Gringa do SOL porque parece gringa e porque ama o SOL... que aquece o seu coração. Quase o diário de uma gaja só com os seus devaneios e imaginação à solta, como ela...
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
O 27 de fevereiro
O dia do Pai é sempre celebrado em março (19/3), no dia de São José, mas o dia do meu é 27/2.
Encontrei no baú das memórias uma foto de 1978 e hoje o homenageio, quando faria 92 anos... Penso que saio a ele em muita coisa, no jeito de ser e até no aspeto físico. Se nos seus 67 anos de vida foi bom marido ou não, se soube ser um bom pai ou não, agora sei eu: fez o que sabia e podia, e com os recursos que na época dele tinha. E nós, os filhos, somos pequeninos para fazer julgamentos, perante a grande dádiva que deles (pai e mãe) recebemos: a nossa VIDA. Portanto, nada nos é devido, e só temos que honrá-los, assim como os nossos antepassados. Sei lá o que sofreram e por tudo o que passaram, para eu estar aqui agora, a sentir-me feliz a maior parte das vezes.
Segundo “reza a história” meu Pai desejava ter o primeiro filho homem, se assim não fosse “devolveria o produto à fábrica”. Ele gostava de “palhaçar” ou fazer piadas giras (como eu, às vezes). Porém, fui eu a primeira a chegar a este mundo (dos cinco que encomendou) e foi se acostumando, a ponto de mimar-me demais. Não me lembro de nada dos primeiros anos de vida - serei normal? - pois daria jeito lembrar-me de algo importante, para saber que “traumas” me ficaram, mas enfim, talvez seja melhor assim. Das poucas coisas que me contaram, além do que soube após o seu falecimento, sem necessidade alguma, é que em criança eu fazia queixinhas quando ele chegava a casa. Sei lá, coisas próprias de qualquer criança normal, sem a devida educação, penso eu. E assim fiquei com a reputação para sempre, pelo que parece. Causei feridas emocionais, ciúmes provavelmente, e nem imaginava.
Agora que ando a interessar-me pelas constelações familiares, diz-se que a Mãe é a Vida, o Pai é o Mundo; se a mãe permite o acesso ao pai, o filho terá sucesso.
Sei lá. Seguindo essa teoria, tenho tido sucesso na vida? Acho que sim, no âmbito de uma disfuncionalidade familiar que agora reconheço e dentro das minhas limitações, sem conhecimento de nada, não posso queixar-me. Chamo-lhe sorte. E estou sempre a tempo de querer evoluir, procurar o Conhecimento.
Tomar o pai é reconhecer que ele também é um dos meus portais de vida (sendo a Mãe o primeiro); é uma parte de mim e a força que vem dele (mesmo que não a veja) é o que me permite ir para o mundo, desbravar caminho, ter coragem, capacidade de realização e de posicionamento. Homem calado, sempre na sua, lembro-me, isso sim, de ter sido ele a ensinar-me a “nadar” (de qualquer maneira) quando eu era criança: punha-me às cavalitas e atirava-me ao mar, sem dó nem piedade. Era cada chapada na água, bebia bué de água salgada, vinha à superfície, e assim eu aprendia. E queria mais.
Mesmo que tenha tido muitos defeitos, sejam quais forem, mesmo assim é meu Pai. Quando nos permitimos ver além, vamos compreender muita coisa que a nossa visão de criança não comporta. Claro que nada pode ser compensado ou alterado. Mas sempre terei mais força se encarar e lidar com a minha realidade e com o que foi possível. - Escolhi eu a família que tenho? Outra teoria a estudar para entender tanta coisa. A verdade é que esse homem sempre será o pai certo para mim, porque é/foi o único possível. Fez o melhor que pôde com aquilo que ele, um dia, também recebeu. Quando se consegue ter este entendimento e olhar para o essencial, recebendo a vida pelo “preço total” que custou e que custa aos nossos pais (na época em que nasceram), então consegue-se a força da nossa origem, tendo mais recursos para enfrentar todas as situações com uma força e coragem especiais. Tomar os pais é um movimento interno para a vida. Por isso, no meu coração, todos os dias deve haver um movimento em direção à fonte. Ele não era de afetos ou abraços, mas ainda me lembro do seu sorriso e resignação, e do último beijo que lhe dei na cama de um hospital, sem ter tido tempo para acompanhá-lo na doença, lamentavelmente. Mas ele entende, onde quer que esteja. DEP meu Pai.
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