sábado, 14 de dezembro de 2024

Passeio em noite de lua cheia

Vamos percebendo que as pessoas são como os livros, alguns cheios de magia e encanto, outros vazios. Uns nos enganam pela capa, enquanto outros surpreendem pelo conteúdo. Encontramos certas pessoas e, em tão pouco tempo de convivência, é como ler uma sinopse. A seguir, estamos ansiosos para compreender o livro/a pessoa por inteiro. Cada um com a sua devida importância. Por outro lado, alguns livros deixamos pela metade, enquanto outros devoramos intensamente. No final, o que vale é mesmo uma boa história, quer seja romântica, dramática, triste, misteriosa, infantil, complexa... Tenho andado longe de livros, e de pessoas também. Sim, tenho tendência para isolar-me. Não porque não goste de pessoas, mas porque o mundo, com o seu ritmo frenético, esgota-nos: o barulho incessante, as multidões apressadas, e as conversas que, muitas vezes, são tão básicas. Isolo-me porque prefiro estar só do que rodeada de pessoas com quem não partilho a mesma vibração, o mesmo compasso da alma. Não é que os outros sejam menos interessantes ou dignos, nada disso. Somos apenas diferentes. As nossas sensibilidades movem-se em tempos distintos, e está tudo bem assim. Com o passar dos anos, tenho me tornado mais consciente de quem sou, do meu caminho e do que não estou disposta a carregar. Tenho compreendido que a solidão, para mim, não é um vazio, mas uma presença — um encontro íntimo comigo própria, onde o silêncio é reconfortante como um abraço. O mundo tem muito para oferecer, sim, mas também tem imensos ruídos que podem afastar-nos da nossa essência. A ignorância, a inveja, a competição desenfreada, as distrações constantes... é fácil perder o rumo. Por isso, escolho a minha bolha de paz, seja em casa, num canto tranquilo, ou no meio da natureza. É nesses espaços que reencontro a minha serenidade, onde o melhor de mim floresce no silêncio que escolho. Quase pareço antissocial, mas não. Apenas aprendi a respeitar a minha sensibilidade e a necessidade de equilíbrio. Ouço, acolho, ajudo sempre que puder, de coração aberto. Mas, depois, preciso de regressar ao meu refúgio interno, ao lugar onde me restauro. E, se alguma vez dedicar o meu tempo a alguém, não será por solidão ou por necessidade de preencher vazios. É porque escolhi, de forma consciente e verdadeira, estar com esse Alguém. Num passeio junto ao mar, a noite de lua cheia inspirou-me. Ela, a Lua, espelhada sobre o mar permitia-me ver a praia toda e as ondas a beijarem suavemente a areia. Tive vontade de filmar, fotografar, mas não. Além da definição da câmara do meu telemóvel não ser grande coisa à noite, um dia tudo se perderá. O que fica gravado na alma, isso nunca! Ainda era cedo, os bares ainda vazios, e alguns restaurantes felizes com os jantares de natal. Podia ter ido ao do ginásio, mas preferi não ir, talvez para o ano. Ainda mal convivi, comecei há 15 dias no novo ginásio, que estou a gostar muito. Na maioria dos lugares, a dança e animação começam pela meia-noite e vai até de madrugada. Pena. Não consigo esperar, vou embora. Boa noite.

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