quinta-feira, 25 de outubro de 2018

No escurinho do cinema...



“A star is born” – Nasce uma estrela
“The Wife” - A Mulher

      Às vezes ando meses sem ir ao cinema, com muita pena minha, por falta de lembrança, de tempo, ou outra coisa qualquer. De 22 a 24/10, até ontem portanto, foi o festival do cinema com bilhetes a 2.50€ em todo o país e - claro - toca a aproveitar, sem desculpas! Fui ver dois filmes que gostei muito. Ambos, de maneira diferente, abordam temas sensíveis, de relacionamento, amor sofrido, que nos deixa a pensar: por que tem que ser tudo tão difícil e doloroso na vida, ainda mais quando se trata do Amor… incoerência dificil de assimilar…
      “A star is born”
      Já tinha ouvido falar muito bem deste filme, e ainda por cima protagonizado por Bradley Cooper (Oh my gosh, que feliz é a Irina ex CR haha),  então tinha que assistir a este em primeiro lugar. Não imaginava também ver Lady Gaga bonita na sua simplicidade, assim sem máscaras nem adereços, e como é boa atriz!
      O filme arrasa logo nos primeiros segundos com a energia de um solo de guitarra nas mãos do Bradley que me deixou boquiaberta Uaaaau começa bem! (além de lindo será que ainda toca de verdade?)… Assim começa a história, com desespero, pessimismo, cinismo, numa guitarra raivosa a querer destruir o mundo por não se conseguir tomar conta dele. E depois… todo o Amor  a ser vivido por duas pessoas que se apaixonam perdidamente uma pela outra, para o bem e para o mal. Dramalhão inspirador. Como a Vida, que é desmancha-prazeres. E nós, público, gostamos imenso disso: ver indivíduos imperfeitos que tentam a todo o custo recolher os cacos de si mesmos e reconstruirem-se ou, pelo menos, ajudar aqueles a quem amam. Quase podia encontrar alguma parecença com uma parte da minha vida, e não seria a única no mundo… “Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência” (dizem, ou antes diziam…)
      O nosso amor, a nossa saudade do amor, a nossa necessidade de amor, a nossa carência de amor reconhecem-se no amor dos protagonistas. Chorei ao ver a personagem de Lady Gaga tentar a realização do seu sonho – uma carreira bem sucedida e premiada de cantora/compositora - com a grande ajuda do seu Amor, a Estrela que estava em decadência e queria passar o seu Brilho para quem amava. Lindo de morrer.

      Em “The wife”, drama protagonizado pela dupla Glenn Close e Jonathan Pryce, ela (a mulher)  representa a esposa que amou e viveu devotada ao marido, um escritor famoso. Porém, no momento em que ele se prepara para receber a maior honra da sua carreira, o prémio Nobel, ela chega ao limite da tolerância quanto ao comportamento abusivo e infidelidades do marido ao longo dos 40 anos. Confrontada por algumas verdades, percebe finalmente todo o egoísmo, machismo e repressão que a impediu de tornar-se uma escritora, sonho seu desde a juventude, quando sentia que não tinha talento suficiente para escrever (naquele tempo - séc. XX - as mulheres não tinham o mesmo crédito dos homens, e ainda há casos hoje em dia!), então entrega-se por completo ao marido, tornando-se a sua “âncora”.  
      É caso para dizer-se que por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher e, neste filme, por detrás da grande atriz que é Glenn Close há é uma história terrível que demonstra claramente como, em todo o mundo, muitas mulheres fizeram dos maridos grandes personalidades, quando o verdadeiro talento estava do lado feminino.
      Diz a atriz numa entrevista "Acho que muitas mulheres passam grande parte da sua vida a esconder a sua luz e a dá-la a outra pessoa, aos seus maridos ou parceiros, e acredito que é um ato de coragem uma mulher deixar a sua luz brilhar".
      Ir ao cinema é como viajar pelas grandes emoções, pelo sonho e fantasia, enquanto não temos tempo para vivê-los na correria da Vida que levamos (ou nos leva). Lembrando Shakespeare: “Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança.

Sendo assim, a vida precisa dos sonhadores, já que sem eles, a luz a que os poetas dão o nome de esperança desaparece e a vida torna-se um lugar gelado, cheio de neblina e extremamente escuro. A vida fica sem graça e nós… Ah, nós paramos de sentir e tudo se torna mecânico e desprezível, pois, como disse, quem um dia conhece o céu, jamais se acostuma com gaiolas. Nós tão somente fingimos que nos acostumamos, porque não temos coragem para ser o sonhador que habita o quarto dos fundos do nosso peito e, assim, esses tempos tornam-se difíceis para os sonhadores, que não querem nada além da liberdade de poder enxergar nas pequenas coisas as maiores felicidades da vida.” (pensarcontemporaneo.com “São tempos difíceis para os sonhadores”)
      Escolhi dois filmes sem finais felizes, mas só o primeiro me fez chorar, felizmente não era a única… afinal, a vida nunca tem um final feliz, é desmancha-prazeres sim, por mais que nos esforcemos por vivê-la da melhor forma, com todas as futilidades implicadas. https://www.youtube.com/watch?v=bo_efYhYU2A
Carpe diem, what else?

3 comentários:

  1. Adorei toda a tua escrita e análise ao filme... aos dois.
    Super interpretação e tudo de maravilhoso tão bem descrito por ti.
    Menina sensivel que és, previa que chorasses...
    Não é mau o fazer saltar as lágimas por aquilo que nos fazem sentir.
    O filme é um 5*****
    A história simples mas bela e tranfere-nos para a realidade.
    Fiquei contente por te saber feliz e por teres gostado!
    O outro também bom mas semtanta força sentimental... pelo menos na minha forma de analisar.
    Importante saber-te sensivel com coisas reais.
    Fica bem e Bjs!

    https://youtu.be/wqLWmamsf_Y

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  2. Obg Rafael pelo link onde está compilada toda a música do filme. Muito boa. Bj e tudo de bom pra ti.

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  3. "Enquanto houver um louco, um poeta e um amante, haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança"

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