terça-feira, 26 de setembro de 2017

A gringa sem sol

Ir à terra natal não a encanta. Não há nada aí que lhe provoque alegria, bem pelo contrário, às vezes. Certas ruas e locais fazem-na recordar coisas tristes. A oportunidade de poder ver algum familiar ou alguns amigos, isso sim, vale a pena. Calcorreia praticamente todo o centro da cidade a ver o que há de novidades, muitos turistas como sempre, em fim de verão, ou desde que a cidade se tornou património mundial.

Para seu desconsolo, no primeiro dia (domingo) em que decidiu ir passear, a tarde ficou cinzenta, e depois começou a chover, aquela chuva miudinha que parece insignificante, mas que molha e a roupa molhada faz ficar com frio. 
Fim do passeio num instante. Melhor voltar para um lugar acolhedor, ou para casa. Ainda assistiu ao final de um desfile de motas e motociclos antigos na grande avenida.
Enquanto esperava um familiar que ia passar pela baixa e poderia levá-la para casa, abrigou-se sob o alpendre de uma grande loja. De repente ouviu alguém ao lado dizer “de passagem pelo Porto?” ela olhou e disse de imediato “sim...” e ficou a olhar, se o rapaz a conhecia e ela nem sabia quem era… ele continuou “french or english?” então percebeu… lá estava ela a ser confundida com uma gringa… como sempre… até na sua terra natal! E respondeu “do Porto mesmo!”….e riram-se!



Era uma vez...

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Sexualidades

Sonho sexualizado

De repente, ela acordou de um sonho e, perplexa, ficou a pensar que tinha sonhado com algo que não costuma corresponder à sua realidade. Estava algures desfrutando de um momento carinhoso, erótico mesmo, com outra moça, bem mais jovem. Trocavam beijos quentes, mordiscadelas e afins, sentadas uma atrás da outra, encaixadas, talvez fosse à beira-mar. A moça mais jovem era muito linda.
Por que se sonha com algo que “não tem nada a ver”?! Comentava ela com uma amiga que a visitava. Nunca passou pela sua cabeça ter um relacionamento amoroso ou sexual com outro ser do mesmo género, apesar de não ter qualquer tipo de preconceito. Aliás, até achava mais excitante dessa forma do que entre dois seres masculinos. Vai lá saber por quê! 
Curiosamente (na vida real), nesse mesmo dia, mais tarde, descendo no elevador deparou com uma menina aparentando ter uns 15 anitos e era linda, toda perfeita, olhos verdes, boca sensual, um corpo a insinuar-se num conjunto de top e calção curtinho. Podia ser esta a menina do meu sonho, pensou ela.
(...)
Ao ouvir esta história sonhada, lembrei-me de algo que li um dia sobre sexualidades.
Numa explicação breve, a autora do texto – claro, só podia ser brasileira, pois no Brasil é que há os nomes adequados para tudo, praticamente - “ensinava” que neste mundão em que vivemos há 3 tipos de pessoas:

1. As alossexuais: aquelas que sentem atração sexual por outras pessoas. Elas olham para alguém > acham a pessoa atraente > ficariam com essa pessoa.

2. As demissexuais: aquelas que só sentem atração sexual por outras pessoas caso tenham algum tipo de ligação emocional / psicológica / intelectual.

- Cenário a) Ela olha uma pessoa > não sente nada. Pode ficar com essa pessoa? Pode, mas não sentirá nada, nem isso lhe dará prazer algum. Há quem se esforce e curta mesmo assim. Porém, a experiência poderá ser tanto indiferente como incómoda, do tipo de a pessoa esforçar-se e no final sentir-se como um pedaço de carne “abatido”.

- Cenário b) Uma pessoa olha para outra > conhece essa pessoa > as duas conversam > elas criam uma ligação (afeto) > essa pessoa passa a ser atraente para o demissexual.

3. As assexuais: aquelas que não sentem atração sexual de forma nenhuma! Até poderão apaixonar-se, mas jamais sentirão atração por alguém.

E…imagino quantas mais palavras haverá para definir algo nesta área, neste mundo cada vez mais (a)variado... Ainda há o poliamor, do qual me apetecerá falar, ou escrever um dia… 
Desta forma eu, demissexual assumida, vou adicionando novas palavras ao meu dicionário, ainda mais agora que se discutem coisas nunca antes vistas (pelos vistos), como a “identidade de género”…


(vivendo e aprendendo, sempre!)

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Não me apetece nada


Ao mesmo tempo que abro o meu blogue e quero pensar no próximo tema, e escrever o que me passa pela cabeça, “não me apetece” fazer nada, nem pensar em nada. Este pensamento contraditório é irónico e, simultaneamente, o texto vai crescendo quase sem eu dar por isso.
Todos os dias temos as nossas rotinas e há dias mais rotineiros do que outros, isto é, fazemos tudo automaticamente, quase sem ter de pensar no que fazemos. Por exemplo, o ato de vestirmo-nos... O ato de entrar para o carro e conduzir... Nos primeiros meses de condução (maçaricos ainda) tudo mete medo e nos preparamos muito bem, abanando o manípulo das mudanças, ajeitando o banco e ajustando o espelho retrovisor, antes de ligar a ignição. Depois desta rotina praticada umas “150 vezes” já quase entramos no carro de olhos fechados e pomo-lo a funcionar. Convém depois é abrir os olhos… especialmente quase ao chegar às passadeiras.
Aliás, aproveitando o “correr da pena”, nesta terra acontece algo raro: os carros esperam minutos antes mesmo de verem os peões a querer atravessar. Como pedestre (ou peona) reparo nisso e acho graça – dá até vontade de desfilar - mesmo assim, fico atenta e deixo-os passar antes de mim, se quiserem. Tenho tempo. Mas não querem. 
Como condutora, às vezes quase atropelo alguém, pois não estou acostumada e parece que eles aqui (os peões) se sentem donos e senhores, os “number one”, e praticamente exigem que o condutor adivinhe que vão atravessar, e reclamam quando quase passo por cima. Eu hein?!

Bem, sempre aprendendo novas “culturas”, pedestres e outras… acho que o que posso retirar de tudo isto é que, apetecendo ou não, com mais ou menos preguiça, as coisas vão acontecendo e vão-se fazendo… tudo num piscar de olhos. E não me apetece escrever mais…

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Coisas caricatas e aceboladas

Há uma coisa que me tira do sério e até costumo entrar em discussão (e reviro os olhos) por causa disso: por que raio as pessoas não usam uma cebola inteira ao cozinhar, e depois a outra metade tem que andar na geladeira a dar ‘cheirinho’, servindo ainda como um potencial íman para as bactérias, segundo dizem…(?) 

Se eu gosto de cebola (e de alho) - e sei que é tão boa para a saúde, repleta de diversos agentes anticancerígenos, poderoso antioxidante que protege o nosso organismo de doenças e do envelhecimento precoce - por que não hei-de usá-la logo toda, na sopa, no refogado, em qualquer tipo de cozinhado…
Serei eu a maníaca? As pessoas têm dificuldade em entender o meu ponto de vista e riem-se, mas sou assim. Riam à vontade, mas quando algo faz sentido para mim, não há quem me demova das ideias enraizadas! (algumas amigas que me leiam se lembrarão bem do que falo ahaha)

Porém… o que é essa ninharia (e outras) comparando com o mundo caótico em que se vive, pronto a explodir em qualquer momento, havendo loucos a governá-lo; relações familiares disfuncionais; crianças que desaparecem; a fome de alguns povos contrastando com as grandes riquezas; incêndios (neste país) que anualmente vão matando pessoas, e a esperança de quem deseja um mundo melhor para os seus filhos e netos. Difícil de entender estes atos assassinos, entre outros divulgados diariamente na imprensa….

E penso: feliz de quem consegue alhear-se de tudo isso. De quem conseguir ir ao baú da paz interior e retirar ‘meio quilo’ dela…juntar-lhe um mar ou rio tranquilo, com ou sem pôr do sol maravilhoso, ou uma planície verdejante, uma sombra e um banco para descansar. Atirar para a água o stress dos dias loucos, na areia enterrar as preocupações e os contratempos, nas nuvens cinzentas do céu esconder as tristezas… fechar os olhos e respirar fundo, sentir o cheiro a mar ou a verde, e quando for abri-los acontecer algo mágico: um sentimento benéfico de PAZ!

Façam o favor de ser felizes, espalhem magia, e curtam a cebola INTEIRA! 

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

A roda da vida

Outono da vida chegando?

Ufff está acabando a época estival. Começo a mudar de ideias, que as minhas estações preferidas serão a primavera e o outono, que está quase, já entra este mês. Posso dizer que sobrevivi ao verão, que canseira! Sem lugar para estacionar a viatura durante dois meses, em especial quando se vai às compras e é preciso carregar sacos para casa… Fim do stress.

O Outono chegou, viva! Vamos comemorar (e bebemorar, claro) a chegada da estação das folhas secas, que se desprendem das árvores e caem na terra, as cores pastel extravasando a moldura do nosso olhar. Será tempo de recato, de alguma nostalgia reflexiva, mas também de serenidade. Eventualmente recomeçam as questões existenciais da vida, por que estou aqui, a que vim, para onde vou, será que construí algo de jeito, deixarei um dia boas lembranças para quem cruzou o meu caminho?
Tempo de redefinir o sentido da vida, redescobrir e moldar o nosso «eu», rechear a vida de novos sentidos. Tempo de colheita e de alegria, de olhar para trás e ver quanta coisa boa já se fez…
A busca de sentido é que preenche o caminho que liga do nascimento à morte, num percurso mais ou menos longo, mas ao qual nenhum de nós consegue fugir.
Tenho boas amigas que já completaram os 60 anos de idade, eu estou a caminho, já faltou mais. Será que é nesta faixa etária que começa o 'outono da vida'? Então, melhor começar a gostar mesmo desse outono. Não ando nem um pouco preocupada com a idade, só se sente 'velho' quem quer… E eu quero é acordar todos os dias com objetivos, por mais simples que sejam, substituir lembranças pelo futuro - que é hoje / este momento - fragilidade por força, solidão por circulo de amizades!

Por vezes sinto-me estranha. Não por viver qualquer crise de identidade, ou por algum acontecimento com poder de despersonalização. Simplesmente começo a sentir-me cansada, de (não raras vezes) falar para pessoas que não entendem a mesma linguagem que eu. Ou seja, encontram-se em planos vibratórios diferentes do meu, e tenho que ter muita paciência. E são pessoas queridas para mim. Dou comigo a fugir, a procurar o silêncio, o momento em que mesmo que o pensamento voe à velocidade da luz estou a sós comigo e «curto» o meu SENTIR.

Será que (sem querer, e sem senti-lo) já entrei no outono da vida estando a refletir nestas coisas? Talvez, mas também porque é a vida… no outono. Tempo de nos afogarmos no sofá, de nos cobrirmos com uma manta de lã e nos deixarmos embalar pelo crepitar de uma fogueira, entregando-nos ao conforto de uma vida saboreada. 
Só por que estamos bem. Porque sim.

"Com 1 ano sucesso é conseguir andar.
Aos 3 anos sucesso é não fazer xixi nas calças.
Aos 12 anos sucesso é ter amigos.
Aos 18 anos sucesso é ter carta de condução.
Aos 20 anos sucesso é fazer sexo.
Aos 35 anos sucesso é ter dinheiro.
Aos 50 anos sucesso é ter dinheiro.
Aos 60 anos sucesso é fazer sexo.
Aos 70 anos sucesso é ter carta de condução.
Aos 75 anos sucesso é ter amigos.
Aos 80 anos sucesso é não fazer xixi nas calças.
Aos 90 anos sucesso é conseguir andar".


Assim é a vida. Não levamos nada dela.
Então... para quê perder tempo a pensar em coisas negativas e outras sem sentido?

Todos terão o mesmo destino, independentemente da condição financeira e da classe social.
Portanto, vamos amar mais, brincar mais, perdoar mais, e aproveitar mais a vida!
Sucesso É Ser Feliz!