sexta-feira, 27 de setembro de 2019

aMARte

A Arte de Não Amar(gar) a Vida

Não é fácil. Vou me contrariar agora, sobre a necessidade dos telemóveis na nossa vida. Então… cumé que se vivia antigamente? Agora que nos habituamos ao “bem bom” basta estar conectado 24h (se quiser) e ver quem está online, e uma pessoa até se sente acompanhada, “vendo” aquele amigo ou amiga com quem se pode conversar, se nos apetecer. A qualquer hora. 
Porém, já aconteceu comigo, habituada a ver uma pessoa querida sempre online, deixei de a ver durante horas, e fiquei agoniada pensando “o que terá acontecido?”… isto não é normal…que bad vibe! tenho mesmo que desconectar-me de verdade, evitar estas angústias, ou então me viciar de vez: preciso da rede para me sentir acompanhada, ora bolas!!!

Há coisas assim, estranhas, que nos fazem viver na contradição, ora gostamos ora detestamos, ora precisamos ora dispensamos… nada fácil esta vida cheia de escolhas, porém, que nunca nos falte o bom senso e o equilíbrio da mente e do corpo.
Por exemplo, escolhemos AMAR, pois achamos que o Amor é lindo… ohh mas também é tão chato, a gente se agarra, apega-se, quase quer respirar o ar do outro, fica dependente… que sentimento mais estranho esse “amar” que nos deixa em desassossego.
Se a gente escolher 'não querer amar', fluirá a vida melhor? Sem a ansiedade gerada pelo apego, curtem-se tão só os momentos bons, e fica-se mais solto. 

Pensei na arte de não amar, se possível, seria uma boa ideia? É que amar implica responsabilidade, cuidado, respeito… e não fica fácil para muita gente, pois infelizmente não se nasce com livro de instruções. E se for para não amar, o que resta? Apenas gostar, mas isso parece pouco... somos exigentes, queremos tudo ao extremo… ou TUDO ou nada!
Porque, se amamos uma pessoa, devemos respeitá-la como ela é, e não como queremos que ela seja. Os seres humanos não são objetos para serem possuídos ou dominados, mas sim pessoas que contribuem e enriquecem os demais com a sua forma de ser e a sua individualidade. Todos interagindo, dão e recebem. É preciso alcançar maturidade e independência, sem projetar no outro os nossos medos, inseguranças e necessidades, sem explorarmos ou tornar-nos vampiros emocionais. E há tantos.

Nem sempre corre tudo na vida com tranquilidade e harmonia. Vivemos num turbilhão, onde tudo pode acontecer: harmonia e conflito, alegria e tristeza. O amor é uma arte que nos enriquece como pessoas; estamos sempre a aprender. AMAR é uma experiência pessoal que cada qual só pode ter por si e para si. E, como dizem os psicanalistas “para amar o outro é preciso antes amar a si mesmo”.

O AMOR. Uma palavra tão pequena e simples para um sentimento tão complexo, avassalador e emocionante.
A arte de amar começa com muitas esperanças e expectativas, e mesmo assim falhamos muitas vezes. Como seres racionais que somos, deveríamos aprender com as nossas experiências, reconhecer os nossos erros, tornar-nos pessoas melhores para superar os fracassos e entender melhor o que significa e o que traz para nossa vida esse sentimento chamado "amar". 
Ninguém ama ninguém porque decidiu amar, pois o amor flui espontaneamente do ou dos encontros, quando a gente menos espera, numa direção imprevisível e além de qualquer autocontrolo da nossa parte.
O amor vai tomando formas, rumos e sentidos exclusivos e irrepetíveis para cada um de nós, seres amantes. 
A verdade é que devíamos amar pelo amor somente, não pelo que o outro "é" nem pelo que “significa”, nem pelo que ele “tem”, porém, mais do que tudo isso, “quando” o amo e se o amo, amo-o por aquilo em que me torno quando estou na sua presença… 
A poetisa Elizabeth Barrett Brown respondeu assim quando a pessoa amada lhe perguntou “como” ela a amava:
“Como te amo?
Deixa-me contar de quantas formas eu te amo!
Eu te amo até o mais fundo, o mais amplo e ao mais alto
Que a minha alma alcança, buscando para além do visível os limites
do Ser e da Graça ideal.
Eu te amo até nas mais ínfimas necessidades de todos os dias,

Na luz do sol e à luz das velas. Eu te amo com a liberdade com que os homens lutam por Justiça.
Eu te amo com pureza, com a paixão das velhas mágoas
e com a fé da minha infância.
Eu te amo com um amor que me parecia perdido com as coisas perdidas.
Eu te amo com toda a minha força, com o sorriso e as lágrimas de uma vida inteira!
E, se Deus quiser, depois da morte
eu amarei melhor.”
Porém, todo esse amor só pode ser real enquanto for gratuito, sem medos nem cobranças. Muitos exigem tanto dos seus amores, a ponto de levarem em si uma espécie de “medo de amar”, seja para evitar frustrar a pessoa amada ou por medo de não corresponder ao amor recebido.

Melhor... Não Amar?… 

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