sexta-feira, 19 de maio de 2017

País dos 3 efes

Portugal, país dos 3FFF. Esta expressão surgiu pós 25 de abril com a suposta intenção de caracterizar negativamente e de forma simplista o Estado Novo, cujo lema era “Deus, Pátria e Família”. 
O fim-de-semana passado (13 e 14/5/2017) ficou para a história pois foi pródigo em festejos, para orgulho dos Portugueses, reforçando a ideia daquela nova trilogia - Futebol, Fado e Fátima, e faço questão de deixar registado no meu blogue:
- A visita do Papa Francisco a Fátima, para celebrar o centenário das aparições.
- No campeonato nacional de Futebol, a vitória daquele clube ao qual chamam glorioso e que atrai tantas pessoas, por acaso também conotado com o antigo regime (tempo do Eusébio). Gostaria de dizer “parabéns campeão”, mas irrita-me a ousadia de quem ganha e pensa logo que é o maior e que ninguém mais ganhou algum dia… quando outro(s) já foi ou foram gloriosos antes deles… Mas enfim, é pura perda de tempo discutir futebol, política ou religião…
- E, ainda, a vitória portuguesa de Salvador Sobral no Festival da canção.

Não vibro com futebol, apesar de gostar que ganhe o da terra onde nasci que, por sinal, é ou era (até agora) o único clube pentacampeão em Portugal (este não é um pormenor, mas um pormaior! HiHiHi), e gosto quando é para apoiar Portugal em competições internacionais. Em vez de ser um desporto-espetáculo de “fair play”, infelizmente, agora é encarado mais “como aglomerador de massas, de duvidoso gosto popular, potencialmente subversivo e portanto perigoso para a paz social, feita de repressão e apelos ao conformismo (como o fado)” (António Pedro Vasconcelos).
Não sou nacionalista, sinto-me mais uma cidadã do mundo, nem sou católica praticante, apesar de ter sido educada para isso. Prefiro ser adepta do espiritualismo universalista; mas adorei ter um fim-de-semana prolongado e festivo, vibrando com a ideia de o nome PORTUGAL ser falado nos quatro cantos do mundo, a influenciar e inspirar milhões.
Sobre a música que Portugal levou ao festival, houve alguém (emigrante, talvez) a comentar no Facebokas “expliquem-me como é possível alguém ir representar Portugal no festival sussurrando uma canção?”. Confesso que praticamente concordei, eu ainda mal tinha ouvido a música e já havia um burburinho em torno disso, depois foi o assombro geral, ganhámos!!! Agora posso tirar as minhas próprias conclusões: a letra daquela música melancólica fala de sentimento, AMOR, que tanta falta está fazendo no mundo, a todos os níveis, cantada por um jovem frágil e despretensioso capaz de uma performance e influência poderosas, tal como este país. A música com muito barulho deixemos para abanar o capacete quando formos à disco, ou dentro do nosso carro, se nos apetecer (às vezes, para espantar os maus espíritos hehe). Por falar em barulho, alguém viu na TVI a C. Ferreira a fazer a reportagem no santuário em Fátima antes da chegada do Papa? Eu nem podia acreditar, parecia que estava num dos seus programas diários, com aquela voz estridente (da mesma escola da J. Pinheiro?) e às gargalhadas, mudei logo de canal.
E outra: acabou a visita papal e havia pessoas (sem carro) desesperadas durante horas à espera de um transporte público para voltarem às suas casas; parece que as empresas venderam bilhetes de ida e volta e depois mal se organizaram. Lá se foi toda a santidade do momento. A vida voltava ao normal, com loucura e delírio, e insultos.
Hoje a minha língua está viperina e estou com vontade de “picar”. Mas não se zanguem comigo, os da equipa adversária, pois sou gente boa e pacífica. LOL

Sente-se que Portugal está a deixar de ser ‘pequenino’ e vai progredindo aos poucos. Mesmo a propósito, quando escrevo os meus textos, aparece sempre algo a ilustrar, e este vídeo veio mesmo a calhar: https://www.youtube.com/watch?v=Q3kiAcvFSIw&sns=fb
Ainda provenho de uma geração de “coitadinhos”, uma coisa que me frustra e incomoda, pois há pessoas com tanto talento e não aproveitam, preferem levar a vida a lamentar-se; outras há (e muitas) a quem chamamos os chicos-espertos, e como em terra de cegos quem tem um olho é rei, esses vão se aproveitando e anda meio mundo a enganar outro meio, e é motivo para dizer “me engana que eu gosto”…

Segundo reza a história, Portugal tem um passado Fabuloso (antes da fase coitadinha) e acredito que será possível construir um Futuro igualmente admirável, uma vez que os jovens de hoje têm tantas oportunidades para crescerem, se quiserem, e fazerem algo pelo seu/nosso país, não lhes faltando incentivos nem acesso ao conhecimento. Nada a ver com aquilo que tivemos muitos de nós. Quem sabe, teremos um novo império português.
Deixemos de ser um povo Fatela, ou Fatalista... Fonix!

3 comentários:

  1. Esqueci de referir que ... sou do Benfica!
    ...mas apesar desse teu defeito de teres como clube o azul ( até me custa dizer FCPorto)... gostei do que escreveste!

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  2. AhAhAh pensei que não... e gostamos dos amigos mesmo com defeitos, verdade? também acho...rsrs

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