Já que falei de cabelos brancos, e também da
sociedade que é feita de pessoas, cada uma mais diferente do que a outra, aproveito
para abordar o assunto de gente idosa abandonada ou maltratada. Especialmente
quando se aproxima o inverno há notícias frequentes sobre idosos que vivem na
solidão etc. e tal… Não contesto que possa acontecer com uma grande franja da população idosa,
o que não aceito é que os idosos sejam vítimas da solidão. O que penso deste tema
tão polémico, e de acordo com o que me vou apercebendo, é que muitos idosos que vivem
isolados estão apenas a viver em consonância com aquilo que foram durante a vida ativa.
Pessoas egoístas, com muito mau-feitio, desconfiadas, que entraram em conflito com família, amigos e vizinhos, quantas há? E depois, naturalmente, acabam isoladas de todos. Quem está para aturar pessoas assim?!
Quanto à família, supostamente, é para amar-se ou aguentar-se uns aos outros, ou, se for possível, as duas emoções em simultâneo, não se abandona. Ademais, não creio que pessoas educadas com amor e cuidados vão repudiar quem as gerou ou quem as criou. Pode até acontecer, mas serão a exceção.
Assim como são exceções as pessoas idosas que vivem em aldeias que entretanto foram abandonadas, seja por emigração, seja por morte dos habitantes mais velhos. Esses casos são realmente dramáticos, e a solidão dessas pessoas, de facto, muito desoladora. Contudo, nos casos que ouvimos na televisão, os idosos normalmente vivem em centros urbanos, em prédios, com vizinhos ao lado. Não me parece que a indiferença das pessoas da cidade seja pretexto para justificar estas situações. E estatísticas são sempre duvidosas.
A solidão, por si mesma, não faz vítimas; as pessoas é que se vitimizam, isolando-se, numa forma de viver egocêntrica, virando costas a tudo e todos. Por isso, não será de estranhar quando a sociedade lhes responde da mesma forma.
Pessoas egoístas, com muito mau-feitio, desconfiadas, que entraram em conflito com família, amigos e vizinhos, quantas há? E depois, naturalmente, acabam isoladas de todos. Quem está para aturar pessoas assim?!
Quanto à família, supostamente, é para amar-se ou aguentar-se uns aos outros, ou, se for possível, as duas emoções em simultâneo, não se abandona. Ademais, não creio que pessoas educadas com amor e cuidados vão repudiar quem as gerou ou quem as criou. Pode até acontecer, mas serão a exceção.
Assim como são exceções as pessoas idosas que vivem em aldeias que entretanto foram abandonadas, seja por emigração, seja por morte dos habitantes mais velhos. Esses casos são realmente dramáticos, e a solidão dessas pessoas, de facto, muito desoladora. Contudo, nos casos que ouvimos na televisão, os idosos normalmente vivem em centros urbanos, em prédios, com vizinhos ao lado. Não me parece que a indiferença das pessoas da cidade seja pretexto para justificar estas situações. E estatísticas são sempre duvidosas.
A solidão, por si mesma, não faz vítimas; as pessoas é que se vitimizam, isolando-se, numa forma de viver egocêntrica, virando costas a tudo e todos. Por isso, não será de estranhar quando a sociedade lhes responde da mesma forma.
E já agora que falo em vitimização, essa é
coisa que me tira do sério! Até o que acontece por acaso, não é por acaso que
acontece. A vida é um eco, não é mais do que a materialização da energia que
emanamos, e a muita gente custa acreditar nisso. Por experiência própria, sei o
que é lidar com quem tem a síndrome da autovitimização (ou do coitadismo), e dói mais ainda quando são
os nossos seres amados a sofrer desse mal. Pessoas com enorme potencial, mas que
assumem um papel dramático e autopunitivo na vida, autoprogramando-se para o
fracasso. Coitadistas costumam dar logo
nas vistas, são renitentes à mudança, dificilmente saem da sua zona de conforto
(ou da cepa torta, como antes se dizia), são repetitivos, cansativos,
pessimistas. Muito difícil conviver com a miserabilidade do ser humano.
A propósito: adivinhando as minhas preferências literárias,
um amigo recente teve a simpatia de oferecer-me um livro de Augusto Cury “Armadilhas
da Mente” que nos leva numa fascinante viagem pelos complexos labirintos da
psique humana. Uma mulher multimilionária e atraente, com argúcia e inteligência
acima da média, nada lhe falta, porém, vítima de crise existencialista ou das suas próprias emoções, sofre
horrores para conseguir encontrar-se com ela própria. Não é feliz de maneira
nenhuma e inveja a felicidade de quem a rodeia, pessoas sem praticamente nada, que apenas sorriem
sem motivo… Aconselho a leitura.
https://www.youtube.com/watch?v=UgAFcvIw8J4Tenham uma ótima semana, e boas leituras!
ResponderEliminarGostei! Gostei dessa tua preocupação com a velhice, sobretudo com a indiferença perante os ascendentes... revela-te assim como a tua sensibilidade! Sentimentos finos e bonitos! Beleza!
Lembrei-me e partilho contigo um poema sobre o tema... talvez gostes por reforçar o teu pensamento e dar-te razão.
Assim, e com desejos de noite feliz e Bjs, aqui fica para saboreares as palavras.
“”.
Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.) “”
Cecília Meireles
https://youtu.be/J_NDJaXXy-w