sexta-feira, 15 de março de 2019

VIVER


Hey a vida não precisa ser só trabalhar, pagar contas e morrer!
(digo eu para mim mesma)
Há quem sonhe chegar “rico” aos 50 e curtir a vida a partir dessa idade. Feliz de quem tiver essa possibilidade, ou que tudo tenha dado certo para que se alcance esse objetivo. É que às vezes surgem desvios, e a pessoa (por exemplo, um homem) decide trocar de mulher, por outra bem mais nova… e aí lá vem toda a confusão de divórcio, partilhas e outras arrelias, etc. - lá se foi a tranquilidade - e depois há que reiniciar a vida do zero com a nova mulher, nova família… já não deu para parar e descansar, e curtir. Acontece a muito boa gente!
Hoje em dia esperam das crianças TUDO e o tempo TODO: têm que estudar muito e passar sempre de ano, com bom aproveitamento, têm que entrar para uma faculdade boa, ou fazer um curso renomado, arranjar um bom emprego, ter um bom currículo, ganhar mais do que os seus pais ou amigos…
É-lhes ensinado que SUCESSO na vida é ter um cargo elevado numa empresa reconhecida, com vários subordinados. E elas crescem acreditando fielmente nisso. E para quê essa pressão toda em arranjar um bom emprego aos 20 e poucos anos de idade? Para tornar-se uma pessoa depressiva, mega competitiva e materialista? Só importa ganhar dinheiro? Por isso o mundo tá como tá…
Não! A vida não deveria ser só estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e morrer. Deviam ensinar as crianças a serem FELIZES, em vez de serem perfeitas!
Não nascemos neste mundo maravilhoso, cheio de lugares lindos e diferentes, pessoas e comidas exóticas, para vivermos enfiados num escritório todos os dias das 9h às 18h. E depende do escritório, há uns que ainda valem a pena, com boas condições para se estar a maior parte do dia. Que vida, essa de esperar sempre e apenas os fins de semana e os feriados, ou os 22 dias de férias ao ano, para se VIVER.
Conheço gente que nunca vi ganhar um salário, nem sei exatamente como vai (sobre)vivendo, talvez os pais ajudem, se ainda estiverem vivos, ou os amigos/as…mas ganhou outro tipo de experiências enriquecedoras, e é gente tranquila, feliz! (aparentemente). Se lhes apetecer, trabalham um período de tempo para arrecadar algum dinheiro, depois guardam ou aproveitam para viajar e aventuram-se pelo mundo… essa gente é aquilo que vive, as pessoas que encontra, os livros que lê, os lugares onde vai, as experiências que tem. Sem currículos. Isso não deveria ser perguntado em entrevistas de emprego?
Cheguei a esta idade e me pergunto às vezes se serei uma pessoa bem-sucedida. Andei de trabalho em trabalho, até em multinacional trabalhei (no tempo das vacas gordas), nunca ganhei nenhum salário de dar inveja… E daí? Uns zeros a mais na conta do banco acrescentarão algo de bom à minha vida? Chega um dia, de repente, olhamos para o lado e vemos os nossos envelhecidos, que um dia seguraram a nossa mão, e agora seremos nós a ter que os conduzir… A vida passou, o que se fez de bom? Que loucura!
Louco deve ser quem, aos 20 e tantos anos começa a preocupar-se em chegar aos 50 ou 60 com riqueza, a morar no bairro mais luxuoso da cidade num apartamento de 300m², com empregada todos os dias para lavar a louça e estender a roupa das camas, com o carro do ano, com filhos nas aulas de inglês, alemão e espanhol, no ballet etc. Achando que todo o seu propósito de vida foi alcançado. Mas sentindo-se infeliz, depressivo... Anos a fio vendo as mesmas pessoas, de frente para o mesmo computador, horas perdidas no trânsito para ir trabalhar…
Precisamos de todos esses excessos que “achamos” que precisamos? Claro que não, um dia vamos entender. Que realização para uma pessoa não é dinheiro. Realização são histórias realmente vividas, é sentar numa esplanada com amigos para contá-las, RIR muito com algumas delas, apreciando um magnífico pôr-do-Sol, sem a preocupação de trabalho que deixámos de fazer naquele dia porque estávamos sobrecarregados e não houve tempo.
O que se leva desta vida é a vida que se leva. Vamos correr atrás do que faz o nosso coração vibrar. Para quê preocupar-se tão novo com reforma na velhice e com hipoteca de casa. Para algumas pessoas, parece que caixão tem gaveta, tanto guardam, e que vida estúpida levam, nem param para pensar que o que amealham em vida não será levado depois que morrerem.

1 comentário:


  1. O que se leva desta vida é a vida que se leva. Vamos correr atrás do que faz o nosso coração vibrar.”
    Nem mais nem menos, só com um reparo não é preciso correr, vamos na boa e a passo para sentir o som do coração a bater...
    Bjão

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