terça-feira, 15 de novembro de 2016

Um conto de natais...

Agora que passou mais um aniversário, sinto que fiquei um aninho mais interessante. Consigo sentir também alguma felicidade neste mundo caótico, pois o universo me tem brindado com tudo o que preciso ou desejo. Pode então começar a época (pré-) natalícia! 
Apetece-me citar um dos poemas mais lidos de José Luís Peixoto, do livro A Criança em Ruínas:

na hora de pôr a mesa, éramos cinco: 
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs 
e eu. depois, a minha irmã mais velha 
casou-se. depois, a minha irmã mais nova 
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje, 
na hora de pôr a mesa, somos cinco, 
menos a minha irmã mais velha que está 
na casa dela, menos a minha irmã mais 
nova que está na casa dela, menos o meu 
pai, menos a minha mãe viúva. cada um 
deles é um lugar vazio nesta mesa onde 
como sozinho. mas irão estar sempre aqui. 
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. 
enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.




E adaptá-lo a mim:
"na hora de pôr a mesa éramos seis: o meu pai, a minha mãe, os meus dois irmãos, a minha irmã dezasseis anos mais nova e eu. isso foi durante algum tempo, depois conheci a paixão, e à revelia dos pais "fugi" para o Brasil, não vi a irmã nem os irmãos crescerem, tornarem-se mulher e homens... depois, o meu pai morreu. hoje, na hora de pôr a mesa, somos seis, menos os meus dois irmãos que estão na sua vida e pouco ou mal comunicamos, menos a irmã mais nova que decidiu afastar-se da família e escolheu a vida que bem quis e ninguém conhece, sendo para mim uma 'perfeita' estranha, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. cada um deles é um lugar vazio na mesa onde já comi (ou não) sozinha em duas ou três noites de natal. mas irão estar sempre lá. na hora de pôr a mesa, seremos sempre seis. sem mencionar o sobrinho ainda menor, e a sobrinha já mulher e com companheiro, cada qual em sua vida. enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre seis..." 

E a vida continua, haja saúde (física e mental, claro) e paz de espírito!

(esta versão do poema dedico à família que me calhou na rifa, a quem desejo toda a felicidade do mundo, e que nunca lhes falte nada, como desejo para mim)
https://www.youtube.com/watch?v=8JyH8lsdgxA

Felizes Festas para todos e espalhem magia todos os dias!

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