Ainda no seguimento do meu texto relações/ralações, calhei
de encontrar este artigo escrito pelo Dr. Drauzio Varella, médico oncologista,
cientista e escritor brasileiro, onde está tudo dito como se (man)ter uma
relação a dois saudável. Não partilho aqui o link porque é tanta publicidade pelo meio quando tentamos ler este
tipo de artigos que ‘enche o saco’, então apenas transcrevo o respetivo texto, que
merece ser lido:
“Para que serve uma relação…?
“Uma relação tem que servir para
tornar a vida dos dois mais fácil”.
(…) Algumas pessoas mantêm relações para se sentirem
integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser
amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à
frustração. Uma armadilha.
Uma relação tem que servir para você
se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e
discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após
o jantar, pregado.
Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao
cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você
prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante,
para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode
com isso.
Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e,
quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa
bonita a seu modo.
Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas
inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as
pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa,
principalmente em casa.
Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento
de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem
o corpo um do outro, quando o cobertor cair.
Uma relação tem que servir para um
acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um
abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se
para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.”
Apenas e só isso! Porém, na prática nada parece assim tão
simples… e daí tanta gente solta.
Cada vez há mais pessoas a preferirem viver sozinhas, tanto
homem como mulher. Onde anda o nosso ou a nossa “mais que tudo”? Com tanto
egocentrismo, que até dói, mas até entendo - quando as pessoas já passaram por uma
ou mais relações anteriores que as fizeram sofrer - anda tudo a viver na
defensiva… E assim vai-se encontrando por vezes umas aves raras que nem se
tocam do ridículo ou do mal que fazem a si próprias/os, e aos outros, eventualmente… Vê-se de tudo: mulheres que aceitam
qualquer coisa com medo(?) de estar sós (felizmente há também muitas que não aceitam),
cada vez mais homens que arranjam uma forma de ‘encostar-se’ (literalmente) a
mulheres com uma vida já desafogada e assim é mais cómodo (inversão de papéis, é justo...)…e por aí fora...Vidas frustradas,
quantas, todos sabemos…
Curiosamente reparo, quando passo por um casal, lá vão os
dois de cara sisuda, mesmo de mão dada; se passa um pequeno grupo de mulheres,
todas elas vão divertidas com algo, com risos na cara! Notam-se estas
diferenças, quem quiser reparar…
Mesmo de propósito! Tinha eu preparado este rascunho quando
fui dar uma caminhada até ao molhe, aproveitando a trégua da chuvinha chata.
Passaram dois jovens ciclistas em sentido contrário, um seguramente estaria
perto dos 20 anos, outro não sei se chegava aos 30. Falavam alto, sei lá
porquê, e quase me apeteceu ir atrás para poder apanhar o resto da conversa
entre homens. Só ouvi o mais velho “não é
que eu queira ficar sozinho; claro
que quero ter alguém na minha vida; mas não quero uma gaja toda rebentada!”…
Fiquei a pensar no adjetivo, rebentada?! Parece que andamos
todos rebentados com a vida, daí que estamos todos na defesa, em qualquer
idade! Já há muita gente que se rebenta ou deixa rebentar-se demasiado cedo, ai
que horror.
Neste mundo que ficou doente, indecente, já ninguém quer apaixonar-se
por ninguém. Fica mais prático andar na curtição, viver o momento fugaz, ou
seja, usar e ser usado. Onde andam os cavalheiros (os de antigamente), aqueles
que batalhavam pelo amor de uma mulher, batalhar no bom sentido, porque nada na
vida deve ser uma luta, ou fica cansativo, apenas um esforcinho para algo valer
a pena!... Quando de repente lhes ofereciam flores, ou mandavam um piropo simpático
(agora a tudo se chama assédio sexual, raisparta),
quando lhes escreviam bilhetinhos ou cartas de amor… ‘pequeninas’ grandes
coisas que faziam uma mulher sorrir, e apaixonar-se… chamem-me antiquada, ou o
que quiserem…
Atualmente está tudo em desuso… com esta mania das mulheres
quererem comandar o mundo (nada contra, mas cada macaco no seu galho), são eles
que desistiram e ficaram os frágeis, os que (receosos) deixaram de ter
iniciativa e esperam (sentados, digo eu)…
Posso estar enganada, ou serei exagerada, mas falo do que vou
registando ao meu redor… E…vendo tanto gajo por aí, parvo e desinteressante (me
perdoem os doces homens, os inteligentes e/ou interessantes), para que uma
mulher quer um homem, se não for para agradá-la e fazê-la feliz, em todos os
aspetos, dando-nos vontade de retribuir igualmente…
Há quem não goste de estar só, mas também não está com
paciência para aturar ninguém… como ficamos? A continuar
assim, mais vale mesmo rebentar com tudo e fazer um reset neste mundo doido…
“Ninguém é de ninguém mesmo
quando se ama alguém”