quarta-feira, 15 de março de 2017

19 de março

Está a chegar o dia do PAI e ainda não tinha escrito sobre Ele. 
Fiquei sem o meu aos 40 anos, e ele partiu com 67, tão novo ainda. Tinha entrado na reforma e parece que já nada fazia sentido, então a doença aproveitou-se disso e fez-lhe a vontade… Para quê continuar aqui? São sensações estranhas estas, de não conseguir chorar a perda de um ser amado pois pressente-se que estará a caminho de um lugar melhor, quando este aqui não foi o Éden, nem pouco mais ou menos. Tempos difíceis antigamente, de miséria e de ignorância. Hoje em dia também há disso, mas noutro sentido, é mais a miséria moral e espiritual.
Nos últimos dois anos da doença já andava de hospital em hospital e era tão dolorosa a hora da visita, que palavras dizer, mesmo ele mantendo aquele sorriso e dizendo algumas brincadeiras, para aliviar o ambiente. Quando esteve num hospital perto do meu local de trabalho, ainda conseguia dar uma escapadinha na hora do almoço para ir vê-lo, e foi a última vez num desses dias. Felizmente havia os outros filhos (e a minha mãe, claro) que podiam estar mais tempo junto dele.
O que consigo lembrar do meu Pai? Que fui a sua primeira filha... soube um dia que ele preferia um rapaz, e dizia assim “se vier menina, devolvo-a à fábrica”… mas depois sei que gostou da menina que veio, que era ligada no pai, como são todas as meninas… 
Foi ele quem me ensinou a nadar, pegava em mim e atirava-me ao mar sem dó nem piedade, depois explicava-me como mexer os pés e as mãos, e eu desenrascava-me. Não era muito de acarinhar e pegar ao colo, ninguém pode dar o que nunca teve, mas era um pai divertido e que divertia. Quando lhe elogiavam os filhos, dizia sempre que eram os seus herdeiros...das dívidas! Gostava das coisas mais simples, contentando-se com muito pouco nesta Vida.
Em jovem tinha sido atleta de basquetebol pelo FCP; mais tarde, em Angola, foi treinador e quando eu era adolescente quis por-me também nessa modalidade, ainda treinei algumas vezes, mas a mãe queria-me em casa a ajudar, e desisti...
Atualmente as relações pai/filho ou filha são tão diferentes! Muitos homens são loucos para ser pais, e depois estragam com tantos mimos. Frequentemente vemos o pai a empurrar o carrinho de bebé pela rua, ou a transportar a criança ‘a tiracolo’ aconchegando-a junto ao seu peito no sling, uma prática que remonta à antiguidade e que nos recorda o continente africano e asiático, e que se tornou uma tendência popular na Europa e Estados Unidos. Além de pais-galinhas, agora são pais-cangurus. E com tanta condescendência, parece até que são eles que amam mais os filhos. 
Agora há a 'versão CR', pelas notícias que lemos, de usar barrigas de aluguer em outros países para ter um filho só para si, assim esse pai não terá que dividir com mais ninguém o amor de uma criança; e como será o futuro emocional dessa criatura que não conhece o amor de mãe? Algum dia perguntará por Ela? E o amor de avó ou de tia(s) estará devidamente à altura? Tudo isto me faz pensar, fico perplexa com este mundo moderno.
E, ainda, há aqueles pais desnaturados (uma minoria, creio) que rejeitam um filho, e não sabem o crime que cometem, essa criança nunca vai atinar na vida, conheço caso(s).
Entretanto, não há dúvidas de que a relação que uma mãe e um pai têm com a criança é muito diferente, e isso pode ser saudável, porque os dois complementam-se e ensinam coisas distintas ao filhote. 

Encontrei por acaso uma lista de atitudes clássicas de mãe e pai, cuja autora convida a compartilhar, para rir ou levar na brincadeira, pois  a realidade agora é bem diferente, conforme eu dizia atrás:

A diferença entre ser mãe e ser pai
       ·         A mãe sonha em fazer o quartinho perfeito do bebé, com a combinação de cores ideal.
       ·         O pai perguntará “mas para que raios é necessária tanta mariquice…?!”

·         A mãe acorda sem que o bebé precise de chorar (ela vai lá só para conferir que ele está a respirar!).
       ·         O pai só acorda depois que o bebé já está aos berros por mais de dez minutos (e mesmo assim ele primeiro certifica-se se por acaso a mãe já foi lá resolver o assunto).

·         A mãe vê o filho a chorar com cólicas e até chora junto.
       ·         O pai pendura a criança no braço, quase de pernas para o ar, e fica a andar pela casa (e não é que funciona?).

·         A mãe sente o cheirinho do cocó na fralda a uma distância de 5 metros.
       ·         O pai não sente nem a 30 cm (e, em caso de dúvida, só vai trocar a fralda no final do dia!).

·         A mãe coloca primeiro a papinha na palma da mão para saber se está quente.
       ·         O pai prova com a colher do bebé e ainda aproveita mais umas colheradas (afinal, está tão gostosa!).

·         A mãe leva o bebé a passear com a roupa e a mantinha a combinar.
       ·         O pai esquece-se da manta e ainda coloca uma meia de cada cor.

·         A mãe morre de medo de dar-lhe banho e a criança escorregar.
       ·         O pai acha piada quando o filhote faz caretas ou beicinho pois esteve quase a afundar-se.

·         A mãe se pergunta por que o pai é tão desligado.
       ·         O pai se pergunta por que a mãe é tão stressada.

·         A mãe brinca com o bebé falando de jeito engraçado e fazendo macacadas.
       ·         O pai atira a criança ao ar (e a mãe tem certeza de que o filho vai cair ao chão!).

·         A mãe brinca às escondidas, tapa o rosto com as mãos e diz “cucu!”.
       ·         O pai esconde-se atrás do sofá e dá um susto tão grande, que a criança sai a chorar pela casa!

·         A mãe sai para passear com o bebé no carrinho enquanto pensa na próxima mamada.
       ·         O pai sai a correr com o carrinho para “dar emoção”.

·         A mãe sempre leva uma frutinha quando sai de casa, no caso de o bebé ter fome.
       ·         O pai compra uma sanduíche e deixa o bebé dar uma dentadinha.

·         A mãe vai falar com a coordenadora na escola quando alguma criança bate no seu filho.
       ·         O pai diz ao filho que da próxima vez ele tem que se defender.

·         A mãe deixa o último pedaço do bolo de chocolate para o filho comer.
       ·         O pai chega enquanto o filho está a comê-lo e briga ‘de mentirinha’ (ou não!) pelo pedaço.

·         A mãe diz ao filho que primeiro ele tem que fazer os trabalhos para casa (TPC), depois pode brincar.
       ·         O pai chega a casa e vai jogar à bola com o pequeno, e os TPC ficam para depois!

·         A mãe vê o filho a fazer birra e sai de perto para não esganá-lo.
       ·         O pai põe-se a escutar música rock na sala e simplesmente não ouve mais nada!

·         A mãe levanta-se durante a noite para cobrir o filho.
       ·         O pai pede à mãe uma cobertinha para cobri-lo.

Conclusão: não existe mãe de filho único! Porque, além de cuidar da criança, ela tem ainda outra, do tamanho dela!

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