quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Ela não anda, ela desfila...


Domingo, dia chuvoso e de eleições.
Ela saiu para a rua, decidiu usar um vestido de renda branca com "fundo" (ou forro) azul turquesa - feito pela mãe - e sandálias brancas com um tacão que a fez ficar uns bons centímetros mais alta. Às vezes apetece-lhe dar nas vistas, sem querer. 
Foi assim à missa para rezar por alguém que lhe era querido e tinha partido há uma semana.
As pessoas passavam por ela e deviam pensar que era alguma gringa que morava ali, ou estava de férias.

Não podia votar porque estava fora do seu local de residência. Andou a passear pelas ruas do centro quase desertas, tomou o breakfast composto por meia de leite e uma torrada com geleia numa pequena confeitaria/casa de chá famosa na cidade. Depois continuou a ver as montras com as modas para a nova estação.

Reparou com curiosidade num rapaz no alto dos seus 40 anos a passear com a mãe já nos seus 80, que também andavam a ver montras; ele carregava a bolsa da senhora idosa, que era grande e devia estar pesada, e tentava com alguma paciência falar com ela sobre o que estava exposto num manequim...Pensou ela "ainda há filhos queridos"... e continuou rua acima, por acaso reparando que ele a observava...

Mais adiante, ele apareceu de repente ao seu lado e a falar em Inglês, dizendo que a tinha achado interessante e gostaria de conhecê-la melhor. Era ainda mais alto do que ela e com um ar simpático e educado. Ela deu uma gargalhada e disse-lhe que podia falar português; ele ficou mais à vontade, e ela já estava habituada a ser abordada dessa forma...

Foram andando e falando um com o outro, ele tinha deixado a mãe no carro, que estava cansada, e veio atrás dela para matar a curiosidade...falou um pouco dele também, e perguntava várias coisas, se ela era casada, se tinha filhos... ou se ainda queria ter... ela disse que não tencionava e a rir informou-o da sua idade, aí uns 16 anos mais velha do que ele... mas nem isso o fez desistir, mal acreditava e elogiou-a na beleza, na pele, etc... ainda quis parar a meio do caminho para se olharem no reflexo de uma vitrina, eram ambos altos e faziam um belo par (dizia ele), e riram-se.

Com aquela idade e bonitão, ele nunca tinha casado, mas ela nem perguntou por que motivo. Talvez ainda não tivesse encontrado a pessoa certa, ou perfeita. Há gente assim, exigente demais. A mãe estava viúva há poucos meses e tinham vindo os dois da capital para passear uma semana à beira-mar.

Na despedida ele quis deixar o seu contacto, convidando-a para um evento no fim de semana, mas ela achou melhor não.Ela gosta de fazer amizades, mas com um homem assim interessante e bem mais novo, tem que ter algum cuidado... Não é que diferenças de idade sejam algum problema, muito pelo contrário, sempre conviveu melhor com pessoas bem mais novas.  Porém, sempre ficou com a ideia de que não é muito fácil ter homens amigos, pois acabam por querer sempre algo mais do que amizade... e é melhor evitar dissabores futuros...  

São estes episódios engraçados na vida dela que a fazem sentir-se divertida, e feliz. E a verdade é que com o passar dos anos sente-se cada vez melhor, fazendo jus àquele provérbio "como o vinho do Porto, quanto mais velho melhor!"...


"Uma mulher madura
Não provoca, já é provocante...
Não é inteligente, é sábia...
Não insinua, mostra subtilmente o seu ponto de vista...
Não se precipita, espera pelo momento mais indicado...
Não pensa em quantidade, prefere a qualidade...
Não vê, observa...Não anda, caminha...
Não julga, analisa...
Não procura, desperta os seus sentidos.
Não prende, deixa livre...

Porque....

Sabe o que quer...como quer e com quem quer!!"

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