terça-feira, 17 de agosto de 2021

O DEUS (ou a natureza) de Spinoza



O mundo está em convulsão. Ouvir ou ler notícias é para entrar em depressão. Temos que nos alhear com coisas positivas, que para mim são a música, o mar, as amizades boas e divertidas, como eu… e alguns amores que eventualmente vão surgindo, eternos enquanto duram, reais ou virtuais.

Chega-se a uma idade, como a minha, e colocamos tudo em causa. O que nos ensinaram e acreditámos. Tanta ignorância. Tudo era pecado, tabu, superstições das quais nos rimos hoje. Como o mundo não há-de estar em alvoroço?! Em quê ou quem acreditar? Onde está a VERDADE? Mas... pior: hoje em dia, questionar ou duvidar de algo é que é tabu, e faz de nós logo anti-qualquer-coisa!  Por isso, a ignorância continua, está assustador ver o resultado de uma obediência cega. 

Continuo a dizer e pensar para mim mesma: sigamos a nossa intuição, e cada um faça prevalecer a sua verdade, com a qual se sinta bem e não incomode nada nem ninguém.

Agora leio sobre Baruch De Spinoza, um filósofo holandês considerado um dos três grandes racionalistas do século da filosofia (XVII) junto com o francês Descartes, e tudo me soa tão bem e “real”… tal como um dia eu gostei de ler “Conversas com Deus” de Neale Donald Walsch.

Segundo Spinoza, Deus teria dito:

“Pára de estar sempre a rezar e bater no peito! O que quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes da vida. Quero que gozes, cantes, te divirtas e aproveites tudo o que fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e acreditas ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso o meu Amor por ti.

Pára de me culpar pela tua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em ti, que és um pecador ou que a tua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que te dei e com o qual tu podes expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se tu não consegues ler-me num amanhecer, num pôr-do-sol, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos de um filhinho, não me encontrarás em livro nenhum.

Confia em mim e pára de enviar pedidos! Tu vais dizer-me como fazer o meu trabalho?

Pára de ter medo de mim! Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro AMOR.

Pára de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se fui eu que te criei, eu é que te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso culpar-te se respondes a algo que eu coloquei em ti? Como posso castigar-te por seres como és, se fui eu que te fiz?

Crês que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipular-te, para controlar-te, e que só gera culpa em ti!

Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem! Presta atenção à tua vida, que o teu estado de ALERTA seja o teu guia!

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é a única que há aqui e agora, e a única de que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prémios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registo. És absolutamente livre para fazeres da tua vida um céu ou um inferno.

Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso dar-te um conselho: vive como se não houvesse o Amanhã ou outra vida, como se esta fosse a tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se realmente não houver nada, terás usufruído da oportunidade que te dei.

E, se houver algo para além desta Vida, podes ter a certeza de que não vou perguntar se te comportaste bem ou não. Vou perguntar sim, se aproveitaste, se te divertiste, do que mais gostaste, o que aprendeste.

Pára de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim, quero que me sintas em Ti. Por exemplo, quando beijas um ser amado, quando agasalhas os teus filhos, quando acaricias o teu gato ou cãozinho, quando tomas banho de mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Sentes Gratidão? Então, demonstra isso cuidando de TI, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Sentes surpresa, admiração por algo? Exprime essa Alegria! Esse é um modo de louvar-me.

Pára de complicar as coisas e de repetir como um papagaio o que te ensinaram sobre mim! A única certeza é que estás aqui, que estás a viver, e que este mundo está cheio de maravilhas.

Para que precisas de mais milagres? Para quê tantas explicações? Não me procures fora, não me acharás. Procura-me dentro… é aí que EU estou, dentro de ti.””

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