É raro viajar, mas quando é para ser de avião quase na hora
da partida é sempre uma sensação de aventura/medo, por mais que a viagem seja
curta e o avião seja considerado um dos meios de transporte mais seguros do
mundo.
Melhor nem pensar em nada, abstrair-se de qualquer pensamento ruim (eventualmente
derivado de notícias recentes) e desfrutar do voo. Pensar como o homem é capaz
de grandes feitos e como é bom estar em tão pouco tempo no lugar de destino.
Olho para os outros passageiros, e imagino se pensarão o
mesmo que eu. Uns fecham os olhos e tentam dormir, talvez tenham tomado algum
drunfo para relaxar durante a viagem, outras agarram-se ao telemóvel que deve
ser logo desligado, mas ainda estão com as últimas despedidas… casais vão de
mãos dadas e aos beijinhos, aproveitam para namorar e afastam o stress… depois
vêm as ou os assistentes de bordo distrair-nos com as medidas de segurança,
como devem ser colocadas as máscaras em caso de falta de ar, quais as portas
por onde devemos atirar-nos se acontecer algum acidente, além de nos
aconselharem a ler as instruções na nossa frente… E vale a pena? Quase ninguém
liga, seja o que Deus quiser, e vamos lá…
Quando o aparelho levanta voo é um instante, logo a seguir
acendem-se as luzes e já vamos mais calmos, nuvens adentro, às vezes ainda se
assiste a um belo por de sol…
Viajar de avião não é para qualquer um(a), muito menos para
quem sofre de claustrofobia. Pensar que vamos fechados naquela coisa pesadíssima
a planar, com tantas vidas lá dentro. Porém, é uma sensação indescritível ir
junto à janela e olhar para baixo, ver todas as luzinhas da grande cidade,
identificar aqui e ali um lugar conhecido ou, quando mais alto, ver as de
outros lugarejos minúsculos onde alguém estará morando, longe de tudo e de todos.
Nunca me esqueço, em 2009, eu tinha viagem marcada para voltar
a Portugal, poucos dias depois daquele terrível desastre do voo Air France 447
que caiu a meio do oceano entre o Rio de Janeiro e Paris, inexplicavelmente…
até decidi adiar a minha viagem, a fim de recuperar o ânimo.
Quando o aparelho aterra, é outra sensação de aperto no
estômago, não vá o avião entrar pelo aeroporto ou terra adentro. Nenhum destes
pensamentos ocorrerá para quem vive a voar. Imagino que essas pessoas vivem
entre o céu e a terra, e nada lhes assusta.
Agora fez-me lembrar do livro “Fernão Capelo Gaivota” que
conta a história de uma gaivota que não quer apenas voar, mas quer melhorar no
voo a cada dia, e para isso precisa de enfrentar muitos desafios. Os seus lemas
são “Nunca desista” e “Nem o céu é o limite”.
Assim como na ficção do livro, na vida real também encontramos
pessoas que acreditam nos próprios sonhos e buscam o que querem, mesmo quando
tudo parece conspirar contra isso.
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