segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Gringa (na)turista


Recentemente, e por obra do acaso, ou as tais coincidências, conheci mais uma moça que poderá ser uma futura amiga. Mal me conheceu e “tirou logo as medidas”, pensando que há afinidades entre nós. Há pessoas assim, observadoras à primeira vista, apesar de que 'quem vê caras não vê corações'... Ligou dias mais tarde a dizer que se identificou comigo, que gosta de pessoas simples, naturistas….Fiquei a pensar, eu naturista? Acho que devo ser, mas deixa-me esclarecer com o Dr. Google (já agora) o que é isso exatamente.
Será que era por ser domingo e fui ao restaurante mesmo em fato de treino, não estava caiada (como diz um bom amigo meu) – apesar que normalmente passo apenas um pouco de creme de cor no rosto, algum blush e batom, e raramente me apetece usar o rímel (preguicite aguda)...

Ao início pensamos logo em praias de nudismo e coisas desse tipo, mas o naturismo é uma prática que vai muito além da nudez. Nascido na Alemanha, trata-se mesmo de um estilo de vida, em harmonia com a natureza; é um movimento que se caracteriza pela prática do nudismo em grupo, com a intenção de encorajar o autorrespeito, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente. Há quem lhe chame mesmo uma filosofia de vida.
Tirar o máximo proveito dos agentes naturais - sol, terra, ar e água - exerce uma firme e equilibrada influência nos seres humanos, libertando-os do stress causado pelos tabus da sociedade dos nossos dias, mostrando o caminho para um modo mais simples, saudável e humano de vida. A alteração de hábitos alimentares ou a preocupação com o meio ambiente são algumas das práticas que contribuem para o bem-estar geral do corpo humano.
Os naturistas são felizes, são pessoas amigáveis que têm o prazer de ter descoberto este estilo de vida e de tratar  todos com respeito e igualdade. Estar entre  pessoas contentes e confortáveis traz uma sensação de bem-estar mental e, apesar do que se possa pensar, rapidamente nos habituamos ao facto de estarmos nus em conjunto com outras pessoas, mesmo que despidas fazendo tarefas do dia-a-dia, normalmente, sem que isso tenha que ser sexualmente estimulante.

É importante afirmar também que o naturismo receciona todos os conceitos morais, éticos e religiosos”…”quando inseridas na comunidade, pessoas de todas as classes sociais, credos e nível cultural estão despidas de qualquer adereço que possa demonstrar ostentação. Estando todos nus, tabus sobre sexualidade e preconceitos com o corpo são abandonados por crianças, jovens e adultosÉ um movimento unificador e pacífico que entende que a universalidade do corpo não pode ser segregada em partes indecentes e decentes” (afirma o presidente de uma associação naturista)

Ou... citando uma frase de Miguel Ângelo: “Que espírito será tão cego e vazio que não entenda que o pé humano é mais nobre que o sapato que a calça, e que a pele humana é mais bela que as vestes com que a cobrimos”…

 A vergonha habitualmente associada à nudez, nas sociedades civilizadas modernas, resulta de séculos de condicionamento cultural contra a exposição completa do corpo em público; o naturismo, ao corrigir este falso sentimento de vergonha, possibilita um novo modo de ver o corpo humano na sua beleza e dignidade.

Qualquer pessoa pode aderir a esta filosofia e em algumas partes do mundo existem milhares de famílias naturistas, algumas até já o são há várias gerações por acreditarem nesse modo de viver mais saudável e natural. 

Então, resumindo: ela afinal tinha razão, muito me identifico com esse movimento porque sou pacífica, gosto de uma simples forma de existência humana e de experimentar a liberdade (de espírito) vivendo em harmonia com o meu próprio corpo e com a natureza. Só não pratico a nudez porque não há onde nem com quem (riso). Não é costume ir a praias de nudistas porque também não as conheço por perto...por que não?

E é assim que nos autoconhecemos, através dos outros. Mesmo aquilo que muitas vezes nos irrita nos outros leva-nos à compreensão de nós mesmos. O que eu aprendo!

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