Sábado 4-2-2017
Escrevo esta data e reparo
que é aniversário de uma prima minha, procuro no facebook e…oh carago, já não é
minha amiga…ok - ahahah só me rindo com estas modernices (é a cena do
tira-e-põe…). Mandei sms, quem sabe ainda tem o mesmo nº de tlm… who cares?
Hoje é sábado, dia de dormir
até ser (de) tarde, parece que nunca deixei de ser como era em bebé, diz a
minha mãe que não gostava de comer e só queria dormir; ou fui mordida pela
mosca tsé-tsé, ou estou mesmo a hibernar… mas o que interessa isso? Importante
é que dormir é bão e gosto muito!!!
Dia de fazer a minha
caminhada ao acordar, ou andar de bicicleta. Está um dia cinzento, fico
nostálgica… Quem disse que estou sozinha? A chuva (pouquinha, passou logo, foi minha amiga)
é boa companhia, posso falar com as florzinhas, as árvores, os passarinhos
barulhentos, o gatinho que passa também sozinho, ou o cão; digo olá ao menino
estranja que parou com o seu triciclo e ficou a olhar para mim… Posso falar com
o sol, com as estrelas – as visíveis e as que já partiram – com o mar, as
nuvens, comigo mesma…
Quem se queixa de solidão só
pode ter algum tipo de dependência… com tanta companhia ao nosso dispor, por
que não sentir-nos sempre bem e felizes?… Às vezes me pergunto se serei normal,
é que gosto mesmo de ser/estar sozinha. Habituei-me, na boa, porque nasci numa
família pequena, tão pequena que até vai desaparecendo… Sendo o ser humano um animal
de hábitos, é assim, e há quem se acostume ao desassossego e não se daria bem
no meu lugar, por isso o mundo se torna tão interessante, com toda essa
diversidade. Que chato seria se todos gostassem só do amarelo… pois aquela
teoria poética de que “ninguém é feliz sozinho” dá que pensar.
Quem estipulou que o normal
é ter família, com todas aquelas confusões de pais/filhos, avós/netos/sogros e
afins, e outros atritos familiares? Costuma-se dizer “é para o que cada um
nasceu” e é bem verdade. Há vidas tão confusas, que penso para mim “que sortuda
eu sou”!https://www.youtube.com/watch?v=iWhkCuff9OM
Domingo
Dia com mais sol, percorro a
cidade de bicicleta, adoooro! Passei por acaso na feira das velharias e já estava
na hora de arrumar. Pensei em uma amiga que provavelmente estaria lá, e estava,
mas nem parei. Desde que mudou de endereço, nunca mais deu sinal de vida, e eu também
só procuro quem me procura, pois cansa um pouco ser sempre eu a visitar as
pessoas.
São assim certas amizades, e
certos familiares, mas família temos que a chamar de nossa, não tem outro
jeito.
Porém… o que é isso comparado com as notícias com que somos confrontados
constantemente, sobre o facto de, em pouco tempo, uma em cada três pessoas terá
cancro… (pudera, com os alimentos cada vez mais contaminados ou plastificados)... ou que há a possibilidade de desaparecerem milhares de pessoas em Portugal (sobretudo,
de Lisboa para baixo) devido a sismo ou terramoto, e que os prédios não estão
preparados para isso… (e então, o que há a fazer, viajamos todos para Marte?) Ou
seja, querem que andemos todos os dias alarmados com tudo e mais alguma coisa, e…daqui
a cem anos já ninguém se lembra disso nem do FB ahahaha
Não há nada como uma
consciência tranquila, uma vida pacata, e saber que há sempre alguém que nos
quer (bem), e está à mínima distância de uma chamada telefónica!
O resto são
“paroles paroles”… https://www.youtube.com/watch?v=_ifJapuqYiU
"Antes
de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma
temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será.
Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.
A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é."
A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é."
Arthur
Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'
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