terça-feira, 24 de maio de 2016

Reino de Afrodite

Parece que as coisas andam mal pelo Reino de Afrodite! Um dia destes, enquanto tomava o meu café a seguir ao almoço, passava os olhos por um jornal e na parte dos VIPs (as fofocas) - geralmente leio 'na diagonal' os jornais de trás para a frente - li uma frase dita por uma atriz/cantora portuguesa, uma bela mulher pequenina mas que tem vindo a demonstrar o seu grande talento (aliado à beleza e simplicidade): a Luciana Abreu. Separada de um jogador de futebol, com duas filhas lindas, e talvez porque lhe perguntam sempre se tem novo namorado, diz ela "Ter um homem para quê? Só dão trabalho!"
Fiquei a pensar...
Já uns meses atrás (no mesmo periódico) eu havia lido algo sobre a Charlize Theron (outro avion / mulheron), atriz e ex-modelo, ex-namorada de Sean Penn; dizia ela "os homens são inseguros; só quero um homem que me dê valor e me apoie"...
Caramba, e pensava eu que era das poucas inconformadas, impacientes, exigentes... afinal, havia muitas mais... E assim andam por aí tantos aviões e avionetas sem rumo...
No outro dia uma amiga contava-me que outra conhecida dela (com 47 anos, e filhos criados) estava a abandonar o casamento porque se tinha apaixonado por uma mulher, e estava super feliz, como nunca se tinha sentido antes! (isto começa a ser o pão-nosso-de-cada-dia, pelos vistos).
Quando estou num lugar divertido, com música boa que convida a dançar, reparo que são sempre as mulheres que saltam primeiro para 'o palco' e divertem-se, com ou sem bebida. E os homens, por que ficam só a observar?
É evidente que haverá exceções, mas...homens, o que vos aconteceu, ficaram todos fraquinhos ou apagadinhos? Ou será que foi sempre assim, e só recentemente as mulheres abriram os olhos (e as asas), saíram do seu estado de submissão e querem (sempre) mais, são umas insatisfeitas?...
Eu poderia dizer que as mulheres são mais felizes do que os homens, mas segundo alguns peritos na matéria, parece que é o contrário, o homem é mais básico e satisfaz-se com pouca coisa, por isso são considerados mais felizes!... O que parece também é que já ninguém precisa de ninguém, cada um na sua, vamos vivendo. Porém, a verdade é que há quem se acomode numa relação fraquinha, mas a maioria (felizmente) não mais... não se pode ficar feliz com alguém que não ouve a mesma canção, não bebe o mesmo drink, não tem a mesma base cultural... fica difícil, e teria que haver na relação a dois algo muito bom mesmo, para poder compensar as outras fraquezas.https://www.vagalume.com.br/rui-veloso/anel-de-rubi.html

"Os maiores dramas da humanidade passam-se no quarto de casal" e se Tolstoi (autor de Guerra e Paz e Anna Karenina) já o dizia, então trata-se mesmo de um caso de estudo... E houve também quem argumentasse que a pior invenção do séc. XX não foi a bomba atómica, mas a cama de casal...

Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.
Liev Tolstoi

sábado, 14 de maio de 2016

Torre de Babel

Neste lugar que vive essencialmente à custa do turismo, com bom tempo quase o ano inteiro e lindas praias, escolhido para eu viver alguns meses (e já lá vai um ano e meio), dá-me gozo ouvir falar uma variedade de idiomas, alguns que até desconheço e tento adivinhar de onde são.
Lembro-me de ter esta inclinação para o "estrangeiro" desde pequena, sempre desejei saber línguas diferentes da minha. Nos meus estudos, desde o início aprendi o Inglês junto com o Francês; mais tarde surgiu o Alemão, do qual gostei imenso, as frases pareciam um puzzle, enormes por vezes e tendo que colocar o verbo no final. Só não atinava com as declinações, apesar de ter aprendido o latim em tempos idos. No caso do Espanhol (ou portunhol) sempre se dava um jeito...
O latim ficou esquecido no passado, o alemão perdeu-se no tempo, pela falta de prática na escrita e na leitura, mas da língua francesa e inglesa fiquei com boas bases. Se morasse uns mesitos na Alemanha, acredito que depressa ficaria a falar fluentemente.
O problema é/foi esse, nunca vivi em nenhum país dos idiomas que estudei, apenas conheci um lugar ou outro de passagem. Mesmo as línguas consideradas "básicas" (mais o Inglês, que quase todo o mundo fala, ou arranha) não as domino na hora de falar, faz muita falta a aprendizagem na prática do dia-a-dia. Porém, na escrita, desenrasco-me bem, tento ser 'perfeita', hoje há a ajuda da internet e outros meios ao nosso dispor.

Recordo também, durante a juventude, ouvir falar de jovens da minha idade andarem à boleia em camiões TIR ou viajarem de interrail por toda a Europa. Imagino o que devem ter aprendido com essas experiências. Até eu ficava a sonhar com uma aventura dessas, mas nunca me atreveria a fazê-lo sozinha. Vivia numa redoma, criada com tabus e proibições, o mundo era muito mau lá fora...
Tinha até uma amiga cuja mãe a deixava ir acampar com o namorado no fim de semana, ou de férias; isso era algo de outro mundo para mim...
Até hoje ainda me custa fazer alguma coisa sozinha. Ou, se aconteceu, estava alguém no destino à minha espera e que podia apoiar-me de alguma forma, e isso foi no Brasil...
Uma vez, no fim do bacharelato e no âmbito do programa Erasmus, estive quase a ir passar um tempo na Grécia. Acabei por desistir porque entretanto deu-se o Processo de Bolonha e aproveitei para terminar a licenciatura em apenas um ano; de outra forma, perderia essa hipótese. E assim acabei por permanecer em terras lusas (no máximo, vou para fora cá dentro)...
Admiro imenso quem é poliglota e consegue falar com desenvoltura dois, três ou mais idiomas. Aqui eu vejo as pessoas desenrascarem-se bem ao falar com os turistas, lá se entendem de alguma forma, nem que seja pela mímica :-) Nós, Portugueses, somos bons nisso: no desenrascanço!
Estamos em todas as partes do mundo e, se for preciso, depressa aprendemos a falar diferentes idiomas. Por exemplo, na loja vejo entrar às vezes alemães (ou espanhóis, ou franceses) que não falam em Inglês, quanto mais em Português! Como é isso possível? eu me pergunto, como é que viajam assim pelo mundo?...OK temos nós a "obrigação" de saber todas e mais alguma...

Ainda estou muito 'verde' na conversação fluente em outro idioma, mas espero "ganhar calo" aqui neste lugar. A ver vamos, quanto tempo ficarei!?... Bom mesmo seria voltarmos a ter um único idioma, universal, para nos entendermos todos na perfeição, sem complicações nem constrangimentos desnecessários. Há quem deseje ver o Esperanto, uma língua artificial que (dizem) é bonita e fácil de aprender, fazer parte  dos programas de todas as escolas do planeta, como segunda língua de cada povo. Tive "um cheirinho" dela num cursinho de poucas horas e não entendi nada. Ou não me interessei muito... será esse sonho um dia realidade, falar de qualquer assunto com qualquer pessoa, seja ela de que nacionalidade for?
Aproveitando o tema, termino com uma anedota. É sabido que em Espanha o verbo coger (lê-se como correr em Português) significa 'apanhar'. "Coger un autobús", por exemplo, significa "apanhar um autocarro" (pegar um ônibus, em brasileiro rsrs), mas na Argentina o mesmo verbo quer dizer f**er (adivinhem, pois não quero escrever aqui asneiras)...
Então, um Espanhol desembarca no aeroporto de Buenos Aires e à saída pergunta  a um Argentino: - Perdone usted, donde puedo yo coger un autobús?
O transeunte  pensa um pouco e responde: - Yo creo que solo por el tube de escape!

Complicado....

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Maio - Inspiração

Reparo que desde 2009 (este ano será sempre uma referência para mim), ou mesmo pouco antes, tenho vindo a escrever muito, por qualquer motivo, especialmente quando quero exteriorizar algo que mexa com a emoção. Tanto posso escrever magoada como para elogiar... Chamem-lhe catarse, acredito que sim. Não consigo discutir ou falar de sentimentos, sou uma pinga-amor, tenho o coração nos olhos que pingam por qualquer coisinha. Detesto isso, mas já nasci assim, paciência, tenho que me aguentar. E tenho que ter cuidado com a palavra (escrita) pois ficará gravada para sempre, e há quem se irrite com o que escrevo e até já me disseram "tens a mania das cartas e emails", acham que eu devia era falar(?) Pois...

Diz-se que existem 4 coisas que não se recuperam:
A pedra, depois de atirada;
A palavra, depois de proferida;
A ocasião, depois de perdida;
O tempo, depois de passado.
(...)
Goste quem quiser, quem não quiser, deixe no prato. Escrever é (decididamente) a minha forma de expressão preferida, e de "soltar as feras"... Sempre ouvi falar de Franz Kafka, apesar de não ter lido nada dele; há muitos anos iniciei a leitura de "Metamorfose" mas desisti, não era o momento adequado. Tentarei de novo, vou ver se ele agora pica e me morde (o livro)!
Como no caso de Kafka, a escrita é importante para mim, uma forma de oração. Ele preferia comunicar-se através de cartas, escreveu centenas delas para a família (incluindo o pai, com quem se dava mal) e pessoas amigas. Eu ainda estou longe de chegar à centena :-)

Dizem os especialistas na matéria que emoções e sentimentos escondidos, reprimidos, acabam em doenças como gastrite, úlcera, dores lombares ou na coluna. Com o tempo, a repressão dos sentimentos (mágoa, tristeza, deceção) degenera até em cancro. Então, por que não confidenciar, desabafar, partilhar a nossa intimidade, os nossos pecados e desejos... A palavra, a fala, e o diálogo (quem preferir) são um remédio poderoso, uma terapia necessária, se não quisermos adoecer.
Este MAIO está frio e chuvoso, bom para quem gosta de estar recolhido e de ler ou escrever, por exemplo. 
Fazem anos duas pessoas da família (irmão e irmã) mas nem preciso incomodar-me a dar os parabéns, a um porque deixou de me parabenizar já há alguns anos, e se não é importante para ele, deixou de ser para mim; a outra, porque confirmei ultimamente o que já desconfiava: nada a liga a mim (...)
E logo eu, que faço gosto em dar os parabéns até a pessoas desconhecidas, por exemplo nas redes sociais.
Quem nos ignora até pode ser boa pessoa, mas quando não há nada que nos ligue, não vale a pena forçar. Tenho aprendido que a família são os amigos que a gente escolhe pela vida fora, com quem ganhamos afinidades de algum tipo, sem descurar a mãe e o pai (claro).

Sou adepta da teoria "olho por olho, dente por dente" (e o mundo acabará cego e sem dentes, infelizmente)... mas eu sou assim: o que me fazem, farei igual (caso surja oportunidade), acho que faz sentido, por que não? Não consigo "oferecer a outra face", porém, nada de rancores nem ressentimentos, apenas a certeza de que quem magoa ou faz algo de mal (gratuitamente) acabará por se destruir sozinho/a...
Acredito que a vida é um eco, teremos de volta aquilo que emanamos a cada instante... e respeito a maneira de ser de cada indivíduo, para poder ser respeitada.
Apesar de ficar sentida, tenho "o dom" de saber colocar-me no lugar do outro e achar que terá feito isto ou aquilo por algum motivo, e que o tempo irá ensinar ou repor a verdade, mais cedo ou mais tarde. Acredito na perfeição do universo.
A vida é bela, a gente é que dá cabo dela!

terça-feira, 3 de maio de 2016

A caminhar para um mundo autista?

Cada ser ilhado no seu próprio mundo... assim vive a maioria de nós, cada qual na sua bolha, e sem paciência para aturar ninguém à mínima falha... fica fácil entender, especialmente numa idade madura, quando já houve deceções suficientes ao longo do tempo, muitas pérolas desperdiçadas com porcos, e aí está o resultado: falta de pachorra!
Por vezes até se faz alguma coisinha pelo outro, e já se pensa que foi uma grande coisa... mas, no fundo, até foi mais para seu bel-prazer...Aquelas frases lindas sobre o amor-próprio que lemos ou ouvimos constantemente, em livros, workshops, etc....têm elevado o ego de muita gente, e ainda bem, pois acredito que realmente só dá certo gostar de alguém quando primeiro gostamos de nós próprios. Aliás, quem andou na catequese e ainda se lembrar, este era o 2º mandamento "amarás o teu próximo como a ti mesmo". Porém, melhor não exagerar, ou ficaremos todos uns narcisos, que acham feio tudo o que não é espelho...

Brincadeiras à parte, pode acontecer que nos deparemos com autismo 'a sério', uma condição misteriosa (doentia?) que os cientistas andam a pesquisar, e fiquei agora a saber que atinge uma em cada mil pessoas! Os tais mistérios da mente humana e, apesar de uma prevalência maior que a da síndrome de Down, o autismo é ainda pouco compreendido.
Mozart, Andy Warhol, Franz Kafka e George Orwell, por exemplo, eram génios autistas. Pelos vistos, desforraram-se na genialidade das suas obras.
Podemos "correr o risco" de conhecer alguém que no início parece interessante em muitos aspetos e, mais cedo ou mais tarde, começamos a reparar que afinal é uma pessoa que tem tanto de desinteressante como de desinteressada... O autismo poderá ser do tipo leve, moderado e grave, e o indivíduo pode levar uma vida praticamente normal.
Falo aqui deste problema porque já aconteceu comigo, em pouco espaço de tempo conhecer logo duas pessoas que à primeira impressão pareciam perfeitamente "normais" e, com a convivência, ao fim de poucos meses, as situações bizarras, frases repetitivas, a ida sempre aos mesmos locais para passear ou comer, dificilmente saem do mesmo lugar ou evitam conviver em grupo, vestem sempre a mesma roupa, acumulam coisas e mais coisas, iguais, ou tralha...pessoas que até têm tudo para viver uma vida desafogada e podendo fazer tanta coisa interessante, dizendo-se com bens ou muito dinheiro... uma delas tinha o seu escape na música, acumulava guitarras (caríssimas) e achava que tocava tão bem quanto o George Benson, com quem já havia tocado; a outra pessoa, nem cheguei a descobrir em quê seria genial...comecei a fazer as minhas pesquisas, pois algo não batia lá muito bem. São pessoas que levam uma vida limitada, e que acabam sozinhas, com uma vida triste, acho eu.
Seja um problema de hereditariedade ou não, seja autismo (ou Asperger), é preciso entendermos que há pessoas menos "normais" do que outras, seja lá o que for isso, a (a)normalidade... diferentes personalidades com as quais teremos que conviver e lidar com paciência, sem criar problema ou discussões inúteis, pois a vontade é estar sempre a revirar os olhos, ou mesmo afastar-se...
Sendo casos de autismo leve, eu me pergunto se a pessoa terá noção do seu problema.
Conhecer pessoas e conviver com elas não é tarefa fácil, a tal inteligência emocional deve dar jeito. Há que ter savoir faire, ou viveremos na ilha isolada, para sempre...