sábado, 14 de maio de 2016

Torre de Babel

Neste lugar que vive essencialmente à custa do turismo, com bom tempo quase o ano inteiro e lindas praias, escolhido para eu viver alguns meses (e já lá vai um ano e meio), dá-me gozo ouvir falar uma variedade de idiomas, alguns que até desconheço e tento adivinhar de onde são.
Lembro-me de ter esta inclinação para o "estrangeiro" desde pequena, sempre desejei saber línguas diferentes da minha. Nos meus estudos, desde o início aprendi o Inglês junto com o Francês; mais tarde surgiu o Alemão, do qual gostei imenso, as frases pareciam um puzzle, enormes por vezes e tendo que colocar o verbo no final. Só não atinava com as declinações, apesar de ter aprendido o latim em tempos idos. No caso do Espanhol (ou portunhol) sempre se dava um jeito...
O latim ficou esquecido no passado, o alemão perdeu-se no tempo, pela falta de prática na escrita e na leitura, mas da língua francesa e inglesa fiquei com boas bases. Se morasse uns mesitos na Alemanha, acredito que depressa ficaria a falar fluentemente.
O problema é/foi esse, nunca vivi em nenhum país dos idiomas que estudei, apenas conheci um lugar ou outro de passagem. Mesmo as línguas consideradas "básicas" (mais o Inglês, que quase todo o mundo fala, ou arranha) não as domino na hora de falar, faz muita falta a aprendizagem na prática do dia-a-dia. Porém, na escrita, desenrasco-me bem, tento ser 'perfeita', hoje há a ajuda da internet e outros meios ao nosso dispor.

Recordo também, durante a juventude, ouvir falar de jovens da minha idade andarem à boleia em camiões TIR ou viajarem de interrail por toda a Europa. Imagino o que devem ter aprendido com essas experiências. Até eu ficava a sonhar com uma aventura dessas, mas nunca me atreveria a fazê-lo sozinha. Vivia numa redoma, criada com tabus e proibições, o mundo era muito mau lá fora...
Tinha até uma amiga cuja mãe a deixava ir acampar com o namorado no fim de semana, ou de férias; isso era algo de outro mundo para mim...
Até hoje ainda me custa fazer alguma coisa sozinha. Ou, se aconteceu, estava alguém no destino à minha espera e que podia apoiar-me de alguma forma, e isso foi no Brasil...
Uma vez, no fim do bacharelato e no âmbito do programa Erasmus, estive quase a ir passar um tempo na Grécia. Acabei por desistir porque entretanto deu-se o Processo de Bolonha e aproveitei para terminar a licenciatura em apenas um ano; de outra forma, perderia essa hipótese. E assim acabei por permanecer em terras lusas (no máximo, vou para fora cá dentro)...
Admiro imenso quem é poliglota e consegue falar com desenvoltura dois, três ou mais idiomas. Aqui eu vejo as pessoas desenrascarem-se bem ao falar com os turistas, lá se entendem de alguma forma, nem que seja pela mímica :-) Nós, Portugueses, somos bons nisso: no desenrascanço!
Estamos em todas as partes do mundo e, se for preciso, depressa aprendemos a falar diferentes idiomas. Por exemplo, na loja vejo entrar às vezes alemães (ou espanhóis, ou franceses) que não falam em Inglês, quanto mais em Português! Como é isso possível? eu me pergunto, como é que viajam assim pelo mundo?...OK temos nós a "obrigação" de saber todas e mais alguma...

Ainda estou muito 'verde' na conversação fluente em outro idioma, mas espero "ganhar calo" aqui neste lugar. A ver vamos, quanto tempo ficarei!?... Bom mesmo seria voltarmos a ter um único idioma, universal, para nos entendermos todos na perfeição, sem complicações nem constrangimentos desnecessários. Há quem deseje ver o Esperanto, uma língua artificial que (dizem) é bonita e fácil de aprender, fazer parte  dos programas de todas as escolas do planeta, como segunda língua de cada povo. Tive "um cheirinho" dela num cursinho de poucas horas e não entendi nada. Ou não me interessei muito... será esse sonho um dia realidade, falar de qualquer assunto com qualquer pessoa, seja ela de que nacionalidade for?
Aproveitando o tema, termino com uma anedota. É sabido que em Espanha o verbo coger (lê-se como correr em Português) significa 'apanhar'. "Coger un autobús", por exemplo, significa "apanhar um autocarro" (pegar um ônibus, em brasileiro rsrs), mas na Argentina o mesmo verbo quer dizer f**er (adivinhem, pois não quero escrever aqui asneiras)...
Então, um Espanhol desembarca no aeroporto de Buenos Aires e à saída pergunta  a um Argentino: - Perdone usted, donde puedo yo coger un autobús?
O transeunte  pensa um pouco e responde: - Yo creo que solo por el tube de escape!

Complicado....

2 comentários:

  1. Olá Lina. Eu tb amo inglês, sei bem como é quando a gente trava por falta de prática. Mas vc sabe que tem vários grupos de aprendizado de línguas que se reunem no Skype e um ajuda o outro? Eu só destravei quando comecei a participar, estudava by myself. Se quiser praticar, me chama, trocamos o Skype and practice English a lot. Smack!

    Carol
    http://compreiumamala.blogspot.com.br/

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