quarta-feira, 20 de março de 2019

Dia Internacional da Felicidade


Foi ontem, mais um dia do Pai.
Uns querem sê-lo e não lhes permitem. Outros fogem à responsabilidade e deixam filhos por aí destrambelhados, que nunca entenderão por que foram renegados… Assim é o mundo:
Mortes por violência doméstica, praticamente todos os dias. Pedofilia até na igreja! Catástrofes naturais aqui e ali. Guerras pelo poder e pelo vil metal em vários sítios do mundo. Fome. Miséria, mais ainda a mental do que a outra… como é possível viver feliz num mundo como este? Boa pergunta!
É que hoje é o dia internacional da FELICIDADE, comemorado pela primeira vez em 2013, após aprovação pela ONU. Este dia visa promover a felicidade das pessoas e mostrar como esse sentimento é fundamental para o bem-estar das nações… soa hilariante, não? 
Segundo li, a criação deste dia surge por sugestão do Butão, um pequeno reino budista localizado nos Himalaias que desde 1972 adota como estatística oficial a "Felicidade Nacional Bruta" em vez do Produto Interno Bruto (PIB). 
Quero ir para os Himalaias!... 
Estudos revelam que Portugal é um dos países mais infelizes da Europa, o terceiro país europeu com maior uso de antidepressivos! (not me!)
Porém…será que as estatísticas incluem quem sabe disfarçar bem uma felicidade? Pois esta relaciona-se não só com a personalidade, mas também com a disposição e a forma de estar das pessoas… (o que me faz feliz a mim pode não fazer a outro, e vice-versa)…
O ser humano é deveras complicado (e bota complicação nisso) mas… bora lá…temos que viver, de alguma forma nos abstraindo do que se passa ao nosso redor, desligar a TV, ler um bom livro, passear à beira mar, ouvir música, dançar, conhecer pessoas do BEM, namorar de mão dada, se por acaso acontecer, e beijar na boca… 
Que o nosso principal lema seja ‘ser SÃO num mundo insano’, em regime de tempo integral, e assim os anos vão passando, simplesmente sentindo-nos bem com nós próprios, e a vida ficará mais leve, apesar de alguns percalços aqui e ali…
Vamos lá ser felizes, custe o que custar?


FELICIDADE
O que é a felicidade?
Será perceber a tristeza de perdermos as coisas boas que já temos?
A felicidade é manutenção.
É “não me deem nada do que eu peço mas também não me tirem nada do que eu preciso”.
É a mais ingrata de todas as resignações: "Sim, facilmente me imagino numa situação ainda mais aflitiva do que a minha.”
A felicidade são comparações.
Schopenhauer definiu o prazer, gratuitamente, como a ausência do sofrimento. Mas isso não é prazer. Prazer é prazer. Nem tão-pouco a felicidade é a ausência de infelicidade. Felicidade é felicidade.
Mas a imaginação das tristezas que não se têm — sabe-se lá por que sortuda combinação de circunstâncias — ajuda muito. Para se ser feliz ajuda muito ter-se uma boa imaginação: quer nas coisas em que se pensa ter sorte, quer nas coisas em que se pensa podermos ter tido mais azar.
Ser feliz é o conforto de uma hesitação: “Sei lá o que posso fazer para ser mais feliz...”
Mais feliz? A sério? Mais feliz não existe. Só existe feliz e infeliz.
A pergunta realmente triste é “será que sou feliz sem o saber?”.
A felicidade é indiferença. É bocejar quando se fala no assunto. É achar que é tudo uma questão de sorte. E é, sobretudo, a asquerosa insensibilidade perante a tristeza que vem do azar e da realidade da vida e de viver.
É da tristeza — e só da tristeza — que deveríamos falar.
É a infelicidade que é difícil de definir, por estar tão espalhada.
O resto — incluindo a felicidade — é só chatice.
Miguel Esteves Cardoso.
in Público de 15 Jan'16

2 comentários:

  1. Também gostei... já quando o tinha lido a primeira vez! Eu sou mais de gostar de me sentir... de ser... de amar... os contrários deixa-me triste e como diz o MEC para isso falava de tristeza!
    Vantagem é, dizer e sentir o “vamos lá ser felizes”!
    Bão e então? Bamos... a ela!
    Bjão de um doidão...

    ResponderEliminar