Gringa do SOL porque parece gringa e porque ama o SOL... que aquece o seu coração. Quase o diário de uma gaja só com os seus devaneios e imaginação à solta, como ela...
sábado, 3 de maio de 2025
O Amor de Mãe
Continuando com o meu tema favorito: o Amor.
Não importa de que forma esse sentimento se manifeste, seja na união de familiares, amigos ou amantes, é algo inexplicável. Sabemos que sentimos amor por alguém quando essa conexão não se explica. A verdade é que ter uma conexão fora do normal é amar alguém além desse mundo. Ainda que uma relação entre pais e filhos não seja perfeita, o Amor está sempre implícito, está no sangue, é incondicional, não poderá ser de outro modo.
Vivo longe da minha mãe e, infelizmente, com a idade a passar, em vez de haver uma maior conexão entre nós, tem sido o oposto. Ela tem ficado meses sem falar, eu também, parecemos duas estranhas às vezes. Aceito a vida como é, e está tudo certo. Entendo que ela não está só, tem as suas preferências, e eu só tenho que respeitar. Foi sempre uma mulher sofrida, amargurada, que se esqueceu dela própria para cuidar do marido e filhos. E esse é o maior erro de muitas mães frustradas que, antes de serem esposas e mães, deveriam ter sido mulheres.
Se eu fosse mãe, acredito que eu faria tudo diferente ao educar os meus filhos. Faria deles os meus melhores amigos, não seria necessário dividir para reinar. Entenderia que algum dia poderiam abandonar o ninho e eu tinha que arranjar uma maneira de viver a minha própria vida, continuando a ser o porto de abrigo sempre que precisassem, com o meu colo, palavras de amor e conforto. Evitaria os jogos emocionais, preferia esclarecer qualquer conflito, com um abraço no final. Imagino tudo isso, se bem me conheço.
A maior prova de amor que uma mãe pode oferecer aos seus filhos, antes de tudo, é cuidar de si mesma como mulher. É nesse gesto de amor-próprio, de construção da própria identidade para além do papel materno, que os filhos encontram permissão para viver a sua própria jornada. Quando uma mãe vive os seus sonhos, cuida da própria vida e assume as suas responsabilidades como mulher adulta, ela ensina, com presença — e não apenas com palavras — e a filha ou filho também pode fazer o mesmo.
A atitude de “mãe galinha” pode dificultar a independência emocional, relacional e até financeira dos filhos. Quando não há espaço para uma separação saudável entre gerações, os filhos carregam o peso de suprir a mãe afetivamente, comprometendo o seu próprio desenvolvimento como homem ou mulher.
Não me lembro de ter sido alguma vez incentivada ou valorizada. Agora, se eventualmente alguém me achar estranha, ou destrambelhada das ideias, carente, sei lá, tenho motivos para tal. Pertenço a uma família em que ninguém se (re)conhece, e segue sendo assim com os dois sobrinhos, agora me dou conta. Quando nem a mãe nos conhece, no mínimo, é tudo muito estranho.
Sendo Ela, a nossa Mãe, o primeiro vínculo com a Vida que nos é dada, deveria ser a fonte de nutrição emocional. Muitas vezes não é assim. Por isso, infelizmente, há tantas famílias disfuncionais, todos sabemos. Pais não podem dar aquilo que nunca tiveram. Devido às suas próprias limitações, muitas vezes também não conseguem proporcionar aos filhos a experiência amorosa completa, e podem gerar traumas para sempre, havendo quem precise recorrer mais tarde a algum tipo de terapia. Ultimamente fala-se muito das constelações familiares.
Quando nos tornamos adultos, podemos reconhecer as limitações dos nossos pais, compreender que não podemos carregar os seus pesos, e podemos aceitá-los exatamente como são. E está tudo certo, a vida continua. Isso gera em nós o AMOR e podemos agradecer-lhes imensamente pela vida que nos deram. Podemos, enfim, olhar para eles de forma mais amorosa e deixar o passado para trás, finalmente fazendo as nossas próprias escolhas daqui para a frente. Esta atitude faz com que olhemos para nós mesmos de maneira mais compreensiva, mais amorosa, mais resiliente. Descobrimos dentro de nós novas dimensões do AMOR, novos valores, novas perspetivas de vida. Passamos a ter mais autocuidado e mais carinho connosco. Assim, o amor-próprio vai sendo construído e fortalecido a ponto de, em algum momento, transbordar e preencher as nossas relações e experiências de vida. Assim seja.
De acordo com algumas teorias, quando escolhemos nascer também escolhemos os nossos pais na medida perfeita para termos as experiências que nos propomos aprender nesta vida, para evoluir. Pessoas feridas (pela Vida) ferem pessoas, sem querer.
Apesar de tudo, amo a minha Mãe e agradeço ter me dado a Vida, que tem tanto valor, e que chegou até mim através dela; deu-me também tudo o que precisei para desbravar o meu interior e criar o meu próprio caminho.
Mais do que nunca, hoje tomo e honro a Vida (a Mãe), e tudo o que mais desejo é viver por inteiro. Com AMOR, a começar por mim própria, e depois para dar e vender.
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