sexta-feira, 31 de julho de 2020

Afetos que penetram

Contente porque hoje é sexta-feira. 
Dia de ‘soltar a franga’. Ah não, isso era antes (AC), agora muito cuidadinho, e de máscara!...

Mais um mês de julho que termina – este ano vai assim, super rápido, é pra esquecer - e a seguir mais um para entrar a gosto.
Esta agora fez-me lembrar uma novela - Roque Santeiro - que ficou na memória de muita gente. Passou pela primeira vez na televisão portuguesa em finais de 1987. Uma das personagens mais interessantes era o professor Astromar Junqueira que dizia “Posso penetrar?” sempre que batia à porta de alguém, e essa frase fazia ainda mais sentido quando ele visitava a 'casa da luz vermelha' - a Boite Sexus - gerida pela matulona Matilde. 

Para quem não viu a novela, ou já esqueceu, o prof Astromar tinha uma figura tipo Drácula: alto, sempre de preto, com um ar medonho. Presidia ao centro cívico Asa Branquense e era todo bem-falante, daí o "posso penetrar?" em vez de "posso entrar?”… Sempre que ele aparecia ficávamos na expectativa de saber se iria finalmente revelar-se, se à meia-noite ele ia transformar-se, ou não, em lobisomem. Na aldeia toda a gente dizia que sim, mas a verdade é que nunca ninguém tinha visto isso a acontecer.

E falando em penetrar, encontrei algo a propósito, parece divertido mas é sério:

MUITO CUIDADO AO PENETRAR UMA MULHER...
Não penetramos apenas com o pénis. Não tocamos apenas com as mãos. Não beijamos apenas com a boca.
No caso de penetrar, o que vale não é o tamanho e a espessura do órgão. O que vale não é a rigidez ou a força física.
Não é só a pegada que dá prazer. Não é só a duração que excita. Não é a alternância que traz a volúpia. Não é a quantidade que prova a virilidade.
De que adianta penetrar sem libido? É o afeto que preenche o pénis de tesão, que dá vida e que determina a medida da penetração.
Quando se tem desejo tudo funciona bem - e nem é necessária muita prática.
Não basta enrijecer. Não é de biologia que se trata. De nada adianta uma ereção sustentada num corpo autómato. Não é de técnica que falamos. Não nos referimos a mecânica.
Quem não sabe diferenciar um sexo afetuoso de um sexo desafetado?! Quem não sabe diferenciar um corpo excitado da frustração de um corpo frígido?!
É o sentimento que dá tesão. Qualquer pessoa - minimamente sensível - consegue perceber quando está afetando, ou não, e sendo afetada por alguém.
Nenhuma penetração pode prescindir do frisson de quem penetra. Sem afeto, é possível saber - logo nas preliminares - se o desfecho vai valer ou não a pena.
O afeto tem que chegar junto. A penetração só é satisfatória se o olhar, a boca, a língua e as mãos, enfim, se tudo do corpo penetrar junto.
Qualquer penetração só enlouquece quando chega pulsante. A mulher só se permitirá penetrar quando o seu penetrante vier inteiro para dentro dela.
Sem o afeto, penetra-se só para descarregar. Sem o afeto, gozamos e corremos para o chuveiro. Sem o afeto, mandamos logo para o primeiro ponto de táxi. Sem o afeto, nada de bom acontece.
Sabe aquele mulherão que nunca abre mão do seu companheiro totalmente fora dos padrões de beleza? Sabe por que aquela pessoa numa cadeira de rodas faz o maior sucesso com o seu (ou a sua) namorado/a? Ele ou ela podem não ter mais ereção, mas isso não significa que deixaram de pulsar de afeto.
Só vá para a cama com alguém que te queira transbordando de prazer. Sexo não é só corpo: sexo é corpo, alma, sensibilidade, inteligência, vontade e virilidade juntos.
(Instagram:@evaristo_psicanalista)
https://www.youtube.com/watch?v=kLjTYWcNzmg

(friday night fever...) Enjoy!

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