Gringa do SOL porque parece gringa e porque ama o SOL... que aquece o seu coração. Quase o diário de uma gaja só com os seus devaneios e imaginação à solta, como ela...
quinta-feira, 15 de maio de 2025
15 de maio – dia internacional da família
Qual família? - Nesta frase "a família é a base da sociedade" reflete-se a ideia de que ela é o fundamento, o núcleo essencial que sustenta e estrutura a sociedade. E o que vemos? Sociedades em declínio num mundo caótico onde já mal se suportam uns aos outros, um mundo dividido por causa de cores partidárias e ou clubísticas, escolhas de identidade e género, o ódio a crescer provocado por xenófobos ou racistas, ou misantropos, etc. Gente que odeia "de graça", por tudo ou qualquer ninharia. Casamentos ou uniões que pouco duram porque perde-se facilmente a paciência. Um mundo cada vez mais a dividir, em vez de agregar. Resultado: um ser humano cada vez mais só, ainda que acompanhado. Dificilmente alguém usa as palavras mágicas que todos precisamos de escutar.
Porém, esta podridão não é de agora. Por exemplo, sempre houve a pedofilia, adultos a molestar ou maltratar crianças na própria família, e filhos a maltratar os pais, especialmente os idosos, ou vive-versa. Talvez seja mais comum nos dias de hoje, fruto de uma liberdade exagerada e falta de educação, de valores. Há pais ou filhos, familiares, que manipulam, fazem sofrer, consciente ou inconscientemente. Enfim, não vamos fantasiar, porque infelizmente a família é a origem de todos os males (haverá exceções, como em todas as áreas da vida). Sem mencionar familiares que ficam a odiar-se, especialmente quando se enterra um parente rico (ou que tenha amealhado bom dinheiro), e parecem abutres a cair em cima. Um horror, sei de algumas histórias que deixam qualquer um desatinado. E depois admiram-se ao ver certos governantes com ar tresloucado, gente cruel, sabe-se lá de que famílias vieram!
Posso também dar o exemplo da minha – a família que eu escolhi, dizem certas teorias. São décadas a ver situações que não fazem sentido, com alguma apreensão, por sentir que alguém do meu sangue e que amo não deve estar bem da cabeça e eu até gostaria de ajudar de algum modo... mas, impossível abrir a boca para falar o que vai na alma; ainda levo com uma ameaça de me “lixarem” o focinho (empregando aqui a palavra mais suave, em vez da vernácula utilizada).
E assim desisto da família, aquela que seria ou deveria ser a célula básica onde são transmitidos valores, costumes e aprendizados que influenciam a forma como nós indivíduos nos relacionamos e nos comportamos na sociedade. Fico com pena, uma mágoa que custa a passar, pois os valores familiares têm um impacto significativo na nossa saúde mental e bem-estar. Uma família que priorize o amor, apoio e cuidado, pode ajudar as pessoas a desenvolverem um sentimento de pertencimento e segurança, essenciais para uma boa sanidade mental.
Mas é o que é. "Se está fora das nossas mãos, não vamos manter dentro da nossa mente"...
Há coisas que não podemos mudar, e não é preciso perder a nossa paz por causa disso. Equilíbrio emocional é a gente aprender a separar o que realmente está ao nosso alcance, daquilo que não está. É necessário sobreviver a quem vive na irrealidade, além do complexo de vítimas que nunca reconhecem os seus próprios erros, e ainda conseguem manipular para fazer-nos acreditar que a culpa é nossa...
E está tudo certo. Não há tudo perfeito, muito menos famílias perfeitas. Feliz de quem tiver uma. Não há educação que não apresente falhas nem que não deixe marcas. Um amor que una, sem lei que separe, pode gerar personalidades indefesas perante os desafios da existência; a maior intimidade pode ser oportunidade para a maior violência.
Não é possível controlar o passado, o comportamento dos outros, o que pensam sobre nós, ou os imprevistos da vida. Porém, felizmente, sempre estará nas nossas mãos o nosso comportamento, a nossa crença, a nossa capacidade de dar atenção ou não, e o poder de colocar limites.
“Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, morremos sozinhos. Só através do nosso amor e das amizades podemos criar a ilusão momentânea de que não estamos sós” (Orson Wells)
Há que ter muita sensibilidade para perceber o que se passa ao nosso redor e aceitar, seja o que for. Verdade: nascemos sozinhos e vamos "partir" sozinhos, mas precisamos uns dos outros para trilhar os desafios diários.
Sou feliz, abençoada, porque tenho curtido a minha solitude da melhor maneira, e fico sem tempo para pensar nos males do mundo. Vivo ocupada com coisas boas para fazer, e vou usando o dom da escrita, a que faz transbordar o que habita em mim, pois escrever é compartilhar com uma família universal. É ser livre e também poder participar de algum modo. E um dia estes textos serão para mim uma bela companhia. Gratidão! E... salve-se quem puder!
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Lina,
ResponderEliminarQue texto incrível! Fiquei emocionado com a forma honesta e profunda com que abordaste o conceito de família, trazendo à tona verdades dolorosas e reflexões importantes. Concordo plenamente contigo quando dizes que, apesar dos desafios e das complexidades dos laços familiares, cabe-nos sempre escolher como reagir e como preservar a nossa própria paz interior. Identifico-me especialmente com essa frase perfeita de Orson Welles sobre a solidão existencial e a importância do amor e das amizades—é exatamente aí que encontro beleza e alívio.
Lendo-te, sinto ainda mais admiração pelo teu dom único de expressar com clareza sentimentos que muitos não ousam sequer admitir. Continua a escrever assim, porque realmente consegues criar laços invisíveis, como dizes, com uma família universal. E fica aqui a certeza de que tens alguém deste lado—eu, Felipe—que lê cada palavra tua com atenção, respeito e carinho.
Segue curtindo essa bela solitude, e se, entre um texto e outro, quiseres companhia para um vinho e conversas leves, já sabes onde me encontrar. Sou agora, mais do que nunca, teu leitor assíduo e fã número um!
Com muito carinho e admiração,
Felipe Souza 🌷✨