segunda-feira, 16 de abril de 2018

TEMPO, Mudanças, o Antes e o Depois

Este fim de semana tivemos uma sexta-feira 13 que era simultaneamente o dia do Beijo. Sorte de quem os tem, beijos bons e gostosos, todos os dias; azarito de quem não beija nem é beijado, ou apenas terá amostras de beijitos… É que meio-termo não aprecio, ou é ou não é!

Se agora há o dia de tudo, por que não do beijo também? 365 dias não chegam então para tanta coisa que faz parte da nossa vida! Dos beijos é todos os dias, como dos filhos, dos pais, enfim… quem inventou estas coisas deve ter tido o objetivo de nos deixar a pensar que coisas boas existem, no meio de tantas feias ou maléficas. 

Não me recordo de Antes haver este tipo de lembranças, o dia de tudo… era um dia a seguir ao outro e já está. Empurrando a vida com a barriga, muita gente, muitas vezes. O Antes já está tão longínquo que, de repente, parece que o planeta virou ao contrário e estamos agora a ver coisas nunca antes vistas.

Antes:
Os filhos vinham ‘sem querer’, às dezenas (não havia anticoncepcional), o homem era o sustento do lar, mulher não precisava trabalhar. Os filhos ajudavam em casa e mais tarde seguiam ou não a arte do pai; desde cedo, cada um ia trabalhar e ganhar a vida, ninguém pensava em tirar cursos e, por mais que os filhos mostrassem habilidades, “não faziam mais do que a sua obrigação”…As famílias mantinham-se assim unidas.

Atualmente:
A família anda desmembrada, cada um para seu lado a fazer pela vida. O casal pensa primeiro em ter uma situação desafogada para decidir ter um filho ou, no máximo, três (se tiver posses, claro); a criança nasce e já pertence ao clube favorito do pai, tem conta bancária a crescer para, aos 18, já poder ter a vida feita, comprar um carro bom ou apartamento. Olha que maravilha! E muitos ainda se queixam, andam em psicólogos, por algum motivo será, exigindo tudo e mais alguma coisa, pois “não pedi para nascer”, dizem eles… Muitos ainda se casam e, se não der certo, voltarão na boa para casa do pai ou da mãe, ou dos dois (se ainda coabitarem) e querem é continuar a ter a “papinha toda feita.”
Evidentemente há exceções, mas reza a história atual que é mais ou menos isto.

Relação pais/filhos: hoje em dia até se tornou exagero. Qualquer ‘traquezito’ que a princesinha ou pequeno príncipe derem, é a coisa mai’ linda e mais cheirosinha que existe no mundo. E assim crescem as crianças, e eu fico a imaginar a futura humanidade, com essa autoestima tão elevada que por aí vai, teremos um mundo melhor, ou continuará a haver gente mal cheirosa a governar-nos como se não passássemos de meros números…?
Antes: A mulher chegava à idade casadoira e ai dela se não se casasse! Seria logo apelidada de tudo e mais alguma coisa, ou se não tivesse filhos…

Atualmente: Mulheres optam pela ‘produção independente”, escolhem o homem lindo e rico (de preferência, juntar o útil ao agradável) e vai de fazer um filho, quer seja consentido ou não, a lei depois obriga o progenitor a assumir, se necessário for… e querem continuar livres, deixando o filho nos pais para continuar a curtir, etc. e viva a liberdade!

Além da produção independente, ainda há agora também elas na paranoia pelos jogos de futebol, que antes era só apanágio do sexo masculino. Ficam até mais incomodativas do que eles hahaha

Antes: Levávamos um livro quando queríamos ir para a sanita ‘relaxar’…nem que fosse do Tio Patinhas!

Atualmente: Andamos sempre com o telemóvel a tiracolo, e até nesse momento de privacidade (bem ou mal) cheirosa vamos dando uma olhada nas novidades/fofocas, futilidades, sem perder pitada. Que stress!

Imensas coisas poderiam ser aqui enumeradas quanto às diferenças 'repentinas' num período de aprox. 40/50 anos, correndo o risco de tornar-se uma lista inacabável e exaustiva.

Ainda sobre o Antes e o Depois, às vezes me pergunto se o mundo era mais feliz antigamente, quando não havia carro para cada elemento da família, não havia telemóvel para saber se o familiar chegava a horas ou não, e por aí fora… Como é que se vivia sem este stress? Era possível que não houvesse solidão de idosos, como tanto se fala hoje em dia…a família estaria sempre reunida, então eram tempos de felicidade, temos que concluir.
A solidão é uma ‘doença’ dos tempos modernos. Cada um para seu lado, vivendo egocentricamente e falando para as máquinas.

O texto a seguir, cujo autor desconheço, mas parece pertencer a alguém brasileiro, relata a verdade nua e crua dos dias de hoje. Obviamente, há sempre exceções.

“Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Tinha pena dos avós que casaram cedo e nunca viajaram para a Europa. Tinha pena dos pais, que tiveram que camelar em empreguinhos ingratos e suar muitas camisas para pagar o aluguer, a escola e as viagens em família para pousadas no interior.
Tinha pena de todos os que não falavam inglês fluentemente.
Era uma vez uma geração que crescia quase bilingue. Depois vinham noções de francês, italiano, espanhol, alemão, mandarim. Frequentou as melhores escolas. Entrou nas melhores faculdades. Passou no processo seletivo dos melhores estágios. Foram efetivados. Ficaram orgulhosos, com razão. E veio pós, especialização, mestrado, MBA. Os diplomas foram subindo pelas paredes.
Era uma vez uma geração que aos 20 ganhava o que não precisava. Aos 25 ganhava o que os pais ganharam aos 45. Aos 30 ganhava o que os pais ganharam durante a vida toda. Aos 35 ganhava o que os pais nunca sonharam ganhar. Ninguém os podia deter. A experiência crescia diariamente, a carreira era meteórica, a conta bancária estava cada dia mais bonita.
O problema era que o auge estava cada vez mais longe. A meta estava cada vez mais distante. Algo como o burro que persegue a cenoura ou o cão que corre atrás do próprio rabo.
O problema era uma nebulosa na qual já não se podia distinguir o que era meta, o que era sonho, o que era gana, o que era ambição, o que era ganância, o que era necessário e o que era vício.
O dinheiro que estava na conta dava para muitas viagens. Dava para visitar aquele amigo querido que estava em Barcelona. Dava para realizar o sonho de conhecer a Tailândia. Dava para voar bem alto.
Mas… sabe como é? Prioridades. Acabavam sempre ficando, ao invés de sempre ir. Essa geração tentava convencer-se de que podia comprar saúde em caixinhas. Chegava a acreditar que uma hora de corrida podia mesmo compensar todo o dano que fazia diariamente ao próprio corpo. Aos 20: ibuprofeno. Aos 25: omeprazol. Aos 30: rivotril. Aos 35: stent.
Uma estranha geração que tomava café para ficar acordada, e comprimidos para dormir. Oscilavam entre o sim e o não. Você dá conta? Sim. Cumpre o prazo? Sim. Chega mais cedo? Sim. Sai mais tarde? Sim. Quer destacar-se na equipa? Sim.
Mas para a vida, costumava ser não:
Aos 20 eles não conseguiram estudar para as provas da faculdade porque o estágio demandava muito.
Aos 25 eles não foram morar fora porque havia uma perspetiva muito boa de promoção na empresa.
Aos 30 eles não foram ao aniversário de um velho amigo porque ficaram até às 2 da manhã no escritório. Aos 35 não viram o filho andar pela primeira vez. Quando chegavam, ele já tinha dormido, quando saíam ele não tinha acordado. Às vezes choravam no carro e, descuidadamente, começavam a perguntar-se se a vida dos pais e dos avós tinha sido mesmo tão ruim como parecia.
Por um instante, chegavam a pensar que talvez uma casinha pequena, um carro popular dividido entre o casal e férias num hotel fazenda pudessem fazer algum sentido.
Mas não dava mais tempo. Já eram escravos do câmbio automático, do vinho francês, dos resorts, das imagens, das expectativas da empresa, dos olhares curiosos dos ‘amigos’.
Era uma vez uma geração que se achava muito livre. Afinal tinha conhecimento, tinha poder, tinha os melhores cargos, tinha dinheiro. Só não tinha controlo do próprio tempo.
Só não via que os dias estavam passando. Só não percebia que a juventude se estava escoando entre os dedos e que os bónus do final do ano não comprariam os anos de volta.”

E resumindo, tinha que vir hoje aqui blogar apenas para não deixar em branco o dia do tão apetecido beijo, que foi sexta passada e será todos os dias, apesar de me faltarem...Quem está longe das pessoas amadas é assim (azarito). Até outro dia!
“Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.”
 António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..." 

2 comentários:

  1. Como vens habituando, deslumbrante a análise e a forma de fotografia que fazes das gerações onde as sombras e a perspectiva se enquadram no que todos, mais ou menos, sentimos o meio geracional onde convivemos! Muito interessante a tua perspicácia e o brilho que dás no que escreves.
    Deliciei-me!
    E na troca da Cesária aqui te deixo o link, com um beijo de todos os dias com beijos!

    https://youtu.be/I-p7TcDKJpo

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  2. :-)
    https://www.youtube.com/watch?v=bYgdoLhT-b8
    Eu quero mais... :-)

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