Cada ser ilhado no seu próprio mundo... assim vive a maioria de nós, cada qual na sua bolha, e sem paciência para aturar ninguém à mínima falha... fica fácil entender, especialmente numa idade madura, quando já houve deceções suficientes ao longo do tempo, muitas pérolas desperdiçadas com porcos, e aí está o resultado: falta de pachorra!
Por vezes até se faz alguma coisinha pelo outro, e já se pensa que foi uma grande coisa... mas, no fundo, até foi mais para seu bel-prazer...Aquelas frases lindas sobre o amor-próprio que lemos ou ouvimos constantemente, em livros, workshops, etc....têm elevado o ego de muita gente, e ainda bem, pois acredito que realmente só dá certo gostar de alguém quando primeiro gostamos de nós próprios. Aliás, quem andou na catequese e ainda se lembrar, este era o 2º mandamento "amarás o teu próximo como a ti mesmo". Porém, melhor não exagerar, ou ficaremos todos uns narcisos, que acham feio tudo o que não é espelho...
Brincadeiras à parte, pode acontecer que nos deparemos com autismo 'a sério', uma condição misteriosa (doentia?) que os cientistas andam a pesquisar, e fiquei agora a saber que atinge uma em cada mil pessoas! Os tais mistérios da mente humana e, apesar de uma prevalência maior que a da síndrome de Down, o autismo é ainda pouco compreendido.
Mozart, Andy Warhol, Franz Kafka e George Orwell, por exemplo, eram génios autistas. Pelos vistos, desforraram-se na genialidade das suas obras.
Podemos "correr o risco" de conhecer alguém que no início parece interessante em muitos aspetos e, mais cedo ou mais tarde, começamos a reparar que afinal é uma pessoa que tem tanto de desinteressante como de desinteressada... O autismo poderá ser do tipo leve, moderado e grave, e o indivíduo pode levar uma vida praticamente normal.
Falo aqui deste problema porque já aconteceu comigo, em pouco espaço de tempo conhecer logo duas pessoas que à primeira impressão pareciam perfeitamente "normais" e, com a convivência, ao fim de poucos meses, as situações bizarras, frases repetitivas, a ida sempre aos mesmos locais para passear ou comer, dificilmente saem do mesmo lugar ou evitam conviver em grupo, vestem sempre a mesma roupa, acumulam coisas e mais coisas, iguais, ou tralha...pessoas que até têm tudo para viver uma vida desafogada e podendo fazer tanta coisa interessante, dizendo-se com bens ou muito dinheiro... uma delas tinha o seu escape na música, acumulava guitarras (caríssimas) e achava que tocava tão bem quanto o George Benson, com quem já havia tocado; a outra pessoa, nem cheguei a descobrir em quê seria genial...comecei a fazer as minhas pesquisas, pois algo não batia lá muito bem. São pessoas que levam uma vida limitada, e que acabam sozinhas, com uma vida triste, acho eu.
Seja um problema de hereditariedade ou não, seja autismo (ou Asperger), é preciso entendermos que há pessoas menos "normais" do que outras, seja lá o que for isso, a (a)normalidade... diferentes personalidades com as quais teremos que conviver e lidar com paciência, sem criar problema ou discussões inúteis, pois a vontade é estar sempre a revirar os olhos, ou mesmo afastar-se...
Sendo casos de autismo leve, eu me pergunto se a pessoa terá noção do seu problema.
Conhecer pessoas e conviver com elas não é tarefa fácil, a tal inteligência emocional deve dar jeito. Há que ter savoir faire, ou viveremos na ilha isolada, para sempre...
Oi Lina, amei o artigo. Não sabia que o Kafka era autista. Amo a escrita dele. Beijos e parabéns pela matéria.
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Oi Carol, na verdade ando descobrindo que "de autista e de louco todos nós temos um pouco!" (rsrs); em especial os artistas ou pessoas "muito à frente" e, acreditando naquilo que lemos, Kafka tinha uma personalidade esquizoide...Obrigada!
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