Viver num mundo em que a
famosa atriz escolhe o nome Lonô para o seu filho recém-nascido, o primeiro
bebé do ano chama-se Kenzo, e o novo cão do vizinho chama-se Zé Maria, dá que
pensar, e deixa preocupado quem andar atento.
Tudo está girando ao contrário e parece
uma espiral de loucura. Basta apreciar as aberrações todos os dias nas redes
sociais, e ver como vai a gente, o mundo. Tanta hipocrisia nas frases lindas e mais que batidas,
tanta futilidade… (felizmente algo se aproveita, por isso ainda não me
desconectei).
Pessoas que andam pela rua sem ver ninguém, quase se atropelam ou
são atropeladas, gente que nem escuta a pessoa do lado quando esta fala, e então acaba por se agarrar também ao aparelho, e por aí fora...todos temos passado por esse tipo de experiência. Não tiram os olhos do telemóvel, e…caso sintam necessidade de trocar afetos ou ter companhia, é fácil, recorrem aos sites de
encontros…Altamente!...onde isto vai parar!?
Estava mesmo a querer dissertar
sobre este tema, por causa de um artigo espanhol que li “Desconectados: a nova tribo urbana que abandona a Internet para abraçar
a vida real”, quando também encontro estas imagens de um fotógrafo
americano que retratam claramente o que está sucedendo:
Começa a nascer uma nova tribo urbana, exótica, mas cada
vez mais numerosa, a dos desconectados.
Pessoas que, voluntariamente, decidem refrear o turbilhão da internet, parar
com o virtual e dedicar-se à VIDA REAL. Fartaram-se de perder tempo (eu que o
diga) e passam a ter o telemóvel para simplesmente receber e fazer chamadas e enviar SMS, e até a bateria passa a durar uma semana! Reencontram o prazer de apreciar
uma paisagem, uma viagem, um livro, um bate-papo
olhos nos olhos: coisas simples e reais, que fazem falta.
Por mim falo, também. Quase
me vicio quando começo a querer cuscar ou ver as “novidades” (ou parvidades) na
rede dita social FB ou outra do género. Tenho consciência que o faço para
rir-me um pouco, ou conhecer o mundo em que vivo. Felizmente sei alhear-me,
quando necessário, por exemplo, se deixar o telemóvel em casa não stresso nem volto
atrás para buscá-lo, ou se estiver a fim de ausentar-me desse mundo louco e
experimentar o MEU, aquele que inclui passeios na minha bike, apreciar a
paisagem pelo caminho, aquele mergulho gostoso na água salgada que me
reconforta, ou quando há em casa tanto para organizar: tudo isso AINDA é mais
importante do que estar ‘ligada à máquina’. Já deu muitas vezes vontade de
ficar desconectada, sim, mas penso que posso gerir bem o meu “vício”, sem ter
que ser radical…
E quem faz parte desta nova
tribo não são místicos ou eremitas que decidem isolar-se do mundo, ou pessoas
que se retiram para o campo e começam a ordenhar vacas ou a plantar tomates – os chamados
neorrurais (a maioria até comercializa os seus produtos via Internet e passam
muito tempo trancados na casa de campo em frente ao computador). Não, são
pessoas modernas, da cidade, muitos são jovens, que decidiram demonstrar que é
possível viver sem Internet e continuar normalmente com o seu trabalho, o seu
estudo ou as suas relações sociais. Apenas usam a rede para aspetos práticos e
concretos como fazer alguma inscrição online, o imposto de renda, ou ver a
conta bancária, entre outras coisas necessárias.
Aqueles que sentem que a rede
deixou de ser uma ferramenta ao serviço da humanidade, para ser um sistema que
coloca a humanidade ao seu serviço, ou seja, praticamente uma espécie de
escravidão.
A necessidade de desconexão está crescendo de tal maneira que já
existem empreendedores turísticos oferecendo hotéis ou restaurantes sem Wi-Fi.
E há escolas nos Estados Unidos a proibir os alunos de usarem novas tecnologias.
Mesmo em algumas situadas em Silicon
Valley (Vale do Silício) os filhos dos executivos do Google e da Apple
aprendem a viver sem computadores, sem tablets
ou sem TV!
Escritores, intelectuais de
vários países - incluindo cinco prémios Nobel de literatura - já fazem parte da
tribo dos desconectados, alguns tendo assinado em 2013 um manifesto contra
vigilância em massa e espionagem de empresas e estados a cidadãos por meio da
rede.
Para contrastar com os smartphones cada vez mais complicados, telemóveis antigos sem conexão à Internet são uma tendência, que servirão apenas para
fazer e receber chamadas e mensagens de texto.
Assim é o mundo, dá voltas e
voltas, sem parar, e salve-se quem puder!
https://www.youtube.com/watch?v=OdfC3d6f0bg
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