Tempo de alegria, de amor… e de reflexão
O Natal costuma ser apresentado como um tempo de luz, união
e esperança. Fala-se de alegria, de amor, de família reunida.
Porém, no mundo doente em que vivemos, nem sempre a realidade acompanha a
tradição. Há quem viva - ou queira viver - relações profundamente doentias,
mascaradas de “amor”.
Há relações em que a pessoa emocionalmente desequilibrada,
tóxica, transforma o que podia ser carinho em constantes ataques de “raiva”, confunde
amor com posse, ou cuidado com controlo. Inventa situações irreais, põe palavras na boca do outro, em suma, procura motivos para criar discussões,
usando insultos e linguagem de baixo nível como forma de domínio. Atira tudo à
cara, sem pensar. Destroça a paz do outro. E, logo de seguida, como num ciclo já ensaiado,
é capaz de chorar, vitimizar-se, dizer que ama, pedir desculpas, prometer que “não vai acontecer
mais”. Só que acontece sempre. Basta uma pequena frustração, um “não”, um
limite. Basta que as suas necessidades egocêntricas deixem de ser satisfeitas.
Quando já não é amor - é invasão. A pessoa tóxica,
incapaz de aceitar o fim ou a distância saudável, recusa-se a “largar o osso”. Insiste
em perturbar. Invade. Persegue. E a invasão vai além da relação: amigos e
familiares da vítima são também incomodados com mensagens e telefonemas, e nem conhecem a pessoa em questão. Contactos
esses que foram apanhados sem permissão. Trata-se claramente de violação da privacidade. Um abuso
emocional e psicológico. E o "amor" pode, sim, acabar em caso de polícia!
O Natal lembra-nos amor, mas amor não é isto. Amor não
sufoca, não ameaça, não controla, não manipula. Amor de verdade apenas confia
em si próprio e no outro, apenas isso - a confiança, a cumplicidade, tão necessárias e que é preciso construir. Falar assertivamente, e deixar o outro também falar. Evitar pedir desculpas repetidas porque amor não precisa de ferir para
depois tentar remediar.
Este texto é um lembrete de que ninguém merece viver num
ciclo de abuso só porque alguém promete “mudar”. Natal é tempo de luz - e, para muitos e muitas, essa luz começa quando têm a coragem de se afastar da
escuridão.
Amor é dor,
Amor é prazer;
O Amor faz viver,
Mas de tanto Amar posso morrer!
Amor é um sonho.
Amar é ilusão.
"Te Amo!" eu quero ouvir,
Mas se ouço, essas palavras soam falsas ao meu ouvido.
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