. Então… viva a FL!

“Deram-nos espelhos e vimos um mundo doente”