quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Solidão não é um estado, é uma escolha!


      Parte dela começa a sentir uma espécie de… solidão? Está só mas não se sente só, então prefere pensar em solitude, é um sentir mais poético. A solidão é destrutiva, mas a solitude é edificante. Faz-lhe bem à alma desligar-se do mundo, contemplar as nuvens no céu ao cair da noite, as primeiras estrelas a aparecer, parar e apreciar a grande lua a espelhar-se no mar… enquanto passeia pelas ruas solitárias da pequena cidade à beira mar.
      Pode-se pensar que estar sozinho é sinónimo de infelicidade, tristeza, não realização da plenitude do nosso ser. No entanto, nada poderia ser mais errado, pois como diziam os antigos “a este mundo chegámos sozinhos e um dia vamos partir sozinhos.” 
      Habituou-se, e bem, a estar só. Aprendeu que não faria o menor sentido não ter uns minutinhos por dia só pra ela, para avaliar a vida, os seus objetivos, os seus sonhos. Praticamente seria como ir para um parque de diversões e não querer andar em nenhum brinquedo, com medo de tudo dar errado.
      Chega a casa e liga a TV, o rádio para ouvir música, ou mantém a rede social ligada. Algum barulho. Afinal, são essas as suas companhias diárias, e dessa forma poderá sentir “alguém por perto”...
      Nasceu no seio de uma família desestruturada, a todos os níveis, mas foi o que lhe calhou na rifa quando veio ao mundo, nada se pode fazer. Sem afetos familiares. Ninguém parece conhecer ninguém, assim sempre foi e nada vai mudar. 
      Portanto, é como se a sua solidão, ou solitude, fosse um estado, e não uma escolha. 
Quando festejava a conclusão do curso superior, estava sozinha. Quando adoece está só, deita-se e dorme, há-de passar. Quando chegam os aniversários, natais, fins de ano, já nem se importa… 
Na solitude tá-se bem… Importante é o que lhe vai na Alma. Afasta-se com facilidade do que lhe desagrada, ao mesmo tempo que também se envolve facilmente em encrencas. 
      Vivendo e aprendendo sempre, na faculdade da vida. Cansada de ver gente deslumbrada... mentes confusas, incoerentes...outras fingindo aquilo que não são e nem conseguem ser, ou pessoas que não se amam a si próprias e querem amar ou salvar o mundo – como? – gente estranha de algum modo, mas… pontapé daqui e dali, vai-se vivendo. 
      O individualismo instala-se, claro, como em todos aqueles que se sentem como ela, e assim caminha o mundo. Sendo honesta consigo mesma, nem pode queixar-se, afinal de contas: o que lhe roubam de um lado, o Universo compensará de alguma maneira. Por isso é feliz.

Um dia caminhando para o trabalho passou por uma linda casa, de cor amarela, cheia de SOL logo pela manhã, que tinha uma placa “vende-se”. Ficou encantada. Era aquela que queria, e como consegui-la? Jogar no euromilhões, só assim, claro! Jogou e ganhou muito dinheiro, o suficiente para ter aquela linda e solarenga moradia. Continuaria a trabalhar, para as despesas mensais. A partir de agora, já podia chamar as pessoas amigas para dividir com ela aquele grande espaço, ou mesmo familiares se aproximariam, quem sabe… Nada como ter uma casinha aconchegante, espaçosa, situada numa zona agradável, e poder partilhá-la, afastando assim a sua sensação de solidão… 
(despertou do sonho, acordada)

Claro que existem consequências de se querer estar sempre sozinho, como: não ter convívio social, não se dar uma oportunidade de ser feliz com outra pessoa, de viajar para outros lugares e de não conhecer algo que transforme as suas crenças em algo valioso para a sua própria felicidade.

No meio deste turbilhão de pensamentos e sonhos, é como se sente neste momento. Perdida entre sentir-se sozinha e estar sozinha. Tudo se mistura. Oh cabeça de mulher complicada!


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