terça-feira, 28 de outubro de 2025

Mudou a hora, mas não a vontade...

 

Dias de Outono

27.10.25 - Avisos amarelos por todo o país, as notícias falam de furacões devastadores que invadem destinos paradisíacos como Jamaica, Cuba, Turcas e Caicos, e eu… aqui no meu paraíso, o Mar ali tão pertinho, a duas paragens de comboio, aprox. uns 15 minutos. Viciei-me em ver diariamente a temperatura da água e ainda estando os 20/21° lá vou eu correndo para o “meu habitat” onde me esbaldo e me sinto tão bem. Mudou a hora, mas o vício continua o mesmo, basta ver o sol pela janela e saber que não estará vento além de a água estar “amornada”...

Rio de mim própria com esta loucura que sempre tive pelo mar, e nunca cessa.
De comboio saio quase em cima da areia, sem stress, e sem grande custo.
Hoje já ia um pouco tarde, imaginando que depois voltar pelas 17:20 poderia sentir frio (as 18:20 de antes), então fui assim mesmo, por que não, nem que fosse para me contentar com a vista e com o cheiro de mar durante meia hora e voltaria satisfeita para casa. Mas não, cheguei lá, fui molhar os pés e não pude resistir, deu para mergulhar, nadar um pouco, ficar na praia a fazer um rascunho deste texto, umas 3 horas sem vento, que “nem pinto no lixo”, como sempre! Sabendo que amanhã poderá chover, estou apenas a despedir-me do ainda verão, do jeito que mais me dá prazer. Dentro de água salgada, “descarrego” o que não interessa e levo para casa o meu corpo e mente energizados. A vida a fluir na vibe que tanto amo. Sou uma sortuda.
Fui procurar um nome para este vício em mim. Parece que é biofilia. Afinal, sou uma biófila. Adoro este vício, sem efeitos colaterais, bem pelo contrário.
Amanhã podem chover canivetes. Tendo iniciado a semana desta forma, tão bem, me sinto pronta para aguentar os casos de estudo que a vida eventualmente nos apresenta diariamente. E como ninguém é feliz sozinho, lá dizia o poeta, a gente vai tentando se encaixar de alguma forma com quem cruza o nosso caminho e nos oferece algum tipo de amor. 

Acredito que o prazer, a música e a arte ativam em nós o que há de mais curador. Diminuem o stress e a ansiedade, equilibram o sistema nervoso, libertam dopamina — a hormona do prazer — e devolvem-nos à nossa natureza essencial: - Estar presentes; - Sentir alegria no simples; - Respirar a beleza do agora. Qualquer tipo de prazer é uma forma de cura. Escolhe uma música que te faça sorrir e dança, mesmo que só e por alguns minutos. O corpo lembra-nos da Vida. Resgata um hobby que tenhas abandonado e permite-te brincar de novo. Faz algo só porque te dá prazer — sem objetivos, sem culpa, sem pressa… São os meus conselhos de hoje, para mim, e para ti que me lês.

Porque quando nos permitimos sentir prazer, renascemos por dentro. Reativamos a alegria de viver, a energia criadora, a leveza.

“Coração em paz, alma em alto-mar”. Assim como o mar tem as suas marés, a vida tem os seus altos e baixos. A esperança nos ensina que cada onda traz consigo a oportunidade de uma nova caminhada pela vida fora. Por isso me admiro tanto: sorrio sempre, como se nunca houvesse passado por nenhuma tempestade.  E quero sempre admirar quem me rodeia.


quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Tempo de sobra, tão bom

Na cidade onde vivo há um pavilhão gimnodesportivo municipal bem pertinho de casa. Voltei ao Pilates, duas vezes por semana, e nos restantes 5 dias ainda posso dar-me ao luxo de ir dar uns mergulhos no mar enquanto está bom tempo.

No primeiro dia, ainda com tempo, antes de entrar para a sala, fiquei a apreciar as crianças a praticarem andebol no recinto desportivo. Aquele barulho das bolas a baterem na quadra fizeram-me recuar no tempo, quando em Angola o meu pai treinava os atletas no Sporting de Benguela, e mais tarde quando casei com um também basquetebolista, e ia assistir aos jogos. Foram anos a ouvir aquele barulho. E pensei que sou um caso de estudo. Sempre vivi no meio do desporto e nunca soube as regras de nenhum, apenas estava lá por estar e nunca me interessava por perceber as jogadas. Sou mesmo estranha, uma alienada, nunca me interessando a fundo pelas coisas, deve haver uma explicação para isso, se eu fizer algum tipo de terapia. 

Longe de ser perfeita, até me rio de mim própria. Não me arrependo de nada, mas podia estar na vida bem melhor, se me esforçasse para tal. Admito que sou preguiçosa, comodista. Olho para trás e é apenas o meu passado, tentando agora estar mais atenta, fazer as coisas certas e reconhecer as pessoas que poderão trazer ou acrescentar algo de especial à minha vida, para compensar, pois antes também não soube fazer as escolhas adequadas à minha pessoa.

Sou um caso de estudo, e atraio outros casos de estudo. Vou assim estudando a Vida.

Pilates ontem. Um mergulho no Mar hoje. O Sol. O Amor. As Amizades que valem a pena. A vontade de estar Feliz. Ser Grata por tudo o que tenho… 

A vida é bonita, porque eu a faço assim.

(o mar me inspirou a escrever assim hoje)

Almas bonitas se reconhecem e se atraem. Se a pessoa for genuína acabará por encontrar as pessoas certas ao seu redor, cada uma no tempo certo."



domingo, 21 de setembro de 2025

Dias de Setembro

 

Dia 21/9 Hoje - Dia Mundial da Gratidão

Quero escrever sobre a gratidão que é uma das forças mais poderosas do universo. Quando agradecemos, a nossa vibração eleva-se e nós nos tornamos um íman para coisas boas. Em vez de focar no que nos falta devemos concentrar-nos no que já temos e podemos ver a nossa realidade mudar. A gratidão abre portas para novas oportunidades e atrai abundância, felicidade e equilíbrio espiritual, além de fortalecer a nossa conexão com o Universo e o nosso propósito de vida.
É preciso ter cuidado com o costume de reclamar por tudo e por nada, conheço muita gente assim. Quando reclamamos, estamos literalmente a clamar ao Universo para enviar mais daquilo que nos incomoda. Quanto mais focamos no problema mais energia estamos a dar-lhe; em vez disso, usemos o nosso poder mental, emocional e espiritual a nosso favor. A palavra AGRADECER vem de “deixar a Graça descer”, ou seja, quanto mais gratidão sentirmos, mais bênçãos chegarão até nós. Sejamos um íman de coisas boas focando no positivo, e veremos algo mudar. Amém! Sou grata todos os dias, e não me queixo. Imensamente grata pelo meu percurso de vida, com afetos e desafetos, amores, desamores e outras dores. Tudo tem servido para ter orgulho na pessoa que me tornei e também em quem vale a pena e sempre esteve em conexão comigo, de longe ou de perto.

Setembro, para mim um mês perfeito, tem algumas datas marcantes. Além do onze de setembro que ficou triste e tragicamente lembrado em todo o mundo, outras duas vou citar a seguir.

20/9/1975 - Recorda a minha mãe que nesta data chegámos à metrópole com o nome de retornados, ela com 4 filhos menores, eu a mais velha ainda com 16 a caminho dos 17 anos de idade...Fez agora 50 anos... O pai ainda ficou algum tempo no ultramar pensando que as coisas poderiam eventualmente melhorar, até que teve que fugir um dia no último avião que disponibilizaram para quem não quisesse lá morrer no meio de uma guerra estúpida. Viemos com algum dinheiro escondido que depois nada valia aqui, e na obscuridade acerca de um futuro incerto, depois de 13 anos na linda cidade de Benguela, Angola. Mas felizmente tudo se vai ajeitando na vida, aos trancos e barrancos. Muitos se deram bem porque souberam desvencilhar-se, outros (como os meus pais) pouco conhecimento tinham para saber ir atrás dos apoios concedidos. A vida continuou, com a ajuda de Deus e de pessoas boas.

26/9/2015 – Fazendo dez anos que alguém com quem partilhei 9 anos de vida em comum, e que podia ser tão valioso para o mundo, decidiu partir para outra dimensão, a da paz, que não encontrava aqui na vida terrena.

Não sei se esqueci alguma outra data importante neste mês, penso que não. Ah sim, minha amiga irmã Cris fará aniversário dia 26/9, também. Amo ela e é um sentimento recíproco. Carpe Diem!


quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Filhos pródigos

Chega um certo momento na vida em que uma pergunta nos assalta em silêncio: fui um bom filho ou filha? A resposta, porém, não vem fácil quando se cresce em famílias onde nunca houve diálogo verdadeiro, apenas ruídos de acusações, silêncios pesados ou palavras ditas sem escuta. É como procurar um reflexo num espelho partido — vemos fragmentos, nunca a imagem inteira. Talvez tenhamos dado amor, mas sem nunca saber se foi entendido ou recebido. Talvez tenhamos sido obedientes, mas sem nunca sentir reconhecimento. E ficamos nesse limbo: como medir a bondade de um filho quando a casa nunca foi lugar de encontro, mas de desencontro?

Num lar disfuncional, as palavras não circulam para unir, mas para ferir, ou então não circulam de todo. Crescemos sem referências claras, sem a certeza de sermos vistos, e assim também sem saber como fomos recebidos. Fomos bons filhos? Ou apenas peças de um jogo em que ninguém conhecia as regras?

Muitos de nós carregamos uma culpa silenciosa, como se tivéssemos falhado em dar algo que nunca nos foi pedido de forma clara. A criança que fomos aprendeu a sobreviver, a calar para não ferir, a obedecer para não perder migalhas de afeto. E, mais tarde, o adulto olha para trás e pergunta se deveria ter feito mais — sem perceber que já tinha feito o possível dentro do impossível.

Ser bom filho não é apenas cumprir expectativas invisíveis, mas poder crescer num espaço de amor, escuta e reconhecimento. Quando esse espaço não existe, a pergunta já nasce viciada: como ser bom num terreno onde a semente nunca foi regada? Talvez o problema não esteja em nós, mas na ausência de um solo fértil.

Chega um tempo em que percebemos que a resposta não está no passado, mas no presente. Ser bom filho talvez seja, no fim, não repetir a violência, não propagar o silêncio, não deixar que a dor herdada determine quem somos. Ser bom filho pode significar libertar-se da necessidade de aprovação e criar, em nós e nos que amamos, a família autêntica que nos faltou.

Eu não deixo descendência, mas sei que se tivesse tido filhos, eu tentaria dar a melhor educação com afetos e baseada na autenticidade de cada ser gerado - sem ousar querer medir tudo pela mesma bitola - dando a hipótese de argumentação e chegar a uma (ou mais) conclusão unânime e compreensível para todos, numa constante reciprocidade de aprendizagem, porque ninguém nasce ensinado, obviamente, nem pais nem filhos. Nenhum de nós!  

 (foi só um desabafo, um momento introspetivo, vulnerável)


Filosofar o Amor

Quando dois estranhos se amam, o que pode acontecer?

Quando dois estranhos se encontram por acaso, tudo parece improvável. Não há um destino marcado, apenas a vida a correr normalmente, até que, por alguma razão ainda misteriosa, dois seres se cruzam e decidem não mais soltar-se, primeiro com certa relutância de uma das partes. Neste mundo com tanta anormalidade, e insanidade mental, todo o cuidado é pouco.

Foi assim com ele, rapaz jovem e estrangeiro que chegou a uma terra algarvia, trazendo na mala a memória do seu país e a inquietação de quem ainda procura um lugar ao sol. E foi assim com ela, uma mulher madura do Norte que, ao longo da vida, foi se reconstruindo com raízes fortes e a coragem necessária, e ainda alguma Sorte, num lugar onde o mar e o céu se juntam e têm a cor mais azul.

O que pode acontecer quando dois estranhos desejam amar-se, além de todos os preconceitos que ainda possam existir num mundo nitidamente em decadência? Talvez o que Aristóteles chamava de “philia” – “(…) É um amor virtuoso, baseado na reciprocidade, na igualdade e em valores compartilhados, distinto de amores mais passionais ou naturais. Para Aristóteles, a philia é fundamental para a felicidade e para o desenvolvimento da virtude, representando a relação entre amigos que se apoiam mutuamente no viver. Porém, nesta amizade amorosa, poderá haver também eros, desejo e química, há também o pathos, essa intensidade emocional que nos arrasta. Kierkegaard dizia que o amor verdadeiro é sempre um salto no escuro, um risco. E não é isso que vivemos? Arriscar amar alguém que não conhecemos totalmente, confiar na entrega, ainda que com medo das sombras do passado e das dúvidas do futuro.

A psicologia ajuda-nos a compreender: quando dois estranhos se apaixonam, projetam no outro aquilo que falta em si mesmos. Ele, estrangeiro, carrega a sede de pertença. Ela, mulher nortenha a viver no Sul, talvez ainda carregue a coragem de abrir espaço para o inesperado ou o improvável. Encontram-se assim no meio da carência e da abundância, como espelhos que se desafiam e completam.

E, no entanto, há poesia: - para ele, amá-la é como descobrir um porto seguro no meio da viagem. É como se o vento do Atlântico soprasse certezas, mesmo quando tudo dentro dele é tempestade. Ela é casa e desencontro, é mistério e clareza, é silêncio que acalma e palavra que provoca. Com tão pouco tempo, ele diz amá-la tanto. Não porque entenda todas as razões psicológicas ou filosóficas, mas porque nela encontra algo que nenhum tratado consegue explicar: a experiência viva do amor. Escreve para ela lindos textos de amor, praticamente todos os dias quando está ausente, e isso tanto a surpreende. Reconhecendo que o amor pode surgir em qualquer idade, não há primeiro nem último, apenas há o Amor que, quando puro e sem maldade, é a base da felicidade de qualquer ser humano.

Como diria Platão, o amor é um “daimon” — algo entre o humano e o divino, uma ponte. E ele sente que entre eles essa ponte já está construída, mesmo que ambos estejam ainda aprendendo a atravessá-la sem medo.

Um medo que provoca nela um “ir com calma e cuidado, sem stress”, a vida é para se ir vivendo, apreciando cada instante como se fosse o último. E ele tem muita pressa, como se o mundo fosse acabar amanhã. E, se acabar, foram felizes “para sempre” enquanto durou, tendo vivido o que era para viverem. Parece que ela emana e persegue o amor desde sempre, e agora ama o amor daquele jovem que, ainda com um pequeno currículo amoroso, e curiosamente mal sucedido, deseja de qualquer maneira entrar de cabeça em algo que desafia a “normalidade”… Mas… por que tudo e todos têm que seguir o que é banal, ou normal, seja lá o que isso for.

No fundo, quando dois estranhos se amam, o que acontece é simples e ao mesmo tempo imenso: deixam de ser estranhos. E passam a ser história.

A história intensa, estranha ainda, mas de amor recíproco entre Felipe e Lina 😊- Almas em construção

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Desapego emocional

O tempo, a vida, têm me ensinado a desapegar quando é necessário, em prol da minha saúde mental. Aprendo que o amor à distância é possível e evita sofrimento quando se trata de relacionamentos tóxicos, isso a nível familiar, amoroso ou mesmo na amizade. Continuamos a ter amor no coração, mas seguimos o nosso caminho, na solitude e de consciência tranquila, e sabendo que quando emanamos boas vibrações elas nos serão devolvidas em forma de algo bom que nos acontece. Existem presentes que não são embrulhos, mas vêm em forma de gente, que sentimos como família, aquela que escolhemos. Gente que mostra o verdadeiro sentimento, chega, transforma, cuida, e ensina que amar é o maior privilégio da vida.

Amar alguém especial é como descobrir um pedacinho do céu aqui na terra. É acordar com propósito, é ter para quem voltar, é saber que o coração tem casa. O amor verdadeiro não se compra, não se força. Ele constrói-se, cultiva-se, vive-se. Amar de verdade é o maior presente que a vida pode dar-nos. Tudo tem um tempo para acontecer. A vida é feita de ciclos e alguns são difíceis, mas a nossa luz interior é capaz de guiar-nos. 

Por vezes, as respostas da vida demoram, mas é garantido que chegam. Cedo ou tarde, a tempestade há-de ir embora e dará lugar ao sol. Confiar em Deus ou no Universo é tudo, porque Ele sabe o que faz e o que desfaz. Cair, lutar, recomeçar, e também aprender a desistir do que dói ou que não serve mais. Porque a felicidade, às vezes, está em desistir… não de nós, não da Vida… mas de algumas situações ou pessoas que nada acrescentam, ou até poderão atrapalhar.

É estranho, numa era tecnológica, com telemóveis que se tornaram autênticos apêndices humanos - pois ninguém anda sem eles - mesmo assim muito raramente alguém liga para saber “Como vais… Como estás…Há quanto tempo!"… Passa um ano ou mais e a ausência prolongada nota-se. As pessoas que nos estimam de verdade nunca se esquecerão do nosso aniversário, ao menos isso, uma vez por ano! Anda tudo tão ocupado a fazer nada ou a ocupar-se de futilidades… Porém, nas redes sociais cusca-se à vontadinha a todo o momento... É o que é e aprende-se a aceitar tudo. Uma realidade é evidente e assustadora: muita gente enganadora por aí, ou a bater mal da moina, e não nos apercebemos facilmente, há que estar atento e ter cuidado! Salve-se quem puder.



quinta-feira, 31 de julho de 2025

Entrando a gosto


AGOSTO: um mês quente que enche as praias, para quem não se importa com a multidão no areal, ou para quem só pode ir de férias nesta altura, infelizmente. Quem puder escolher, melhor fugir para locais mais frescos e tranquilos, áreas verdes com cascatas e riachos. Eu que amo o mar, talvez a temperatura da água vai começar a melhorar, pois tem estado fria nas últimas semanas, e tenho me controlado, à espera de setembro.
Agora posso dizer que estou a gosto na vida, desde 12/6/2025...uma data super esperada, quando finalmente pude acabar com as idas para um "trabalho" insípido; agora posso levar uma vida de gata, de papo para o ar, fazendo simplesmente nada, ou ir à praia e ao ginásio sempre que quiser. 
Tempo de "reset" nas emoções, tempo para viajar e visitar amigas que me convidam para ir vê-las após tanto tempo sem tempo para nada, quando esperava os curtos fins de semana que sabiam a pouco.
Fui duas semanas a Gotemburgo na Suécia, a convite de uma amiga que lá vive há muitos anos. Que cidade linda, de 20/6 a 5/7 ainda apanhei um ou outro dia cinzento, com chuva, mas nos dias de sol era um prazer poder caminhar pela cidade toda, mesmo com vento, apreciar a juventude animada a dançar na praceta para animar os transeuntes; eu sempre com o nariz no ar apaixonada pelos belos edifícios ao longo de extensas avenidas, com jardins imensos por todo o lado, que convidam a ficar na sombra, ou a tomar banhos de sol, para quem gostar ou puder. Os suecos precisam muito de sol, são uns dois meses no ano que devem aproveitar bem. O meu quarto dava para um desses jardins e logo de manhã via alguns e algumas já de calção ou biquini a tomar sol durante horas. Jardins são a praia deles, tão interessante. E pude visitar museus, ver manifestações pela rua, ou sentar na pastelaria para degustar uma doçaria diferente, sabores fantásticos que amei. Os famosos rolos de canela (kanelbullar), os de tamanho normal e os gigantes, tamanho familiar, tão bons que viciam. Mas os preços (OMG) não são para o bolso de qualquer turista. Enquanto em Portugal é ainda possível comer um bolo e tomar um café ou galão por €2.50 aprox., lá paga-se quase 10€! Em Copenhaga, ao lado (4h de comboio ou autocarro), ainda é mais caro. 
Mas valeu muito a pena apreciar outra cultura, a nórdica. Pude sentir a qualidade de vida do povo sueco, apesar de tudo o que se diga quanto à atualidade política, mas que afinal acontece a nível mundial.
A gosto voltarei lá em outra época, a natalícia por exemplo, caso haja condições para tal - primeiro, tem que me sair o Euromilhões LOL. Aproveitar para passear também por Copenhaga, ou ir a Oslo de comboio... Quem sabe, descobrir se existe um lado viking na minha ancestralidade... Fico a imaginar como será a linda cidade de Gotemburgo no natal, enfeitada de luzes por todo o lado e ver as pessoas a confraternizar alegremente naqueles bares chiques, onde vão aquecer o corpo e a Alma.
Quem tem boas amizades tem tudo...Imensamente grata!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Viva o Amor, o real!

Assim como há o "amor" abusivo - muitos casos que sabemos - com certeza existe o amor de verdade, que vamos reconhecendo com os sinais que o tempo nos dá.

Reconhecer um amor de verdade pode ser desafiador, mas há sinais claros que o distinguem de uma paixão passageira ou de um relacionamento baseado em interesse, carência ou hábito. E valerá a pena um reset (nova tentativa) se ambos estiverem com disposição para isso, mostrando indícios de um amor verdadeiro:

- A presença genuína. A pessoa está ao teu lado nos bons e maus momentos, mesmo quando não tem nada a ganhar com isso. O apoio é constante, mesmo em silêncio ou à distância.

- Paz em vez de ansiedade. Um amor verdadeiro traz tranquilidade, não insegurança ou dúvidas constantes. Há confiança mútua, sem necessidade de provar amor o tempo todo.

- Aceitação real. A pessoa conhece os teus defeitos, falhas, manias… e ainda assim escolhe ficar. Não tenta mudar quem tu és, mas apoia o teu crescimento pessoal.

- Comunicação aberta, sincera. Existe espaço para conversas honestas, mesmo sobre temas difíceis. Há escuta ativa e respeito, sem jogos ou manipulação emocional.

- Equilíbrio e reciprocidade. Ambos se esforçam e cuidam um do outro. O amor não é uma via de mão única; há partilha emocional, tempo e energia.

- Paciência e compromisso. E compromisso não é apego, o doentio, há quem confunda. Um amor verdadeiro aguenta fases difíceis e não desiste com facilidade. A pessoa está disposta a crescer contigo, mesmo quando algo estragou o “brilho” inicial, mas é possível superar.

- Admirar e respeitar. Tão importante (para mim) a admiração mútua, pelas qualidades do outro, e não apenas a atração física. Existe respeito pelas escolhas, opiniões e liberdade de cada um.

- Continuidade com profundidade. Com o tempo, o amor amadurece e se torna mais profundo, não apenas rotineiro. A conexão emocional cresce, e não depende apenas da paixão inicial.

VIVA O AMOR, que faz falta.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Love yourself

Quando é que a gente reconhece que está a ficar velho, uma pergunta pertinente e quase filosófica. A gente não fica velha assim de repente, mas há sinais sutis (e outros bem engraçados) de que talvez começamos a notar a chegada da maturidade ou da "velhice":

1. Quando começamos a dizer:

“Na minha época…” ou pior: repetindo conselhos que os nossos pais nos davam e jurávamos que nunca faríamos isso.

2. Quando o corpo começa a mandar recados:

  • Dormir de forma errada, supostamente, e andar com dor no pescoço durante 3 dias.
  • Olhar ao espelho e ver um rosto a ficar diferente, e partes do corpo.
  • Só de pensar em sair à noite dá cansaço.
  • Achar que uma sexta ideal é pizza + sofá + silêncio.

3. Quando já não reconhecemos as músicas novas e dizemos frases do tipo “A letra das músicas de hoje não presta para nada…” e começamos a ouvir playlists de “hits dos anos 70, 80 ou 90” que agora são consideradas nostálgicas. Começar a sentir falta da forma como víamos o mundo antes de sabermos tanto sobre o que se passa agora…

4. Quando começamos a valorizar o que antes era chato

  • Dormir cedo/domingos tranquilos em casa/cuidar de plantas/tomar chás para tudo/economizar para fazer o que se gosta, incluindo tratamentos estéticos, tratar do corpo e da mente…

A verdade é que a velhice não tem a ver só com idade, mas com a forma como vemos o mundo. Há gente de 60, 70 que é mais leve e aberta do que muitos de 25. E vice-versa. Uma resposta honesta será: sabemos que estamos a ficar velhos no minuto em que paramos de gostar de viver.

Há uma famosa frase de Mark Twain: "A maioria dos homens morre aos 27 anos, nós apenas os enterramos aos 72". Porquê? Porque eles param de viver e continuam a existir. Eles envelhecem. Eles não trabalham apenas para viver... eles vivem simplesmente para trabalhar e poder ter dinheiro, com uma vida de stress, muitas vezes a dar cabo da saúde, mental e física. É por isso que tantos morrem pouco tempo após a reforma.

As crianças VIVEM! Experimentam o dia a dia, o agora, naturalmente e sem antecipar o amanhã. Quantos adultos aguardam ansiosamente os próximos anos? E veem os seus melhores anos para trás, então, eles param de viver e envelhecem.

Tenho a idade que tenho e sou grata por cada minuto de vida. E ainda vejo os meus melhores anos pela frente! Nunca parem de viver! Fiquem vivos e nunca se tornem "velhos"!



sexta-feira, 11 de julho de 2025

Com o Amor, todo o cuidado é pouco

Está difícil acreditar no ser humano, no Amor. Sim, porque acredito que todos somos feitos de amor. Em princípio, devíamos todos ter nascido dele, mas claramente nem sempre é assim. Muita gente vem ao mundo fruto do acaso, ou porque simplesmente aconteceu, foi um deslize… “Foste TU que criaste as minhas entranhas e me teceste no seio da minha mãe. Eu te louvo, porque me fizeste maravilhosa; são admiráveis as tuas obras; TU me conheces por inteiro” (Sl 139,13-14). Recentemente encontrei uma amiga que já não via há muito, parecia apreensiva enquanto me confidenciava que tem vivido uma experiência amorosa fora do normal. Ela agora numa fase de ter tempo para aproveitar o melhor da vida, enquanto houver saúde, e sem aparentar a idade que tem, com espírito jovem ainda pronta para ir dançar, ir a concertos, enfim, sempre apaixonada pela Vida, há cerca de nove semanas conheceu por acaso numa curta formação gratuita sobre comunicação um rapaz aprox. 36 anos mais novo (!) que parece ser uma mente inteligente além de super ocupado com várias atividades que escolheu para passar o tempo e ganhar dinheiro. Parece que ele se encantou (do nada) e nunca mais a largou, queria ser amigo, acompanhá-la sempre que ela quisesse ter companhia, mensagens escritas a todo o momento, um “amor” que foi se manifestando quando a convidava para sair, e queria pagar, apesar de ela dizer que as contas deviam ser divididas e ele dizia para não se preocupar, “não tinha o que fazer ao dinheiro”; não era de sair com os da idade dele, nada de noitadas, não tinha grandes gastos, e gostava de pessoas mais velhas, talvez fossem mais sossegadas, enfim, uma série de coisas que ia dizendo e ela se encantou também, como uma pessoa daquela idade era tão diferente do normal, e ia analisando a situação, que entretanto evoluiu para um amor a dois, sem pensar em consequências. (Quem sabe, teria algum papá que mandava dinheiro, imaginava ela.) Para nenhum dos dois, a diferença de idade seria um empecilho, pois, o que é isso comparado com toda a maldade e estranheza que há pelo mundo, com gente que muda de sexo ou adota bonecos como filhos, os bebés reborn…alguém poderá ter alguma moral para falar dos outros, sério? Mostrou-me fotos dos dois e até ficavam bem juntos, e felizes, não parecia nenhuma aberração, de facto. Ele gostava de cuidar dela, assim dizia, "até que a morte os separe"... insistia num relacionamento sério para assumi-la perante todos; dizia que falava aos colegas da sua namorada; também ela ainda falou dele ou apresentou-o a algumas pessoas amigas ou conhecidas, uma aconselhou muito cuidado, outras diziam “por que não, aproveita enquanto é bom, vai vendo o que acontece”. A química sexual era boa, também… até que a tal intimidade começa a gerar ciumeira ou controlo doentio, quando quer 'desenterrar' os ex dela, ou os amigos na rede social incomodam, como se fosse agora possível apagar historinhas do passado ou mais do que um casamento vivido, ou anular amizades sadias, sem mais nem menos… Enfim, começou a ficar deprimente para ela ter que se chatear com esse tipo de futilidade, a ponto de querer que ele se afastasse. Mas não, ele insistia numa amizade (que já não era, ou nunca foi), continuava a pagar tudo como se fosse endinheirado, ou €€ estariam sobrando; às vezes ela dava-lhe o dinheiro a seguir, e ele devolvia o valor com transferência por MBWay, parecia um ping pong de euros para lá e para cá. Outras vezes ela encontrava dinheiro transferido e nem sabia do que se tratava, tudo estranho assim, dava que pensar. Estaria ele comprando o “amor”, de amiga, namorada, mãe ou avó (?)... Entretanto, ela tinha que ausentar-se para uma viagem agendada com uma amiga, durante 15 dias. Teve a infeliz ideia de deixar-lhe uma chave de casa porque ele pediu que queria ir uma vez ou outra para lá, estar sossegado a estudar, porque na casa que partilhava com um colega não havia sossego com gente a entrar e sair, e outras coisas. Ela acreditou e aceitou que ele ficasse no seu “santuário” (como ele chamava a casa dela) durante os quinze dias. Falavam todos os dias, e o controlo continuava cerrado mesmo à distância. Se ela por acaso falasse que ia talvez sair ou dançar com a amiga já ouvia comentários ridículos do tipo “queres é andar a curtir com outros, és muito livre" (ou algo do género), "na tua idade devias era estar em casa, a ler um livro, ver TV ou dormir cedo...” e algo mais que denotava desconfiança, desassossego, algum tipo de transtorno… Para ele, a liberdade dela incomodava, era a pomba gira que gosta de encantar e sair com todos… Como magoava ouvir isso, nem podia acreditar no que estava acontecendo, e ela começava a desencantar-se. Nada na vida é o que parece. Aquele “amor” agora parecia doentio, obsessivo. Desde quando ela tinha que aturar este tipo de comportamento? E ouvia quase todos os dias “desculpa” “vou melhorar” te amo, te amo, te amo, e ela a desesperar, a desconfiar cada vez mais que algo não ia bem no “reino do amor” e merecia bem melhor naquela idade. Como foi se meter numa situação daquelas? Quando voltou de viagem, chegou a casa e logo percebeu que muita coisa tinha mudado de lugar, tudo tinha sido vasculhado a pente-fino: caixas, caixinhas, pastas, fotos, documentos, portátil, pen drives que nem ela já sabia onde estavam... foi uma primeira deceção que a deixou abalada, zangada com ela própria, por ser tão ingénua e confiar em alguém que mal conhece, mas que ilude tão bem com muito blablabla amoroso, e textos tão bem escritos como verdadeiras odes ao amor, como era possível? Será amor isso de vasculhar a intimidade de alguém, comprar coisas desnecessárias para a casa e deixar o frigorífico com quilos de carne e outras comidas e bebidas que ela nem aprecia, ou nem come tanto assim, para tudo ser doado a seguir (se possível isso), ou ir para a lixeira, porque ela precisa de espaço para colocar lá o que realmente gosta. O que será então a porra do amor!? Não seria respeitar, cuidar bem do alheio, ter sensibilidade para o que o outro vai gostar ou detestar… E lá vinha de novo “desculpa, vou fazer melhor”, até o dia a seguir quando ele lhe mostra e informa que tinha trazido montes de tralha em sacos enormes para guardar em casa dela pois ia ausentar-se em breve, para uma viagem de trabalho. Ela nem podia acreditar no que via, sem qualquer consentimento ou aviso prévio! Tinha a casa atulhada, quando tantas vezes já se via aflita para encaixar e organizar os seus próprios pertences. Aquilo era caso de polícia, só podia. Invasão de domicílio deve ser isso, como quem não quer nada! Foi uma grande e feia discussão, pois na sua ideia de amor e intimidade de nove semanas, ele achava que tinha todo o direito de fazer qualquer coisa sem pedir autorização. Ela sentiu-se abusada, desrespeitada, insultada, porra para o amor daquela maneira. Mandou-o tirar tudo dali e ir embora. Ele ainda pediu para deixar guardado ao menos o que era mais importante, porque na volta não sabia ainda onde iria ficar. O colega ia embora e deixar a casa. Ah OK. Ela comecou a entender tudo, podia estar a acontecer ali uma mudança sub-reptícia. E que grande lata, ele ainda se sentia a vítima, muitas vezes. A namorada é que era a pessoa fria, sem sentimentos, não o amava tanto como ele a ela!... Na discussão acesa ela ouviu mais absurdos, aquilo que se diz com a intenção de magoar, que mais parecem insultos, e ainda aproveitou para pedir de volta o dinheiro gasto com ela! Aí foi o "fim da picada"... Afinal, aquilo era um investimento financeiro no “amor”, até se endividava por ela se necessário fosse, ou então não valia a pena gastar o dinheiro que afinal nem tinha, se ela não aceitasse “tanto amor” que ele oferecia… Nada disto soava a normal. No dia seguinte ela soube que ele tinha sido levado para o hospital, passou mal, sofre do coração. Assim esta amiga tem vivido um pseudo amor, um verdadeiro drama em vários atos, penso eu. Fiquei chocada, inacreditável esta história. Como a carência das pessoas pode adoecer o amor, que devia ser sublime. Ela estava triste, dececionada. Agiu de boa fé, confiou, e depois sofreu com isso. Lição aprendida: nunca deixar ninguém em casa, no seu mundo, quando se ausentar. Entendi, quem aguentaria assim este excesso de “amor”? Eu não. O amor com o qual sonho, e essa amiga também, é de outro tipo, nada a ver com isso. Perguntei se ia estar com aquele “amor” quando voltasse, não tinha ideia ainda, mas nada provavelmente voltaria a ser a mesma coisa. Ninguém se transforma depois de adulto e de traumas vividos. Além disso, há um fosso geracional entre eles, uma educação diferente. E (como eu) também ela nunca foi de ficar presa apenas pelo lado carnal... Bem melhor teria sido mesmo uma bela amizade, mas as pessoas preferem falar de amor, seja lá o que isso for.
As pessoas com quem namoras são o reflexo do quanto tu te amas a ti próprio”… 

“Não há como envolver-se sem um certo risco. Porque uma relação não nos dá certezas. 
O que podemos é dar uma chance ao amor, sem se esquecer de levar o amor-próprio connosco. 
Amar, mas amar com consciência. 
Amar sem deixar de colocar os limites necessários e sem esquecer-se daquilo que merecemos. 
É preciso muita coragem para abrir o nosso coração para alguém, mesmo correndo o risco de sair ferido, mas é aos corajosos que o amor pertence.” (Alexandro Gruber)