terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Vida = Viagem

Ando sem ler há algum tempo. 
Tantos livros à minha espera e ando com este frenesi de querer blogar, será bom ou mau? É que também gosto de sair e conviver, passear, dançar… e o dia só tem 24h, e o fim-de-semana é tão curto! 
Resumindo: o tempo não chega para fazer tudo o que se gosta! 
Gosto (ainda) de perder tempo a visualizar (ou seja: cuscar um pouco) as minhas amizades no ‘Focinhobuk’ para sentir-me acompanhada (quando vejo alguém online)...

Reparo que aparece o aniversário de pessoas falecidas e ainda há quem vá à sua cronologia desejar saúde e felicidades - sermos imortais na era das redes sociais, não é este um mundo loucamente estranho? - ainda é possível ir lá e fazer uma declaração de carinho, deixar um “like” ou um 'coração de saudade' para alguém que apreciamos ou amamos e que já passou para o 'outro lado’… Estarão os dois mundos cada vez mais perto?! A verdade é que (quase) tudo não é mais como antigamente, já pouca gente se veste de luto, e pode-se até brincar com a Morte… e por que não? Para quem acredita que não somos apenas carne que se transforma em pó, mas somos espírito que vive eternamente, fica muito mais fácil aceitar a perda dos entes queridos, ou que a morte faz parte da(s) vida(s)! Apenas vamos uns antes dos outros...

Dedico este texto a Waldir Boccardo, ex jogador e treinador de basquetebol, além de ex marido de amiga minha; ele às vezes comentava as minhas fotos e me elogiava muito, era um querido, faleceu em novembro passado, e este mês (dia 28) faria a linda idade de 83:  

UM DIA SEREI PASSADO...

Virá um dia, não sei quando, se perto ou distante, que o que sou ou o que resta de mim, vai passar a residir no beco da memória, ou da falta dela.
Quando isso acontecer, talvez surjam os elogios de circunstância, aqueles que transformam as más pessoas em boas pessoas quando morrem, mas também aqueles genuínos e sentidos, de quem me acompanhou no caminho, ou mesmo afastado, esteve sempre comigo.
A vida de cada um de nós acaba por ser um repositório de presenças e de abandonos, de chegadas e de partidas, de momentos que parecem eternos, de instantes que passam, de virtudes e defeitos, de alegrias e tristezas, de promessas que ficam por cumprir, de sonhos que adormecem a sonhar. De “senhor do meu próprio tempo” vou ter que aceitar que, sem hora marcada, o tempo há-de tomar conta de mim. Um dia serei passado, mesmo habitando o futuro...

A vida é como uma viagem de comboio, com as suas estações e mudanças de carris, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns casos e profundas tristezas em outros…
Quando nascemos, apanhamos o comboio e conhecemos os nossos pais, acreditamos que eles vão viajar sempre ao nosso lado, porém eles vão sair em alguma estação e nós continuaremos a viagem. De repente ficamos sem a companhia e o amor insubstituível deles. Por um infeliz acaso, poderá acontecer o oposto, e a dor será insuportável. É inimaginável a dor resultante da perda de um filho, deve dar vontade de morrer logo a seguir...

Pelo caminho muitas outras pessoas especiais e significativas aparecerão: os nossos irmãos, primos, amigos, e supostamente a nossa (ou nossas) cara-metade…
Alguns apanham o comboio para descer na próxima estação e nem vamos notar que eles desocuparam os assentos. Outros vão amargurar a viagem, e vamos desejar que saiam o mais rápido possível. Outros ainda, ao descerem, deixarão um vazio definitivo…

Alguns “passageiros”, apesar de serem pessoas que amamos, seguirão em carruagens diferentes… Durante toda a jornada permanecerão separados, a menos que decidamos aproximar-nos e sentar-nos ao lado deles. Se realmente forem importantes para nós, é melhor apressarmo-nos antes que outra pessoa o faça antes de nós. Convém manter um relacionamento saudável com todos eles, procurando em cada passageiro o melhor que tem para oferecer-nos, e vice-versa. 
    
E a jornada continuará cheia de desafios, sonhos, fantasias, alegrias, tristezas, esperas e despedidas… Vamos mentalizar-nos que há sempre outra estação de comboios mais além, e, como não sabemos quando será a nossa última, vamos aproveitar cada momento desta viagem. 
Carpe diem!

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