Apesar de haver quem queira dar a impressão de ter uma
família perfeita "é tanga". Todas têm os seus quiproquós, é
evidente, uns mais outros menos graves. Mas com amor e perseverança, tudo se
resolve e a vida continua. Há umas que demonstram claramente o sentimento que
existe entre todos os seus membros, há abraços, sorrisos, muita cumplicidade...
e há também aquelas que querem aparentar ser o que não são, ostentam uma
fachada, mas cada um sabe o que vai dentro da sua casa, ou não vai...
Falando da minha, está mesmo longe de ser perfeita. Segundo alguns
estudiosos, ou mesmo a teoria espírita, não é à toa que nascemos num
determinado núcleo familiar. Antes de nascer, escolhemos a encarnação, ou seja,
a família na qual iremos nascer de acordo com o que temos que aprender
nesta vida. Sem entrar no assunto da reencarnação (na qual pouca gente
acredita), acredito sim que nascemos cercados por um grupo de pessoas que
nos recebe, bem ou mal, para nos ensinarem alguma coisa e também aprenderem
connosco... E eu ainda ando a tentar perceber por que escolhi esta que
tenho. A verdade é que tenho aprendido muito, e sinto que aos poucos vou
evoluindo e me tornando a pessoa que devo ser.
Já foi o tempo em que me entristecia com o afastamento emocional que
existe entre nós, ao ponto de uma mãe com quatro filhos sentir solidão (isso
não é normal, digo eu...) mas agora relevo... esse distanciamento fez-me ficar
mais próxima de certas amizades que são como família. Talvez faça
parte do carma de cada um ou de cada família. Mal conheci meus avós, mal
convivi com qualquer familiar incl. a madrinha que me deu um nome do qual nunca
gostei. A partir de certa idade adotei o diminutivo "Lina" e assim já
gosto mais. Mudaria o meu nome na boa, se fosse fácil ou permitido...
Sinceramente, mesmo assim, agradeço ao universo, ou
talvez a mim mesma, por ter nascido na família que nasci, pois aprendo muito e
cada dia mais com eles (mesmo distantes), dentro e fora de mim. O que ensino a
eles? Bem, isso só eles poderão dizer.
Chegou dezembro, começou o clima de natal, lá vem a apologia da
família bla-bla-bla, mas esta quadra festiva deixou de ter sentido para tanta
gente porque, durante o ano, onde está esse espírito bondoso e natalício? E
depois chega o dia 24/25 (e depois ainda o dia 31) e é só reunir todos e mais
algum à volta da mesa e "enfardar" para nos dias seguintes andar a
chás ou tomar guronsan...
O Natal está bom para as crianças, com a sua alegria e
ingenuidade, mas o consumismo desenfreado é algo assustador. Neste período natalício,
somos massacrados com publicidade constante para comprar, comprar, comprar.
Hoje as crianças não se contentam apenas com um presente pedido ao Pai Natal,
mas fazem listas de brinquedos enormes e ficam frustradas quando não os
recebem. E é justamente nesta época que vemos as grandes diferenças entre as
famílias, umas não têm sequer o que comer, outras esbanjam-se em coisas
supérfluas. Mundo desequilibrado este. E os pais deviam ensinar-lhes que é
importante partilhar e preocupar-se com o próximo, os outros meninos e meninas
que nada têm... Através de uma criança que aprende os valores da vida (tanto em
falta ultimamente) poderemos vislumbrar o início de um mundo melhor.
Para Osho - um
místico / líder espiritual que gosto de ler - a família está obsoleta e é
a causa raiz de milhões de males, que vão passando
de uma geração para outra. Os filhos recebem dos
pais como herança desejos insatisfeitos, frustrações,
ambições incompletas...
No ocidente, de acordo com estatísticas, um terço dos casamentos
acaba em divórcio com todas as horríveis batalhas legais sobre os filhos e
sobre os bens. A maioria de todos os assassinatos e crimes violentos do mundo
acontece dentro de casa, entre os membros da família... Hoje em dia
há filhos que se ausentam, vão para longe procurar oportunidades de
emprego e de vida; pais que tentam fazer o mesmo, em qualquer idade. Famílias
desfeitas. Quem sabe, a data natalícia tem isso de bom: reunir todos novamente
e matar a saudade uns dos outros.
Há poucos dias soube que uma boa amiga vai em breve para a
Austrália tentar um emprego, deixando aqui os 3 filhos, a quem ela pretende dar
um futuro "risonho". Que a sorte esteja com ela e tenha sucesso, tão
longe!
Minha árvore de Natal 2015 |
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