21-05-17
Hoje foi um domingo
‘chocho’, nem sabia o que fazer: caminhar? andar de bicla? Porém, até para
andar de bicicleta é preciso saber que caminho seguir, ter um objetivo, tal
como em nossas vidas. Então preferi caminhar, aproveito para ir apreciando
melhor o movimento, que era pouco, ninguém na areia, e as esplanadas com muitos
turistas. Apercebi-me de duas criancinhas estrangeiras (irmãos talvez) a
brincar na areia, a mais velhinha de uns 3 anos tinha prazer em bater no
irmãozinho com algo que me parecia um pedaço de madeira leve, deve ter magoado
e o outro chorou muito, então ela vinha a seguir e abraçava-o. Até que chegou a
mãe e repreendeu-a, abraçando o pequenito. Pensei no ser humano, como é tão
estranho, logo desde pequenino: primeiro dá porrada (emocional ou outra) e a
seguir quer ter pena e vir ajudar o coitadinho… ai que horror, o que passa por
esta cabeça…
Bom, voltando ao tema da
chochice, parece que eu trouxe o frio do norte, consta-se que ultimamente tem
havido lá melhores temperaturas. Vou ver a parte positiva da coisa: o sol faz
mal, melhor assim, sem calor demasiado não há o incómodo de ficar a suar e,
afinal, o meu domingo é pequeno, tem doze horas apenas e tento aproveitar da
melhor forma, depois de na noite anterior ter assistido a uma peça de
dança "Antes que matem os Elefantes" da coreógrafa Olga Roriz, que
tem como temas centrais a guerra, o seu impacto no ser humano, a morte e a
sobrevivência; um alerta para uma reflexão coletiva sobre o conflito na Síria e
a situação dos refugiados. Uma atuação comovente de um grupo de sete jovens
atores. Já não me lembrava de ir ao teatro.
Em breve farei uma pausa
no meu blogue. Uma amiga vem de outro país para morar em Portugal, escolhendo o
lugar onde vivo para instalar-se e ter o meu apoio em tudo o que for
necessário. A amizade é assim, pelo menos para mim. Portugal está na moda, há
lugar para todo o mundo, e todos são bem acolhidos. Somos um povo especial,
particularmente o do norte. Alguém terá dúvidas?
E a seguir irei alguns
dias de férias para junto de outro mar que não o Atlântico; quem sabe,
finalmente vou poder mergulhar, e nadar…
Sejam
felizes sempre, e portem-se (bem) mal na minha ausência!
“Por
onde reabrir caminho, qual o tema, a terra, o objetivo? À procura de nós, dos
nossos detritos.
Em frente… sempre em frente, não olhar para trás. Olhos fechados, sem querer pensar, o frio, o medo do frio, a fome.
Ali em lugar nenhum, lugar perdido, duro, rasgado.
Ali, o lugar da ânsia do desconhecido. Memórias de estômago vazio.
A escuridão, o corpo colado a outro corpo e a outro e a outro…
O filho de encontro ao peito, cobertor às costas e malas, sacos, bonecos, entre uma outra pequena mão de carne e osso.
Pés devastados, pisados de cada poeira. As pedras…
O céu espesso, um céu aberto e a cabeça a estalar. Já não se sabe da dor, já se perdeu a ira.
A dúvida, a insegurança e a pequenez cansa.
Perdido o mínimo poder, perdida a dignidade, cansa.
Demolida a última réstia de humanidade, cansa.
E porquê eu?”
Em frente… sempre em frente, não olhar para trás. Olhos fechados, sem querer pensar, o frio, o medo do frio, a fome.
Ali em lugar nenhum, lugar perdido, duro, rasgado.
Ali, o lugar da ânsia do desconhecido. Memórias de estômago vazio.
A escuridão, o corpo colado a outro corpo e a outro e a outro…
O filho de encontro ao peito, cobertor às costas e malas, sacos, bonecos, entre uma outra pequena mão de carne e osso.
Pés devastados, pisados de cada poeira. As pedras…
O céu espesso, um céu aberto e a cabeça a estalar. Já não se sabe da dor, já se perdeu a ira.
A dúvida, a insegurança e a pequenez cansa.
Perdido o mínimo poder, perdida a dignidade, cansa.
Demolida a última réstia de humanidade, cansa.
E porquê eu?”