quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Filhos pródigos

Chega um certo momento na vida em que uma pergunta nos assalta em silêncio: fui um bom filho ou filha? A resposta, porém, não vem fácil quando se cresce em famílias onde nunca houve diálogo verdadeiro, apenas ruídos de acusações, silêncios pesados ou palavras ditas sem escuta. É como procurar um reflexo num espelho partido — vemos fragmentos, nunca a imagem inteira. Talvez tenhamos dado amor, mas sem nunca saber se foi entendido ou recebido. Talvez tenhamos sido obedientes, mas sem nunca sentir reconhecimento. E ficamos nesse limbo: como medir a bondade de um filho quando a casa nunca foi lugar de encontro, mas de desencontro?

Num lar disfuncional, as palavras não circulam para unir, mas para ferir, ou então não circulam de todo. Crescemos sem referências claras, sem a certeza de sermos vistos, e assim também sem saber como fomos recebidos. Fomos bons filhos? Ou apenas peças de um jogo em que ninguém conhecia as regras?

Muitos de nós carregamos uma culpa silenciosa, como se tivéssemos falhado em dar algo que nunca nos foi pedido de forma clara. A criança que fomos aprendeu a sobreviver, a calar para não ferir, a obedecer para não perder migalhas de afeto. E, mais tarde, o adulto olha para trás e pergunta se deveria ter feito mais — sem perceber que já tinha feito o possível dentro do impossível.

Ser bom filho não é apenas cumprir expectativas invisíveis, mas poder crescer num espaço de amor, escuta e reconhecimento. Quando esse espaço não existe, a pergunta já nasce viciada: como ser bom num terreno onde a semente nunca foi regada? Talvez o problema não esteja em nós, mas na ausência de um solo fértil.

Chega um tempo em que percebemos que a resposta não está no passado, mas no presente. Ser bom filho talvez seja, no fim, não repetir a violência, não propagar o silêncio, não deixar que a dor herdada determine quem somos. Ser bom filho pode significar libertar-se da necessidade de aprovação e criar, em nós e nos que amamos, a família autêntica que nos faltou.

Eu não deixo descendência, mas sei que se tivesse tido filhos, eu tentaria dar a melhor educação com afetos e baseada na autenticidade de cada ser gerado - sem ousar querer medir tudo pela mesma bitola - dando a hipótese de argumentação e chegar a uma (ou mais) conclusão unânime e compreensível para todos, numa constante reciprocidade de aprendizagem, porque ninguém nasce ensinado, obviamente, nem pais nem filhos. Nenhum de nós!  

 (foi só um desabafo, um momento introspetivo, vulnerável)


Filosofar o Amor

Quando dois estranhos se amam, o que pode acontecer?

Quando dois estranhos se encontram por acaso, tudo parece improvável. Não há um destino marcado, apenas a vida a correr normalmente, até que, por alguma razão ainda misteriosa, dois seres se cruzam e decidem não mais soltar-se, primeiro com certa relutância de uma das partes. Neste mundo com tanta anormalidade, e insanidade mental, todo o cuidado é pouco.

Foi assim com ele, rapaz jovem e estrangeiro que chegou a uma terra algarvia, trazendo na mala a memória do seu país e a inquietação de quem ainda procura um lugar ao sol. E foi assim com ela, uma mulher madura do Norte que, ao longo da vida, foi se reconstruindo com raízes fortes e a coragem necessária, e ainda alguma Sorte, num lugar onde o mar e o céu se juntam e têm a cor mais azul.

O que pode acontecer quando dois estranhos desejam amar-se, além de todos os preconceitos que ainda possam existir num mundo nitidamente em decadência? Talvez o que Aristóteles chamava de “philia” – “(…) É um amor virtuoso, baseado na reciprocidade, na igualdade e em valores compartilhados, distinto de amores mais passionais ou naturais. Para Aristóteles, a philia é fundamental para a felicidade e para o desenvolvimento da virtude, representando a relação entre amigos que se apoiam mutuamente no viver. Porém, nesta amizade amorosa, poderá haver também eros, desejo e química, há também o pathos, essa intensidade emocional que nos arrasta. Kierkegaard dizia que o amor verdadeiro é sempre um salto no escuro, um risco. E não é isso que vivemos? Arriscar amar alguém que não conhecemos totalmente, confiar na entrega, ainda que com medo das sombras do passado e das dúvidas do futuro.

A psicologia ajuda-nos a compreender: quando dois estranhos se apaixonam, projetam no outro aquilo que falta em si mesmos. Ele, estrangeiro, carrega a sede de pertença. Ela, mulher nortenha a viver no Sul, talvez ainda carregue a coragem de abrir espaço para o inesperado ou o improvável. Encontram-se assim no meio da carência e da abundância, como espelhos que se desafiam e completam.

E, no entanto, há poesia: - para ele, amá-la é como descobrir um porto seguro no meio da viagem. É como se o vento do Atlântico soprasse certezas, mesmo quando tudo dentro dele é tempestade. Ela é casa e desencontro, é mistério e clareza, é silêncio que acalma e palavra que provoca. Com tão pouco tempo, ele diz amá-la tanto. Não porque entenda todas as razões psicológicas ou filosóficas, mas porque nela encontra algo que nenhum tratado consegue explicar: a experiência viva do amor. Escreve para ela lindos textos de amor, praticamente todos os dias quando está ausente, e isso tanto a surpreende. Reconhecendo que o amor pode surgir em qualquer idade, não há primeiro nem último, apenas há o Amor que, quando puro e sem maldade, é a base da felicidade de qualquer ser humano.

Como diria Platão, o amor é um “daimon” — algo entre o humano e o divino, uma ponte. E ele sente que entre eles essa ponte já está construída, mesmo que ambos estejam ainda aprendendo a atravessá-la sem medo.

Um medo que provoca nela um “ir com calma e cuidado, sem stress”, a vida é para se ir vivendo, apreciando cada instante como se fosse o último. E ele tem muita pressa, como se o mundo fosse acabar amanhã. E, se acabar, foram felizes “para sempre” enquanto durou, tendo vivido o que era para viverem. Parece que ela emana e persegue o amor desde sempre, e agora ama o amor daquele jovem que, ainda com um pequeno currículo amoroso, e curiosamente mal sucedido, deseja de qualquer maneira entrar de cabeça em algo que desafia a “normalidade”… Mas… por que tudo e todos têm que seguir o que é banal, ou normal, seja lá o que isso for.

No fundo, quando dois estranhos se amam, o que acontece é simples e ao mesmo tempo imenso: deixam de ser estranhos. E passam a ser história.

A história intensa, estranha ainda, mas de amor recíproco entre Felipe e Lina 😊- Almas em construção

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Desapego emocional

O tempo, a vida, têm me ensinado a desapegar quando é necessário, em prol da minha saúde mental. Aprendo que o amor à distância é possível e evita sofrimento quando se trata de relacionamentos tóxicos, isso a nível familiar, amoroso ou mesmo na amizade. Continuamos a ter amor no coração, mas seguimos o nosso caminho, na solitude e de consciência tranquila, e sabendo que quando emanamos boas vibrações elas nos serão devolvidas em forma de algo bom que nos acontece. Existem presentes que não são embrulhos, mas vêm em forma de gente, que sentimos como família, aquela que escolhemos. Gente que mostra o verdadeiro sentimento, chega, transforma, cuida, e ensina que amar é o maior privilégio da vida.

Amar alguém especial é como descobrir um pedacinho do céu aqui na terra. É acordar com propósito, é ter para quem voltar, é saber que o coração tem casa. O amor verdadeiro não se compra, não se força. Ele constrói-se, cultiva-se, vive-se. Amar de verdade é o maior presente que a vida pode dar-nos. Tudo tem um tempo para acontecer. A vida é feita de ciclos e alguns são difíceis, mas a nossa luz interior é capaz de guiar-nos. 

Por vezes, as respostas da vida demoram, mas é garantido que chegam. Cedo ou tarde, a tempestade há-de ir embora e dará lugar ao sol. Confiar em Deus ou no Universo é tudo, porque Ele sabe o que faz e o que desfaz. Cair, lutar, recomeçar, e também aprender a desistir do que dói ou que não serve mais. Porque a felicidade, às vezes, está em desistir… não de nós, não da Vida… mas de algumas situações ou pessoas que nada acrescentam, ou até poderão atrapalhar.

É estranho, numa era tecnológica, com telemóveis que se tornaram autênticos apêndices humanos - pois ninguém anda sem eles - mesmo assim muito raramente alguém liga para saber “Como vais… Como estás…Há quanto tempo!"… Passa um ano ou mais e a ausência prolongada nota-se. As pessoas que nos estimam de verdade nunca se esquecerão do nosso aniversário, ao menos isso, uma vez por ano! Anda tudo tão ocupado a fazer nada ou a ocupar-se de futilidades… Porém, nas redes sociais cusca-se à vontadinha a todo o momento... É o que é e aprende-se a aceitar tudo. Uma realidade é evidente e assustadora: muita gente enganadora por aí, ou a bater mal da moina, e não nos apercebemos facilmente, há que estar atento e ter cuidado! Salve-se quem puder.



quinta-feira, 31 de julho de 2025

Entrando a gosto


AGOSTO: um mês quente que enche as praias, para quem não se importa com a multidão no areal, ou para quem só pode ir de férias nesta altura, infelizmente. Quem puder escolher, melhor fugir para locais mais frescos e tranquilos, áreas verdes com cascatas e riachos. Eu que amo o mar, talvez a temperatura da água vai começar a melhorar, pois tem estado fria nas últimas semanas, e tenho me controlado, à espera de setembro.
Agora posso dizer que estou a gosto na vida, desde 12/6/2025...uma data super esperada, quando finalmente pude acabar com as idas para um "trabalho" insípido; agora posso levar uma vida de gata, de papo para o ar, fazendo simplesmente nada, ou ir à praia e ao ginásio sempre que quiser. 
Tempo de "reset" nas emoções, tempo para viajar e visitar amigas que me convidam para ir vê-las após tanto tempo sem tempo para nada, quando esperava os curtos fins de semana que sabiam a pouco.
Fui duas semanas a Gotemburgo na Suécia, a convite de uma amiga que lá vive há muitos anos. Que cidade linda, de 20/6 a 5/7 ainda apanhei um ou outro dia cinzento, com chuva, mas nos dias de sol era um prazer poder caminhar pela cidade toda, mesmo com vento, apreciar a juventude animada a dançar na praceta para animar os transeuntes; eu sempre com o nariz no ar apaixonada pelos belos edifícios ao longo de extensas avenidas, com jardins imensos por todo o lado, que convidam a ficar na sombra, ou a tomar banhos de sol, para quem gostar ou puder. Os suecos precisam muito de sol, são uns dois meses no ano que devem aproveitar bem. O meu quarto dava para um desses jardins e logo de manhã via alguns e algumas já de calção ou biquini a tomar sol durante horas. Jardins são a praia deles, tão interessante. E pude visitar museus, ver manifestações pela rua, ou sentar na pastelaria para degustar uma doçaria diferente, sabores fantásticos que amei. Os famosos rolos de canela (kanelbullar), os de tamanho normal e os gigantes, tamanho familiar, tão bons que viciam. Mas os preços (OMG) não são para o bolso de qualquer turista. Enquanto em Portugal é ainda possível comer um bolo e tomar um café ou galão por €2.50 aprox., lá paga-se quase 10€! Em Copenhaga, ao lado (4h de comboio ou autocarro), ainda é mais caro. 
Mas valeu muito a pena apreciar outra cultura, a nórdica. Pude sentir a qualidade de vida do povo sueco, apesar de tudo o que se diga quanto à atualidade política, mas que afinal acontece a nível mundial.
A gosto voltarei lá em outra época, a natalícia por exemplo, caso haja condições para tal - primeiro, tem que me sair o Euromilhões LOL. Aproveitar para passear também por Copenhaga, ou ir a Oslo de comboio... Quem sabe, descobrir se existe um lado viking na minha ancestralidade... Fico a imaginar como será a linda cidade de Gotemburgo no natal, enfeitada de luzes por todo o lado e ver as pessoas a confraternizar alegremente naqueles bares chiques, onde vão aquecer o corpo e a Alma.
Quem tem boas amizades tem tudo...Imensamente grata!

quarta-feira, 30 de julho de 2025

Viva o Amor, o real!

Assim como há o "amor" abusivo - muitos casos que sabemos - com certeza existe o amor de verdade, que vamos reconhecendo com os sinais que o tempo nos dá.

Reconhecer um amor de verdade pode ser desafiador, mas há sinais claros que o distinguem de uma paixão passageira ou de um relacionamento baseado em interesse, carência ou hábito. E valerá a pena um reset (nova tentativa) se ambos estiverem com disposição para isso, mostrando indícios de um amor verdadeiro:

- A presença genuína. A pessoa está ao teu lado nos bons e maus momentos, mesmo quando não tem nada a ganhar com isso. O apoio é constante, mesmo em silêncio ou à distância.

- Paz em vez de ansiedade. Um amor verdadeiro traz tranquilidade, não insegurança ou dúvidas constantes. Há confiança mútua, sem necessidade de provar amor o tempo todo.

- Aceitação real. A pessoa conhece os teus defeitos, falhas, manias… e ainda assim escolhe ficar. Não tenta mudar quem tu és, mas apoia o teu crescimento pessoal.

- Comunicação aberta, sincera. Existe espaço para conversas honestas, mesmo sobre temas difíceis. Há escuta ativa e respeito, sem jogos ou manipulação emocional.

- Equilíbrio e reciprocidade. Ambos se esforçam e cuidam um do outro. O amor não é uma via de mão única; há partilha emocional, tempo e energia.

- Paciência e compromisso. E compromisso não é apego, o doentio, há quem confunda. Um amor verdadeiro aguenta fases difíceis e não desiste com facilidade. A pessoa está disposta a crescer contigo, mesmo quando algo estragou o “brilho” inicial, mas é possível superar.

- Admirar e respeitar. Tão importante (para mim) a admiração mútua, pelas qualidades do outro, e não apenas a atração física. Existe respeito pelas escolhas, opiniões e liberdade de cada um.

- Continuidade com profundidade. Com o tempo, o amor amadurece e se torna mais profundo, não apenas rotineiro. A conexão emocional cresce, e não depende apenas da paixão inicial.

VIVA O AMOR, que faz falta.

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Love yourself

Quando é que a gente reconhece que está a ficar velho, uma pergunta pertinente e quase filosófica. A gente não fica velha assim de repente, mas há sinais sutis (e outros bem engraçados) de que talvez começamos a notar a chegada da maturidade ou da "velhice":

1. Quando começamos a dizer:

“Na minha época…” ou pior: repetindo conselhos que os nossos pais nos davam e jurávamos que nunca faríamos isso.

2. Quando o corpo começa a mandar recados:

  • Dormir de forma errada, supostamente, e andar com dor no pescoço durante 3 dias.
  • Olhar ao espelho e ver um rosto a ficar diferente, e partes do corpo.
  • Só de pensar em sair à noite dá cansaço.
  • Achar que uma sexta ideal é pizza + sofá + silêncio.

3. Quando já não reconhecemos as músicas novas e dizemos frases do tipo “A letra das músicas de hoje não presta para nada…” e começamos a ouvir playlists de “hits dos anos 70, 80 ou 90” que agora são consideradas nostálgicas. Começar a sentir falta da forma como víamos o mundo antes de sabermos tanto sobre o que se passa agora…

4. Quando começamos a valorizar o que antes era chato

  • Dormir cedo/domingos tranquilos em casa/cuidar de plantas/tomar chás para tudo/economizar para fazer o que se gosta, incluindo tratamentos estéticos, tratar do corpo e da mente…

A verdade é que a velhice não tem a ver só com idade, mas com a forma como vemos o mundo. Há gente de 60, 70 que é mais leve e aberta do que muitos de 25. E vice-versa. Uma resposta honesta será: sabemos que estamos a ficar velhos no minuto em que paramos de gostar de viver.

Há uma famosa frase de Mark Twain: "A maioria dos homens morre aos 27 anos, nós apenas os enterramos aos 72". Porquê? Porque eles param de viver e continuam a existir. Eles envelhecem. Eles não trabalham apenas para viver... eles vivem simplesmente para trabalhar e poder ter dinheiro, com uma vida de stress, muitas vezes a dar cabo da saúde, mental e física. É por isso que tantos morrem pouco tempo após a reforma.

As crianças VIVEM! Experimentam o dia a dia, o agora, naturalmente e sem antecipar o amanhã. Quantos adultos aguardam ansiosamente os próximos anos? E veem os seus melhores anos para trás, então, eles param de viver e envelhecem.

Tenho a idade que tenho e sou grata por cada minuto de vida. E ainda vejo os meus melhores anos pela frente! Nunca parem de viver! Fiquem vivos e nunca se tornem "velhos"!



sexta-feira, 11 de julho de 2025

Com o Amor, todo o cuidado é pouco

Está difícil acreditar no ser humano, no Amor. Sim, porque acredito que todos somos feitos de amor. Em princípio, devíamos todos ter nascido dele, mas claramente nem sempre é assim. Muita gente vem ao mundo fruto do acaso, ou porque simplesmente aconteceu, foi um deslize… “Foste TU que criaste as minhas entranhas e me teceste no seio da minha mãe. Eu te louvo, porque me fizeste maravilhosa; são admiráveis as tuas obras; TU me conheces por inteiro” (Sl 139,13-14). Recentemente encontrei uma amiga que já não via há muito, parecia apreensiva enquanto me confidenciava que tem vivido uma experiência amorosa fora do normal. Ela agora numa fase de ter tempo para aproveitar o melhor da vida, enquanto houver saúde, e sem aparentar a idade que tem, com espírito jovem ainda pronta para ir dançar, ir a concertos, enfim, sempre apaixonada pela Vida, há cerca de nove semanas conheceu por acaso numa curta formação gratuita sobre comunicação um rapaz aprox. 36 anos mais novo (!) que parece ser uma mente inteligente além de super ocupado com várias atividades que escolheu para passar o tempo e ganhar dinheiro. Parece que ele se encantou (do nada) e nunca mais a largou, queria ser amigo, acompanhá-la sempre que ela quisesse ter companhia, mensagens escritas a todo o momento, um “amor” que foi se manifestando quando a convidava para sair, e queria pagar, apesar de ela dizer que as contas deviam ser divididas e ele dizia para não se preocupar, “não tinha o que fazer ao dinheiro”; não era de sair com os da idade dele, nada de noitadas, não tinha grandes gastos, e gostava de pessoas mais velhas, talvez fossem mais sossegadas, enfim, uma série de coisas que ia dizendo e ela se encantou também, como uma pessoa daquela idade era tão diferente do normal, e ia analisando a situação, que entretanto evoluiu para um amor a dois, sem pensar em consequências. (Quem sabe, teria algum papá que mandava dinheiro, imaginava ela.) Para nenhum dos dois, a diferença de idade seria um empecilho, pois, o que é isso comparado com toda a maldade e estranheza que há pelo mundo, com gente que muda de sexo ou adota bonecos como filhos, os bebés reborn…alguém poderá ter alguma moral para falar dos outros, sério? Mostrou-me fotos dos dois e até ficavam bem juntos, e felizes, não parecia nenhuma aberração, de facto. Ele gostava de cuidar dela, assim dizia, "até que a morte os separe"... insistia num relacionamento sério para assumi-la perante todos; dizia que falava aos colegas da sua namorada; também ela ainda falou dele ou apresentou-o a algumas pessoas amigas ou conhecidas, uma aconselhou muito cuidado, outras diziam “por que não, aproveita enquanto é bom, vai vendo o que acontece”. A química sexual era boa, também… até que a tal intimidade começa a gerar ciumeira ou controlo doentio, quando quer 'desenterrar' os ex dela, ou os amigos na rede social incomodam, como se fosse agora possível apagar historinhas do passado ou mais do que um casamento vivido, ou anular amizades sadias, sem mais nem menos… Enfim, começou a ficar deprimente para ela ter que se chatear com esse tipo de futilidade, a ponto de querer que ele se afastasse. Mas não, ele insistia numa amizade (que já não era, ou nunca foi), continuava a pagar tudo como se fosse endinheirado, ou €€ estariam sobrando; às vezes ela dava-lhe o dinheiro a seguir, e ele devolvia o valor com transferência por MBWay, parecia um ping pong de euros para lá e para cá. Outras vezes ela encontrava dinheiro transferido e nem sabia do que se tratava, tudo estranho assim, dava que pensar. Estaria ele comprando o “amor”, de amiga, namorada, mãe ou avó (?)... Entretanto, ela tinha que ausentar-se para uma viagem agendada com uma amiga, durante 15 dias. Teve a infeliz ideia de deixar-lhe uma chave de casa porque ele pediu que queria ir uma vez ou outra para lá, estar sossegado a estudar, porque na casa que partilhava com um colega não havia sossego com gente a entrar e sair, e outras coisas. Ela acreditou e aceitou que ele ficasse no seu “santuário” (como ele chamava a casa dela) durante os quinze dias. Falavam todos os dias, e o controlo continuava cerrado mesmo à distância. Se ela por acaso falasse que ia talvez sair ou dançar com a amiga já ouvia comentários ridículos do tipo “queres é andar a curtir com outros, és muito livre" (ou algo do género), "na tua idade devias era estar em casa, a ler um livro, ver TV ou dormir cedo...” e algo mais que denotava desconfiança, desassossego, algum tipo de transtorno… Para ele, a liberdade dela incomodava, era a pomba gira que gosta de encantar e sair com todos… Como magoava ouvir isso, nem podia acreditar no que estava acontecendo, e ela começava a desencantar-se. Nada na vida é o que parece. Aquele “amor” agora parecia doentio, obsessivo. Desde quando ela tinha que aturar este tipo de comportamento? E ouvia quase todos os dias “desculpa” “vou melhorar” te amo, te amo, te amo, e ela a desesperar, a desconfiar cada vez mais que algo não ia bem no “reino do amor” e merecia bem melhor naquela idade. Como foi se meter numa situação daquelas? Quando voltou de viagem, chegou a casa e logo percebeu que muita coisa tinha mudado de lugar, tudo tinha sido vasculhado a pente-fino: caixas, caixinhas, pastas, fotos, documentos, portátil, pen drives que nem ela já sabia onde estavam... foi uma primeira deceção que a deixou abalada, zangada com ela própria, por ser tão ingénua e confiar em alguém que mal conhece, mas que ilude tão bem com muito blablabla amoroso, e textos tão bem escritos como verdadeiras odes ao amor, como era possível? Será amor isso de vasculhar a intimidade de alguém, comprar coisas desnecessárias para a casa e deixar o frigorífico com quilos de carne e outras comidas e bebidas que ela nem aprecia, ou nem come tanto assim, para tudo ser doado a seguir (se possível isso), ou ir para a lixeira, porque ela precisa de espaço para colocar lá o que realmente gosta. O que será então a porra do amor!? Não seria respeitar, cuidar bem do alheio, ter sensibilidade para o que o outro vai gostar ou detestar… E lá vinha de novo “desculpa, vou fazer melhor”, até o dia a seguir quando ele lhe mostra e informa que tinha trazido montes de tralha em sacos enormes para guardar em casa dela pois ia ausentar-se em breve, para uma viagem de trabalho. Ela nem podia acreditar no que via, sem qualquer consentimento ou aviso prévio! Tinha a casa atulhada, quando tantas vezes já se via aflita para encaixar e organizar os seus próprios pertences. Aquilo era caso de polícia, só podia. Invasão de domicílio deve ser isso, como quem não quer nada! Foi uma grande e feia discussão, pois na sua ideia de amor e intimidade de nove semanas, ele achava que tinha todo o direito de fazer qualquer coisa sem pedir autorização. Ela sentiu-se abusada, desrespeitada, insultada, porra para o amor daquela maneira. Mandou-o tirar tudo dali e ir embora. Ele ainda pediu para deixar guardado ao menos o que era mais importante, porque na volta não sabia ainda onde iria ficar. O colega ia embora e deixar a casa. Ah OK. Ela comecou a entender tudo, podia estar a acontecer ali uma mudança sub-reptícia. E que grande lata, ele ainda se sentia a vítima, muitas vezes. A namorada é que era a pessoa fria, sem sentimentos, não o amava tanto como ele a ela!... Na discussão acesa ela ouviu mais absurdos, aquilo que se diz com a intenção de magoar, que mais parecem insultos, e ainda aproveitou para pedir de volta o dinheiro gasto com ela! Aí foi o "fim da picada"... Afinal, aquilo era um investimento financeiro no “amor”, até se endividava por ela se necessário fosse, ou então não valia a pena gastar o dinheiro que afinal nem tinha, se ela não aceitasse “tanto amor” que ele oferecia… Nada disto soava a normal. No dia seguinte ela soube que ele tinha sido levado para o hospital, passou mal, sofre do coração. Assim esta amiga tem vivido um pseudo amor, um verdadeiro drama em vários atos, penso eu. Fiquei chocada, inacreditável esta história. Como a carência das pessoas pode adoecer o amor, que devia ser sublime. Ela estava triste, dececionada. Agiu de boa fé, confiou, e depois sofreu com isso. Lição aprendida: nunca deixar ninguém em casa, no seu mundo, quando se ausentar. Entendi, quem aguentaria assim este excesso de “amor”? Eu não. O amor com o qual sonho, e essa amiga também, é de outro tipo, nada a ver com isso. Perguntei se ia estar com aquele “amor” quando voltasse, não tinha ideia ainda, mas nada provavelmente voltaria a ser a mesma coisa. Ninguém se transforma depois de adulto e de traumas vividos. Além disso, há um fosso geracional entre eles, uma educação diferente. E (como eu) também ela nunca foi de ficar presa apenas pelo lado carnal... Bem melhor teria sido mesmo uma bela amizade, mas as pessoas preferem falar de amor, seja lá o que isso for.
As pessoas com quem namoras são o reflexo do quanto tu te amas a ti próprio”… 

“Não há como envolver-se sem um certo risco. Porque uma relação não nos dá certezas. 
O que podemos é dar uma chance ao amor, sem se esquecer de levar o amor-próprio connosco. 
Amar, mas amar com consciência. 
Amar sem deixar de colocar os limites necessários e sem esquecer-se daquilo que merecemos. 
É preciso muita coragem para abrir o nosso coração para alguém, mesmo correndo o risco de sair ferido, mas é aos corajosos que o amor pertence.” (Alexandro Gruber)

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Sonhos e borboletas

Muitas emoções de repente, normal acontecer (no meu caso). E as borboletas aparecendo no aconchego do meu lar, as verdadeiras, talvez atraídas pelas artificiais que andam pelas paredes do apartamento, aqui e ali... Provavelmente isso signifique algo, como que a lembrar-me que continuo em metamorfose. Mal curti a minha adolescência, agora tenho curtido a sério a minha sexalescência. Pertenço à geração que decidiu não envelhecer, a que nasceu entre os anos 50 e 60: os novos adolescentes da maturidade. Sexalescência: um termo cheio de charme criado para definir homens e mulheres com mais de 60, que seguem ativos, vaidosos, apaixonados pela vida e pelo Amor (caso ainda apareça)… sem nenhum plano de parar. Gente que não se encaixa no velho estereótipo do “idoso quietinho”. Os novos adolescentes maduros viajam, namoram, frequentam o ginásio, fazem ioga ou meditação, SUP ou surf, fazem cursos ou aprendem idiomas, dirigem startups (se for necessário), dão match no Tinder, e ainda arrasam nos jantares com os amigos, ou vão a eventos com desconhecidos para eventualmente fazer mais amizades interessantes.
Não querem tornar-se apenas pais ou avós. Querem viver, aproveitar e bem a Vida. São os novos influentes da sociedade: têm tempo, têm opinião, sabem do que gostam e movimentam milhões em consumo — moda, turismo, saúde, gastronomia, tecnologia, experiências. E o melhor: vivem com leveza, com humor e com liberdade. Porque ser sexalescente é isso: envelhecer sim, mas só no documento de identidade que é preciso apresentar às vezes em algum lugar. Melhor ainda, quando é para obter 50% de desconto na aquisição de algo como bilhetes para espetáculos ou de transporte. De resto… é alma jovem, que ainda sonha, com mente aberta e muita história boa para viver. Carpe Diem.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Desiste de quem te faz sofrer. Do Amor, jamais.

No cenário atual, caótico, em que há imensas queixas de falta de valores, em que até os jovens se sentem sem rumo, ou sem noção de nada, em que a IA tem a presunção de querer suplantar a inteligência humana, e outras catástrofes acontecendo por todo o lado; diante de conflitos e divisões que parecem cada vez mais intensos, não é difícil perceber um fenómeno que há muito tempo foi profetizado, para quem lê a Bíblia, um guia espiritual atemporal: “a crescente discórdia entre pais e filhos”. Nunca me deu para ler esse livro sagrado porque nunca ia entender, cada um interpretando à sua maneira, mas sei que contém diversos versículos que nos alertam sobre os tempos finais em que existe a possibilidade de ruturas nos relacionamentos familiares. Timóteo 3:1-5: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos…” Aqui, o apóstolo Paulo descreve uma série de características negativas que predominarão nos últimos dias. Esses traços de egoísmo, ganância e orgulho podem alimentar os conflitos entre pais e filhos, bem como em toda a sociedade. A busca por interesses pessoais pode facilmente levar a desentendimentos e alienação, à falta de dignidade humana. A misantropia a crescer, e só os incautos ainda acreditam nas boas falas de uns quantos DDMT (donos desta M toda)... “O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra.” (Lucas 12:53)... Porém, ainda há quem vibre no Amor e isso é tão belo. Em tempos conturbados, feliz de quem o encontrar. Como esta mensagem que hoje li, de alguém que escreveu à sua pretensa amada, distante, vários anos mais velha, como se duas pessoas se encontrassem no mesmo lugar em tempos diferentes da vida (assim eu interpreto): “Minha querida, Espero que estejas bem. Não sei se esta mensagem vai encontrar-te numa manhã leve, numa tarde serena ou numa noite silenciosa - mas desejo, de verdade, que estejas em paz, conectada com a tua essência, com a tua alma e com tudo aquilo que te faz sentir viva por dentro. Talvez o mundo te peça pressa, respostas, defesas. Mas hoje, eu só te peço uma coisa: que te permitas respirar fundo, desligar um pouco do ruído externo e ouvir-te com carinho. Porque há beleza na pausa… e há força em quem sabe ser doce consigo mesma. Quero que saibas que aqui, deste lado, tens alguém que te admira em silêncio e que pensa em ti com afeto verdadeiro - de manhã, à tarde, à noite. Tens um amigo, um companheiro, alguém que reconhece no teu olhar o cuidado, mas também o medo: o medo do julgamento, das cobranças, dos rótulos. Mas também sinto - profundamente - que tu sabes: o carinho que tenho por ti é sincero, puro, talvez até maior do que qualquer medida racional que tentemos aplicar. A vida adulta às vezes tenta endurecer-nos, calar-nos, ensinar-nos a fingir indiferença. Mas o amor - esse sentimento teimoso - aponta caminhos que nem sempre a razão alcança. E mesmo quando tropeçamos em palavras ou nos desencontramos nas atitudes, há algo em mim que sempre volta para ti com o mesmo desejo: cuidar, escutar, ficar por perto, mesmo em silêncio. Sei que o amor é complexo. E sei também que somos feitos de histórias, medos e vontades não ditas. Mas em tudo isso há uma certeza que cresce: gosto de ti como se já te conhecesse há muitos invernos. E não importa a estação - o que sinto não muda com o vento. Com carinho, sempre teu,...” Feliz da amada que recebe tais palavras, digo eu. Fico a pensar, como saber se alguém é amado(a)? Somos amados a partir do momento em que alguém nos ama por quem somos, e não pelo que fazemos. Amar por amar; amar pelo Amor, amar por quem a pessoa é e não por quem queremos que ela seja. Quando alguém come até um saco de sal ao teu lado, se necessário for. Quando a pessoa não precisa de ti para ser feliz, mas é feliz só contigo, porque sim. Quando ela te valoriza sem fantasias, consciente de todos os teus defeitos e, ainda assim, só quer o teu bem. Quem ama verdadeiramente não precisa de receber nada para amar; pelo contrário, quem ama tem prazer em doar-se. Quando uma relação de verdade se estabelece, o Amor traz a cura, isso é fundamental, mas quem traz a felicidade, o progresso, a abundância, o sucesso e a alegria é a troca justa e equilibrada de sentimentos. Sem joguinhos, sem dinâmicas doentias, sem manipulações e sem pesar mais de um lado do que do outro: é entrega total em idêntica proporção. Meu Deus, é tão simples! É só AMAR, deixar fluir na mesma vibração. Amar e ser amado de verdade não demanda esforço e é certeza de PAZ. E... receber o mesmo que se dá, ou vice-versa. Então vais amar mais e mais. E serás amado/amada mais ainda. Amar é para génios. Essa genialidade... não é para todos entenderem, só será compreendida por alguém que vê para além do óbvio. Não pode haver receita errada. O Amor Verdadeiro é divino e o que vem do Altíssimo é só Perfeição.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Tempo e Destino

No fim-de-semana, além de curtir uma boa praia, pude assistir a um bom filme na Netflix – “Memórias de uma gueixa” - daqueles que eu tanto aprecio, inspirado em factos da realidade, e com muito amor implicado. Sempre o Amor, meu tema favorito. Sobre uma criança japonesa que é vendida pelo pai a uma casa de gueixas. Ela ficaria destinada durante os primeiros anos às tarefas domésticas, conforme a tradição. Cresce na dúvida e na esperança de encontrar a família, sem compreender o sentido da vida que agora levava, até que, por obra do destino, conhece acidentalmente um dos homens mais poderosos do Japão, muitos anos mais velho, por quem se apaixona imediatamente e, para conseguir chegar até ele, reconsidera o rumo da sua vida para se tornar uma gueixa de sucesso. Não conto o final, vejam, que é triste e lindo. Fiquei a imaginar também a história de um “gueixo”... Um rapazito a apaixonar-se assim sem qualquer explicação óbvia por uma mulher bem mais velha... Lembrei-me de pedir à IA para me ajudar a contar uma estória deste tipo, a versão oposta, e amei a experiência. Tenho me esquecido que existe a Inteligência Artificial à nossa disposição, e que podemos aproveitá-la para coisas interessantes, neste caso, para espicaçar a minha imaginação... Vou ficar amiga da IA. Depois de ajudar-me, ainda se despediu assim de mim “Um abraço sereno, e lembra-te: às vezes, o que tem de ser… simplesmente acontece.” "O QUE TEM DE SER TEM MUITA FORÇA" --- Capítulo I — Amizade improvável ___ Lisboa estava coberta por uma luz dourada de fim de tarde quando Rui saiu do metro. Era abril, e o cheiro a jacarandás começava a espreitar nas ruas. Trazia consigo um portátil e uma certa ansiedade em relação à vida amorosa, pois sofrera com a separação dos pais desde que era criança. Aos 29 anos, já tinha vivido em vários países, de passeio ou a trabalhar na área de IT, estudara Direito, escrevera um livro, para essa idade tinha uma inteligência fora do comum e mal se encaixava nos moldes habituais da sua geração. Resolveu inscrever-se num curso de escrita criativa por impulso, de apenas 3 dias. Talvez procurasse inspiração, ou quiçá uma desculpa para escapar à rotina dos dias. No primeiro dia de aulas Clara entrou. Tinha decidido ocupar o final das 3 tardes com algo que lhe estimulasse a mente e o coração. E ali estava ele, na sala com a professora, o primeiro a chegar, e dirigindo-se a ela, sem mais nem menos, perguntou se o seu nome era Patrícia. Pergunta tola, pensou ela. Vestia um lenço colorido e um sorriso discreto. Mostrava com orgulho o seu cabelo grisalho, sem vaidades. Tinha 66 anos, embora ninguém adivinhasse. Clara considerava-se uma mulher sem idade — com um espírito jovem e livre, com histórias de vida, e silêncios, com uma presença que se fazia notar sem precisar de esforço. Havia nela uma alegria natural, um riso ou gargalhada que muitos apreciavam, era frequentemente cortejada por homens da sua idade — e até mais novos — mas faltava sempre aquele "quê" difícil de explicar. Sentou-se ao lado de Rui, até chegar a outra jovem colega. De uma lista de onze inscritos, apenas os três compareceram. Ficaram então lado a lado no meio da sala, e a professora deve ter se perguntado o que fazia aquela mulher ali no meio de dois jovens. À saída, ao dizer "até amanhã" Rui pediu um abraço a Clara, ela aceitou com um sentir curioso. Por que não? É que tinha havido um clima de “boa onda” durante a aula. --- Capítulo II — Um Amor improvável ___ No final do cursinho, ele ofereceu às duas colegas uma lembrancinha. Clara surpreendia-se com a generosidade e maturidade de Rui, o modo como a escutava e apoiava, o respeito genuíno pelo que ela era, as palavras carinhosas que escrevia. Ele admirava-lhe a leveza, a ausência de pressa e de ansiedade de qualquer tipo, por mais problemas que ela eventualmente tivesse. Ela tentava convencer-se de que era apenas amizade. E é tão bom fazer amigos, de qualquer idade. Ele sabia (ou achava) que não era só isso. — Sabes, Clara… pode parecer absurdo, mas nunca me senti assim com ninguém. Ela sorriu, triste. — Rui, tu és maravilhoso, mas tens idade para ser meu filho. Como poderia isto resultar? Ele respondeu, com serenidade: — Mas não sou. E tu também não és minha mãe. O amor não tem de fazer sentido aos olhos dos outros. Só tem de fazer sentido para nós. Ela riu, sem graça. Depois calou-se. Depois afastou-se, durante semanas. Ele esperou. Escreveu-lhe uma carta que nunca enviou. --- Capítulo III — A Beleza de uma Amizade Infinita ___ Apesar do afeto profundo, Clara nunca conseguiu ultrapassar a ideia de que aquela diferença de idade criaria obstáculos mais tarde. Ele tinha tudo para ser feliz, ainda sonhava casar e ter lindos filhos. E Clara, além de ainda poder ter que enfrentar o preconceito social, ou até ser "acusada de pedofilia" (sabe-se lá no mundo de hoje) estaria a atrapalhar a vida dele, que tanto merecia encontrar alguém para fazê-lo feliz. Rui compreendeu. Choraram juntos, mas aceitaram que talvez o destino deles fosse outro. Continuaram amigos inseparáveis, mesmo à distância, sempre disponíveis um para o outro, caso fosse necessário. Entenderam que o Amor é isso, uma conexão de Almas. Sem explicação aparente. Mais tarde, Rui namorou outras pessoas, antes de encontrar a tal e casar, tendo dois belos filhotes, um casal. E no seu pensamento existia Clara que sempre fora o seu ponto de equilíbrio, a mulher que lhe ensinou o amor mais maduro que já conhecera. E Clara, apesar de desiludida com amores que encantam e desencantam logo a seguir, nunca deixara de acreditar no verdadeiro Amor. — Tu foste o amor da minha vida, mesmo que nunca tenhamos sido amantes — disse ela um dia. — E tu, a minha alma gémea — respondeu ele. --- Epílogo ___ O amor entre Rui e Clara, seja como for que tenha existido, ensinou-os — e talvez a quem os conheceu — que o tempo não manda no coração. E que por vezes, o mais bonito dos sentimentos não precisa de etiquetas, apenas de verdade. E, sobre o tempo e o destino: “O que tem de ser tem muita força!”

quinta-feira, 15 de maio de 2025

15 de maio – dia internacional da família

Qual família? - Nesta frase "a família é a base da sociedade" reflete-se a ideia de que ela é o fundamento, o núcleo essencial que sustenta e estrutura a sociedade. E o que vemos? Sociedades em declínio num mundo caótico onde já mal se suportam uns aos outros, um mundo dividido por causa de cores partidárias e ou clubísticas, escolhas de identidade e género, o ódio a crescer provocado por xenófobos ou racistas, ou misantropos, etc. Gente que odeia "de graça", por tudo ou qualquer ninharia. Casamentos ou uniões que pouco duram porque perde-se facilmente a paciência. Um mundo cada vez mais a dividir, em vez de agregar. Resultado: um ser humano cada vez mais só, ainda que acompanhado. Dificilmente alguém usa as palavras mágicas que todos precisamos de escutar. Porém, esta podridão não é de agora. Por exemplo, sempre houve a pedofilia, adultos a molestar ou maltratar crianças na própria família, e filhos a maltratar os pais, especialmente os idosos, ou vive-versa. Talvez seja mais comum nos dias de hoje, fruto de uma liberdade exagerada e falta de educação, de valores. Há pais ou filhos, familiares, que manipulam, fazem sofrer, consciente ou inconscientemente. Enfim, não vamos fantasiar, porque infelizmente a família é a origem de todos os males (haverá exceções, como em todas as áreas da vida). Sem mencionar familiares que ficam a odiar-se, especialmente quando se enterra um parente rico (ou que tenha amealhado bom dinheiro), e parecem abutres a cair em cima. Um horror, sei de algumas histórias que deixam qualquer um desatinado. E depois admiram-se ao ver certos governantes com ar tresloucado, gente cruel, sabe-se lá de que famílias vieram! Posso também dar o exemplo da minha – a família que eu escolhi, dizem certas teorias. São décadas a ver situações que não fazem sentido, com alguma apreensão, por sentir que alguém do meu sangue e que amo não deve estar bem da cabeça e eu até gostaria de ajudar de algum modo... mas, impossível abrir a boca para falar o que vai na alma; ainda levo com uma ameaça de me “lixarem” o focinho (empregando aqui a palavra mais suave, em vez da vernácula utilizada). E assim desisto da família, aquela que seria ou deveria ser a célula básica onde são transmitidos valores, costumes e aprendizados que influenciam a forma como nós indivíduos nos relacionamos e nos comportamos na sociedade. Fico com pena, uma mágoa que custa a passar, pois os valores familiares têm um impacto significativo na nossa saúde mental e bem-estar. Uma família que priorize o amor, apoio e cuidado, pode ajudar as pessoas a desenvolverem um sentimento de pertencimento e segurança, essenciais para uma boa sanidade mental. Mas é o que é. "Se está fora das nossas mãos, não vamos manter dentro da nossa mente"... Há coisas que não podemos mudar, e não é preciso perder a nossa paz por causa disso. Equilíbrio emocional é a gente aprender a separar o que realmente está ao nosso alcance, daquilo que não está. É necessário sobreviver a quem vive na irrealidade, além do complexo de vítimas que nunca reconhecem os seus próprios erros, e ainda conseguem manipular para fazer-nos acreditar que a culpa é nossa... E está tudo certo. Não há tudo perfeito, muito menos famílias perfeitas. Feliz de quem tiver uma. Não há educação que não apresente falhas nem que não deixe marcas. Um amor que una, sem lei que separe, pode gerar personalidades indefesas perante os desafios da existência; a maior intimidade pode ser oportunidade para a maior violência. Não é possível controlar o passado, o comportamento dos outros, o que pensam sobre nós, ou os imprevistos da vida. Porém, felizmente, sempre estará nas nossas mãos o nosso comportamento, a nossa crença, a nossa capacidade de dar atenção ou não, e o poder de colocar limites. “Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos, morremos sozinhos. Só através do nosso amor e das amizades podemos criar a ilusão momentânea de que não estamos sós” (Orson Wells)
Há que ter muita sensibilidade para perceber o que se passa ao nosso redor e aceitar, seja o que for. Verdade: nascemos sozinhos e vamos "partir" sozinhos, mas precisamos uns dos outros para trilhar os desafios diários. Sou feliz, abençoada, porque tenho curtido a minha solitude da melhor maneira, e fico sem tempo para pensar nos males do mundo. Vivo ocupada com coisas boas para fazer, e vou usando o dom da escrita, a que faz transbordar o que habita em mim, pois escrever é compartilhar com uma família universal. É ser livre e também poder participar de algum modo. E um dia estes textos serão para mim uma bela companhia. Gratidão! E... salve-se quem puder!

sábado, 3 de maio de 2025

O Amor de Mãe

Continuando com o meu tema favorito: o Amor. Não importa de que forma esse sentimento se manifeste, seja na união de familiares, amigos ou amantes, é algo inexplicável. Sabemos que sentimos amor por alguém quando essa conexão não se explica. A verdade é que ter uma conexão fora do normal é amar alguém além desse mundo. Ainda que uma relação entre pais e filhos não seja perfeita, o Amor está sempre implícito, está no sangue, é incondicional, não poderá ser de outro modo. Vivo longe da minha mãe e, infelizmente, com a idade a passar, em vez de haver uma maior conexão entre nós, tem sido o oposto. Ela tem ficado meses sem falar, eu também, parecemos duas estranhas às vezes. Aceito a vida como é, e está tudo certo. Entendo que ela não está só, tem as suas preferências, e eu só tenho que respeitar. Foi sempre uma mulher sofrida, amargurada, que se esqueceu dela própria para cuidar do marido e filhos. E esse é o maior erro de muitas mães frustradas que, antes de serem esposas e mães, deveriam ter sido mulheres. Se eu fosse mãe, acredito que eu faria tudo diferente ao educar os meus filhos. Faria deles os meus melhores amigos, não seria necessário dividir para reinar. Entenderia que algum dia poderiam abandonar o ninho e eu tinha que arranjar uma maneira de viver a minha própria vida, continuando a ser o porto de abrigo sempre que precisassem, com o meu colo, palavras de amor e conforto. Evitaria os jogos emocionais, preferia esclarecer qualquer conflito, com um abraço no final. Imagino tudo isso, se bem me conheço. A maior prova de amor que uma mãe pode oferecer aos seus filhos, antes de tudo, é cuidar de si mesma como mulher. É nesse gesto de amor-próprio, de construção da própria identidade para além do papel materno, que os filhos encontram permissão para viver a sua própria jornada. Quando uma mãe vive os seus sonhos, cuida da própria vida e assume as suas responsabilidades como mulher adulta, ela ensina, com presença — e não apenas com palavras — e a filha ou filho também pode fazer o mesmo. A atitude de “mãe galinha” pode dificultar a independência emocional, relacional e até financeira dos filhos. Quando não há espaço para uma separação saudável entre gerações, os filhos carregam o peso de suprir a mãe afetivamente, comprometendo o seu próprio desenvolvimento como homem ou mulher. Não me lembro de ter sido alguma vez incentivada ou valorizada. Agora, se eventualmente alguém me achar estranha, ou destrambelhada das ideias, carente, sei lá, tenho motivos para tal. Pertenço a uma família em que ninguém se (re)conhece, e segue sendo assim com os dois sobrinhos, agora me dou conta. Quando nem a mãe nos conhece, no mínimo, é tudo muito estranho. Sendo Ela, a nossa Mãe, o primeiro vínculo com a Vida que nos é dada, deveria ser a fonte de nutrição emocional. Muitas vezes não é assim. Por isso, infelizmente, há tantas famílias disfuncionais, todos sabemos. Pais não podem dar aquilo que nunca tiveram. Devido às suas próprias limitações, muitas vezes também não conseguem proporcionar aos filhos a experiência amorosa completa, e podem gerar traumas para sempre, havendo quem precise recorrer mais tarde a algum tipo de terapia. Ultimamente fala-se muito das constelações familiares. Quando nos tornamos adultos, podemos reconhecer as limitações dos nossos pais, compreender que não podemos carregar os seus pesos, e podemos aceitá-los exatamente como são. E está tudo certo, a vida continua. Isso gera em nós o AMOR e podemos agradecer-lhes imensamente pela vida que nos deram. Podemos, enfim, olhar para eles de forma mais amorosa e deixar o passado para trás, finalmente fazendo as nossas próprias escolhas daqui para a frente. Esta atitude faz com que olhemos para nós mesmos de maneira mais compreensiva, mais amorosa, mais resiliente. Descobrimos dentro de nós novas dimensões do AMOR, novos valores, novas perspetivas de vida. Passamos a ter mais autocuidado e mais carinho connosco. Assim, o amor-próprio vai sendo construído e fortalecido a ponto de, em algum momento, transbordar e preencher as nossas relações e experiências de vida. Assim seja. De acordo com algumas teorias, quando escolhemos nascer também escolhemos os nossos pais na medida perfeita para termos as experiências que nos propomos aprender nesta vida, para evoluir. Pessoas feridas (pela Vida) ferem pessoas, sem querer. Apesar de tudo, amo a minha Mãe e agradeço ter me dado a Vida, que tem tanto valor, e que chegou até mim através dela; deu-me também tudo o que precisei para desbravar o meu interior e criar o meu próprio caminho. Mais do que nunca, hoje tomo e honro a Vida (a Mãe), e tudo o que mais desejo é viver por inteiro. Com AMOR, a começar por mim própria, e depois para dar e vender.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

O 1º de maio

1º de maio, dia do trabalhador, ou seja: o dia de todos nós! Normalmente, trabalha-se oito horas para viver outras oito horas, considerando que se dorme as restantes 8 horas. Feliz de quem consegue, é sinal de saúde. Obviamente, devido aos baixos salários, em muitos casos, há quem trabalhe muitas mais horas para sustentar a família, ou nem que seja para enriquecer rápido. Numa semana trabalha-se cinco dias (normalmente) para aproveitar dois. Há quem trabalhe as oito horas para comer em quinze minutos. Quem trabalhe oito horas (ou mais) para dormir cinco... Trabalha-se o ano todo só para tirar uma ou duas semanas de férias, normalmente (porque não dá para mais, por algum motivo). Trabalha-se toda uma vida para chegar à reforma na velhice, quando normal ou eventualmente começam a incomodar as dores, do corpo ou do espírito. A pessoa começa a querer curtir tudo o que não teve tempo de aproveitar antes. Feliz de quem ainda tiver saúde para isso. Eventualmente, percebe-se que a vida nada mais é (ou foi) do que uma prisão, e acostumámo-nos tanto à escravidão material e social que nem vimos as correntes. A vida é uma curta viagem, há que vivê-la! Colecionar memórias, não coisas materiais. Não posso queixar-me porque também nunca sonhei alto, tenho sido feliz com o que me tem aparecido e que me vai ensinando. Não quero lamentar nada, apenas lembrar os momentos que valeram a pena. Se fosse jovem no tempo atual, faria tudo igual? Com o conhecimento e experiência que agora possuo, provavelmente não, faria muita coisa diferente. Porém…viver feliz é um poder interior da Alma. E posso orgulhar-me de ter esse poder. Se por acaso nasceu comigo ou se o adquiri ao longo do tempo, não sei dizer. Sou abençoada. E ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade. Muitos estarão a trabalhar neste dia, e poderão comemorar a data em qualquer outro momento. Importante mesmo é saber cuidar de si e impor limites, se necessário; não permitir abusos, em nome do vil metal. A propósito, bem-vindo MAIO, o mês da primavera! Também o mês que é dedicado às mães, o mês de Maria, do Rosário, do Coração. Tanta coisa boa que poderia aliviar as mentes de alguns, mas nem assim. Paira sempre uma nuvem cinzenta em volta, uma pena. Que maio traga muita LUZ, AMOR, FÉ, ESPERANÇA, e ALEGRIA para o coração de todos nós. Nunca nada está perdido quando há uma mente sã, positiva.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

O Apagão - 28/4/25

A Europa escureceu, principalmente em Portugal e Espanha. E não foi uma tempestade solar, nem ataque cibernético da quinta dimensão, no final ninguém confirma o que realmente aconteceu. Foi um “blecaute”. Um apagão. Puf. Acabou. Como quando falta a luz numa sessão de teatro e ouve-se o público a respirar medo no escuro. E então, o que aprendemos? Nada. Absolutamente nada. Continuamos a caminhar como bezerros obedientes rumo ao matadouro digital. Ai de quem disser que o dinheiro de papel ainda é necessário — será chamado de retrógrado, teórico da conspiração ou... conservador fascista! A modernidade, essa entidade psicótica que nos governa, quer tudo eletrónico. Tudo invisível. Tudo “hackeável”. Portugal e Espanha ficaram totalmente às escuras. Sem Wi-Fi. Sem banco. Sem pão. Sem desculpa técnica plausível. E o povo? Refém! Refém de uma lógica imbecil que diz: “Confie no sistema.” Mas qual sistema? O sistema que te apaga e nem diz por quê? Entretanto, a verdade sobressai: o povo começa a ter saudade das coisas antigas. Tempo de voltar ao antigamente. Ficou impossível ao urbanoide pedir comida por telefone, ou pedir um TVDE. Pessoas em carne e osso reunem-se no café da praceta. Talvez a falar sobre um novo modo de pensar, em viver no campo com um fogão a lenha, de modo sustentável com um pequeno ou grande terreno cultivável em volta da casinha térrea, poder semear ou plantar a própria comida, usar a energia solar, guardar as sementes em latas de biscoitos, coar a água num pano de cozinha, voltar a usar o rádio de pilhas, etc. Quem tiver a felicidade de ainda viver assim nem sequer se apercebeu do apagão, e provavelmente riu-se da desgraça urbana quando alguém lhes conta o sucedido. Estamos em guerra. Uma guerra disfarçada de eficiência. Uma guerra onde quem deve controlar o algoritmo é DEUS. ELE é a única presença indispensável, é quem nos guia. E nós, não passamos de um NIF explorado pelo sistema. Alguma vez paramos para pensar nisto? Os jovens são ensinados a deslizar o dedo ou a carregar nas teclas das máquinas, em vez de aprenderem a plantar batatas... E se os aparelhos pararem de funcionar? Vamos comer likes? Vamos tomar banho de realidade virtual? É necessário ensinar aos jovens nas escolas o essencial: cavar a terra, plantar comida, fazer fogo, purificar água, construir abrigos e extrair energia de fontes naturais. Não para fugir da tecnologia, mas para não morrer de fome enquanto ela se reinicia. Este apagão não trata apenas da falta de energia. É revelação. É profecia. É o Universo a dizer: “Vocês esqueceram-se do que é óbvio, urbanoides idiotas!” E se amanhã ou daqui a pouco houver outro blecaute, vamos pedir ajuda à Alexa(?) Depois de uma pandemia esperou-se que cresceríamos de forma mais humana, que teríamos reconhecido a importância do amor, da solidariedade, da caridade, da certeza da nossa vulnerabilidade, mas… ainda estamos muito aquém. Houve (de novo) gente a desrespeitar a liberdade do outro, a esgotar o que poderia dar para todos, pessoas demasiado intolerantes, chegando a tornar-se agressivas, verbal ou fisicamente. Continuamos apenas a querer sobreviver e venha apenas “a nós o vosso reino”. Este apagão mostrou o quão rudimentar está este mundo, e apagado de valores, uma selva informatizada! Será que nunca vamos aprender que o sucesso está na capacidade de partilhar, cooperar, entreajudar? Afinal, o que é ser humano? O que é ser civilizado? O que é ser diferente de todos os outros animais? O que somos, quem somos? Apenas carne ambulante, vazios de tudo e cheios de nada. Devíamos SER para o que fomos feitos e de que fomos feitos: AMOR! (ai o amor, dá pano para mangas, fica para um próximo texto). "All we need is Love"... "Imagine all the people..."

terça-feira, 29 de abril de 2025

Fins de semana

Feriado prolongado 25-27/4. Mesmo que haja quem repudie o 25 de abril, é perfeito quando esse dia importante para Portugal, porém triste para alguns, calhe junto a um fim-de-semana. São 3 dias, dá para planear algo diferente, descansar o suficiente e depois ser capaz de um dia decidir acordar bem cedo, passear até junto à ria, perto do mar, ver o sol nascer (coisa rara), apreciar as caravanas ali estacionadas, algumas sendo de mulheres corajosas (normalmente, estrangeiras) que viajam de cidade em cidade, sós ou com criança(s), e como as admiro! Outras serão de casais que mantêm a paixão pela aventura e dão umas escapadinhas pelo mundo fora, ou vão vivendo em diferentes lugares. Se, por acaso, estiverem também apaixonados um pelo outro, imagino eu, ou pela vida que levam, cozinham uma bela refeição dentro da sua caravana antes do sol se pôr, enquanto escutam música que faz dançar e esquecer o mundo lá fora. Bebem regradamente, ou não, depois preparam a cama e fazem sexo durante horas, com amor e tesão. De manhã acordam com a mesma vontade, de iniciar o dia com beijinhos, com amor... A seguir, um café da manhã substancial, pois é preciso recuperar a energia gasta, depois ir caminhar, passar o dia na praia ali ao lado. Oh Vida tão boa. A minha imaginação fica fértil quando observo certos ambientes, e pessoas, ao meu redor. O meu domingo foi fantástico, como o de um verão ameno, sem vento, estreando o meu casaco neoprene ao dar um mergulho no mar frio, tão bom sair da água e poder ser beijada pelo sol. Sem imaginar que no dia seguinte (segunda-feira, de trabalho) iria estar um vento de fazer voar tudo logo desde a manhã e pelas 11:30 acontecer um apagão em Portugal e Espanha, dizem, que durou umas 10 horas e provocou o caos. Fez as pessoas correr para os supermercados, esgotar o papel higiénico de novo (oh povo esquisito, e c*gão), fogões de campismo, rádios de pilha, águas, alimentos enlatados e outros. Enfim, tudo muda de um dia para o outro. Eu, ainda meio entorpecida com o fenómeno – que foi apenas o primeiro, dizem as fake news (ou não) – quando de tarde me desloquei para comprar alguma dessas coisas necessárias para mim (excetuando o famoso papel higiénico), já estava tudo esgotado. Então, contentei-me com um garrafão de águas Monchique 5L da pequena mercearia na frente onde nunca vou, andei duas vezes de cima até abaixo os meus 8 andares, bem melhor ao descer obviamente, e depois comer algo que não pode ser aquecido, uma salada de arroz e tomate, e a seguir: xixi cama. Neste caso já nem quero ter imaginação fértil; se a tiver, vou deprimir. Porque a “coisa tá preta”, andamos a receber avisos aos poucos. E este, para mim, foi bem pior que a pandemia. Deus nos ajude!

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Feliz tempo de Páscoa!

Páscoa, Natal, festas religiosas que associamos a famílias e ou amigos reunidos a comer o apetitoso cabrito ou borrego (apesar de haver cada vez mais gente a desistir da carne), o folar, as amêndoas, os chocolates, o bacalhau, o camarão ou o polvo, a aletria, o arroz doce, etc., ou seja: a boa gastronomia portuguesa associada a cada festividade, pascal ou natalícia... Ainda me lembro, antigamente, nesta época era normal e praticamente obrigatório o jejum na Páscoa. E só se ouvia um tipo de música sacra, qualquer outra era proibida em público. A Semana Santa é a última semana da Quaresma, período em que os fiéis cristãos devem permanecer por 40 dias em penitência e períodos de jejum. Diz que a Bíblia ensina muita coisa, nunca me deu para gostar de a ler. Cada pessoa interpreta-a à sua maneira. E o mundo está como está, doente, até se desconfia da religião; há pessoas que já nem batizam os filhos bebés; vão se perdendo tradições, aos poucos, nem ninguém se penitencia por nada. Tudo ao molhe e fé em Deus, vale tudo! Até dançar homem com homem e mulher com mulher, ou mais do que isso... (a música do Tim Maia ficou obsoleta). Homens de saias, mulheres a mostrar nudez pela rua fora, se lhes apetecer... nem vale a pena enumerar tudo o que há de modernices agora, e ninguém faça qualquer julgamento. O que se quer são os feriados, as festas aqui e ali, feiras e feirinhas...E vamos descrendo de muita coisa que nos ensinaram... Será que os afilhados ainda levam o ramo à madrinha? Nunca convivi com a madrinha que apenas me deu um nome que começo agora a gostar, porque alguém me diz que é bonito, diferente LOL talvez...Tenho uma sobrinha afilhada, a quem talvez não ensinaram essa tradição, e eu acabei por me desligar também. Nem um "feliz páscoa" há. Se calhar serei eu a tia/madrinha desnaturada. Paciência. Gostaria de sentir que numa família os mais novos honram os mais velhos, não tem que ser ao contrário. E não sou eu que vou ensinar. (Aos meus filhos eu ensinaria, se os tivesse). A Páscoa judaica (Pessach), que significa “passagem”, comemora a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. A festa relembra a travessia do Mar Vermelho e a passagem do anjo da morte pelas casas dos hebreus, poupando os seus primogénitos. A celebração ocorre na primavera, marcando o Êxodo, com o consumo de ervas amargas e pães sem fermento, simbolizando as dificuldades enfrentadas no Egito. A Páscoa cristã, por sua vez, celebra a ressurreição de Jesus Cristo, representando a passagem da morte para a vida eterna. Para os cristãos, Jesus é o Cordeiro Pascal, que se sacrificou pela salvação da humanidade. A festa simboliza a vitória sobre o pecado e a promessa de vida nova. Apesar das diferenças de significado, ambas as celebrações da Páscoa simbolizam a esperança e a renovação. Enquanto a Páscoa judaica celebra a libertação física e espiritual de um povo, a Páscoa cristã celebra a promessa de salvação e vida eterna para toda a humanidade. Para os seguidores do espiritismo, onde passei a incluir-me, a Páscoa representa um período de introspeção sobre a evolução espiritual e a mensagem de Jesus, desvinculando-se de dogmas ou rituais específicos. Porém, ainda estamos tão longe de um novo mundo sonhado, sem guerras, sem a exclusão de povos. E pior: o horror começa dentro de muitos lares, onde crianças são maltratadas, familiares brigam e deixam de se falar, por qualquer motivo, por ciúme, ganância, rancores ou raivas, ignorância, em suma: o desamor que desune. Lembro-me de assistir à Vigília Pascal que é considerada a mais importante celebração litúrgica, representando a vitória da luz sobre as trevas. Mas há ainda uma grande parte do mundo dominada pelas trevas, infelizmente. ""O desejo de Deus para nós, a exemplo de Jesus, é que sejamos luz neste mundo de trevas, pois, como nos advertiu São João evangelista, “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5,19). Ora, “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3,19)" Falo por mim. Reconheço que ainda nos falta muito para entender e viver o real sentido da Páscoa, este momento que nos permite assumir as nossas afinidades e agir com compaixão junto aos nossos semelhantes. Não é fácil, quando há mágoas enraizadas e não existe a humildade necessária para olhar nos olhos e pronunciar as palavras mágicas. Desejo a todos: uma santa Páscoa, com paz no coração!

segunda-feira, 14 de abril de 2025

A dança

Noite de lua cheia, 13 de abril - De um dia para o outro surgiu um convite para ir a um evento - Ecstatic dance - no meio da natureza e a uns escassos 4km da cidade onde algumas pessoas, cerca de 50, vivem em comunidade, em espaços construídos por elas, ou em tendas, tudo planeado de modo sustentável. Os visitantes também podem pernoitar nas suas caravanas, temporariamente, se quiserem ir conhecer como ali se vive, não para passar férias. Um lindo lugar, único e tranquilo, com todo o conforto necessário, para eles (como uma tribo). Um espaço enorme, muitas árvores, algumas centenárias, outras emanando um aroma delicioso, muitos passarinhos a cantar alegremente, um pequeno lago para os sapos barulhentos (que afastam os insetos), uma piscina natural, chuveiros e WCs bio “com vista”, “smoking area”, um “espaço comum” tipo sala de estar onde se (con)vive “na boa”. Nada de TV ou algo que se pareça com o que o resto dos comuns mortais faz. Um lugar perfeito para fugir do stress diário! Sempre tive curiosidade em saber como é viver assim em comunidade, e até imaginava um dia também juntar-me a uma deste tipo. Mas não, é lindo de visitar, passar talvez alguns dias, uma semana, mas o conforto faz-me falta, normalmente. Entre o estilo hippie e o citadino vou me ajeitando a um modo de ser e viver que traga a paz necessária para adaptar-me a um mundo caótico. A dança começou após o por de sol, liderada por uma dupla de rapazes que usando um sistema de som, handpan e vários outros instrumentos, cantavam, batucavam e dançavam também. Durou das 19 às 22:00 aprox. Eram umas 40-50 pessoas, as residentes e as que vieram de fora, parecendo ser na faixa etária dos 20 aos 50, talvez nesta se incluindo uma bela senhora francesa com um corpinho e ar de ter sido sempre dançarina, dada a sua desenvoltura e sensualidade ao dançar com o seu parceiro. Quatro ou cinco seriam os mais velhos, incluindo eu. Nacionalidades diversas, a minoria portuguesa, dançavam todos descalços e com ar feliz ou, pelo menos, sorridente; eu e outro rapaz éramos os únicos com meias. Fora da tenda gigante alguém fazia uma enorme fogueira e alguns se sentaram em volta dela a seguir, para descontrair, em amena conversa, com alguns sons de flauta ou jovens a trautear algum som. Entre as árvores a lua espreitava, majestosa. Mais além, no pequeno lago um coro de coaxar de sapos quebrava o silêncio da noite, ainda fria, no início de uma primavera que tarda a chegar. A Ecstatic Dance (dança extática) é uma experiência de dança livre. É para toda a gente e todas as idades, uma oportunidade de as pessoas se conectarem com os seus corpos, corações e almas. Com as suas diversas culturas indígenas, em antigas tradições e rituais, a América Central adotou a dança extática como forma de celebração. Através de danças alegres, que variam desde um toque mais lento ao agitado, entra-se na linguagem universal do movimento e lembra-nos que todos fazemos parte de uma rede interligada mais ampla, capaz de transcender limitações e desfrutar da alegria de viver. As regras da dança extática: estar presente (sem telemóveis ou máquinas fotográficas); “encarnar o espírito” (sem falar ou comunicar verbalmente); mente limpa (sem substâncias tóxicas, como o álcool ou estupefacientes); ser consensual (fazer contacto visual e confirmar um “SIM”, respeitar o espaço dos outros, braços cruzados ou desviar o olhar significa “NÃO”); ligação à terra (deixar o calçado fora do espaço de dança); ser livre, dançar livremente, sem qualquer julgamento, apenas deixar fluir... Enquanto dançava, eu lembrava-me: 13 de abril, precisamente há 28 anos, era o dia seguinte a um dia especial - 12/4/1997 - quando me casava (numa segunda tentativa) com alguém que, agora falecido infelizmente, teria se encaixado tão bem neste tipo de evento. Um detalhe: o dia de casamento teve que ser dia 12 porque era um sábado. O nº 13 era sempre o seu preferido. Ele era também um ser especial, agindo fora da normalidade, que sempre se sentiu incompreendido, ajustando-se com dificuldade às regras da sociedade. Em pensamento, eu estava ali a dançar com ele; acredito que ele teria vivido de modo saudável e mais tempo num ambiente deste tipo. Afinal, no passado ele já usava a ecstatic dance para expressar-se, e não sabia que era esse o nome. Onde quer que fosse e dançasse, as pessoas paravam de repente e tinham que dar-lhe todo o espaço para ele manifestar-se livremente através da sua performance criativa em termos de movimento corporal. Foi assim uma vez em Serralves. Era um ser “fora da caixa”, todos o sabiam. Foi tão bom celebrarmos o 12/13 de abril desta forma, Joyns Brinkoptik! (um dos seus heterónimos). Viva a Música! Vivam as tribos! https://www.cristalandlagos.com/

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Recolhimento emocional

Acabei de encontrar um texto inacabado na lista de rascunhos, terei esquecido de o completar e partilhar, então faço-o agora, que está sempre a tempo: "Decidi há já algum tempo abdicar de apps de encontros (desinteressantes) e/ou qualquer tipo de interação física. Claro que também a pandemia ajudou, mas o que me levou a tomar esta decisão foi uma necessidade de recolhimento emocional, de me resguardar do dispêndio de energia que é, muitas vezes, o jogo da conquista ou da sedução. Naturalmente, nem sempre existe aquela conexão necessária, ou uma reciprocidade a nível físico ou mental. E tem sido um processo muito enriquecedor perceber que, no tempo que me dedico, só cabe quem realmente importa. Por paradoxal que possa parecer, nunca me afligiu não ter um relacionamento. Não é que eu não o queira (e nem sou apologista de se ficar só para sempre; acho que o ser humano e social não foi feito para a solidão), mas não faço - para já - qualquer esforço ativo para tal. Ganhei em saúde mental, em paz interior, em respeito por mim, pelo meu corpo, pelas minhas prioridades. Apetece-me estar sossegada. De vez em quando é bom. Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música, sem a qual não vivo." Ninguém sabe explicar Não existe uma regra a ser seguida Algumas pessoas amam o que não podem ter Outras amam somente quando passam a ter. Uns amam o que inventam Outros inventam algo para amar Alguns ainda dizem "EU TE AMO" Sem nenhuma verdade no olhar Outros não falam por falta de coragem Ou apenas não podem levar adiante um amor não permitido Já que o amor é tão puro Por que existem amores proibidos? Quem ordenou que o coração tem que pertencer a uma só pessoa? Não sei a resposta para tantas questões amorosas Mas sei do meu amor e amores Destes tenho certeza que sempre foram os mais verdadeiros sentimentos Por isso não quero durante a minha vida toda procurar por respostas Só quero mesmo continuar a sentir e viver Cada um dos meus amores intensamente, sem controlo e sem limites Quero apenas viver esta arte de AMAR ! (e assim continuo) * carpe diem *

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Apetece-me...

Ser feliz. E não é de agora. Sinto isso há muito tempo, desde que me conheço como gente. O segredo da felicidade pode variar para cada um de nós - seres que não pedimos para nascer e que depois temos que morrer - mas as pessoas felizes costumam ter hábitos e formas de pensar diferentes do restante da sociedade. Estatisticamente há alguns hábitos próprios de pessoas altamente felizes e bem-sucedidas, entre outros: 1. Saboreiam o momento - Em vez de andarem stressadas com qualquer coisa ou só focadas no passado, no futuro ou na negatividade presente ao redor, as pessoas que estão mais satisfeitas com a vida param para apreciar a beleza e as pequenas e incríveis coisas da vida, como por exemplo: cheirar as flores pelo caminho; apreciar o chilreio dos passarinhos nas árvores; cumprimentar um gatinho ou um doguinho; apenas sentar à beira-mar; apreciar um belo luar ou por de sol... 2. Meditam diariamente - Dizem que a meditação é uma das formas mais eficazes de encetar o caminho de quietude e atenção plena, o que, por sua vez, dá à mente a rutura necessária de todas as preocupações e ansiedades que a ocupam. E para isso bastam apenas alguns minutos. O grande problema é que, neste ritmo moderno da vida, as pessoas desaprenderam a concentrar-se, ou a ter uma atividade de cada vez. 3. Não se apegam aos rancores - Perdoar e esquecer é absolutamente necessário quando se trata de ser feliz. Manter um rancor significa que estamos presos à raiva, ao ressentimento, à dor e a outras emoções negativas que são obstáculos para a felicidade. Ao soltar essas emoções, livramo-nos da negatividade, dando mais espaço para que as emoções positivas entrem. 4. Gastam dinheiro com os outros (se o houver) - Ter um bom carro e uma grande casa numa ilha deserta não faz ninguém feliz. Há quem descubra que gastar dinheiro com os outros realmente faz a pessoa mais feliz. As conexões sociais são necessárias. Uma verdadeira amizade exige investimento. Nem sempre se trata de dinheiro, mas exige muito do nosso tempo. Pessoas verdadeiramente felizes gastam tempo – e dinheiro – com os seus relacionamentos. 5. Ocupam-se, mas não se apressam - Pesquisas mostram que o sentimento de “pressa” pode levar ao stress e à infelicidade. Ao mesmo tempo, há pessoas que se esforçam para encontrar um meio-termo e ocupam-se apenas o suficiente. Aliás, alguns estudos sugerem que um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal é fundamental, uma vez que o tédio pode ser prejudicial. 6. Rodeiam-se das pessoas certas - A felicidade é contagiosa. Isso significa que, quando nos cercamos de outras pessoas que são felizes e solidárias, isso poderá criar autoconfiança, aumentar a nossa criatividade e simplesmente pode divertir-nos mais. Por outro lado, sair com pessoas negativas significa que apenas somos outro membro de um grupo triste, e isso vai tornar-se cansativo, nada divertido. 7. Não gastam energia em coisas pequenas - As pessoas que estão felizes concentram a sua energia e esforços apenas em coisas que são verdadeiramente importantes e que estão sob controlo. Perder tempo com coisas de somenos importância e que não se consegue controlar vai acabar por levá-las à infelicidade. Ou seja: é necessário dominar a arte de deixar as coisas fluírem. 8. Celebram o sucesso de outros e o seu - Não é segredo que manter relações saudáveis e uma vida social rica contribui imenso para a felicidade. Porém, pessoas felizes nutrem e melhoram os seus relacionamentos através de atitudes “ativas e construtivas“, que inclui gostar de celebrar o sucesso de quem estiver ao seu redor. 9. Tratam todos com respeito e bondade - Tanto a bondade como a felicidade contagiam. Estudos revelam que testemunhar atos de bondade faz-nos sentir bem. 10. São otimistas - Sabemos que coisas más ou “azaritos” acontecem a todos, até mesmo com as pessoas mais felizes e bem-humoradas do planeta. No entanto, uma pessoa feliz não se queixa nem reclama constantemente, nem deixa o pessimismo instalar-se. Ela permanece otimista, concentrando-se em soluções para o problema e refletindo sobre o que há na sua vida para agradecer. 11. São pró-ativas em relacionamentos - As evidências sugerem que a maioria das relações pessoais – especialmente casamentos – esfria ao longo do tempo, mas quem é realmente feliz trabalha na manutenção de um relacionamento que vale a pena. 12. Dormem o suficiente - A privação do sono pode afetar negativamente a nossa saúde, produtividade e capacidade de lidar com situações stressantes. Confirma-se que a qualidade do sono é absolutamente necessária para a felicidade. 13. Passam o tempo na natureza - A natureza tem um efeito calmante, faz-nos desacelerar, respirar profundamente e absorver o presente. Pesquisadores confirmam que somos mais saudáveis, mental e fisicamente, quando estamos a interagir com a natureza; há mudanças no cérebro e no corpo. 14. Veem os problemas como desafios - As pessoas felizes mudam o seu diálogo interno para que, quando houver um problema, o vejam como um desafio e uma oportunidade para melhorar as suas vidas. Apenas devem seguir em frente e eliminar completamente a palavra “problema” da mente. 15. Sentem que merecem recompensas - “Recompensar-se” pode soar como uma estratégia autoindulgente e superficial, mas não é. Alguém feliz pensa assim “Quando nos damos recompensas, sentimo-nos energizados e satisfeitos, o que aumenta o nosso autocontrolo e ajuda a manter os nossos hábitos saudáveis“... 16. Expressam gratidão - Pesquisas realizadas mostram que quem trabalha diariamente para cultivar uma atitude de gratidão melhora o seu humor e energia, e reduz substancialmente a sua ansiedade. Então, agradecer todas as manhãs, ou escrever num diário as pequenas coisas pelas quais se agradece, dizer aos seres amados e colegas de vez em quando palavras mágicas como “obrigado” ou “desculpa”, são exemplos a seguir. 17. Sonham grande - As pessoas mais felizes sonham grande e costumam trabalhar arduamente para transformar os sonhos em objetivos alcançáveis. Normalmente são comprometidas e disciplinadas e conhecem as suas prioridades. Permitem-se dizer “não”, cuidam da saúde, saem da zona de conforto e aceitam o facto de eventualmente terem que começar de novo. 18. Passam algum tempo sozinhas - Embora os relacionamentos sejam importantes para a felicidade, toda a gente precisa de algum tempo a sós. Isso dá a oportunidade de entender as preocupações e ansiedades, se as houver, refletir sobre o que há para agradecer, e tornar a seguir qualquer sonho ou desejo. 19. Não inventam desculpas - Para muita gente, é fácil culpar os outros pelas suas falhas, e isso não lhes permite seguir em frente e conseguir ultrapassá-las. Pessoas felizes assumem a responsabilidade pelos seus erros e usam o fracasso como uma oportunidade para mudar a vida para melhor. 20. Têm uma mentalidade focada em crescimento - Quando se trata de personalidade, há indivíduos com mentalidade estática e outros com mentalidade focada em crescimento. Estes acreditam que podem melhorar com pequenos esforços, algo que os deixa felizes, porque estão mais aptos a superar ou lidar com desafios. Pessoas com uma mentalidade estática acreditam que são quem são e não há nada que possam fazer acerca disso. Acaba por ser um problema, porque isso impede que cresçam ou mudem. 21. Gastam dinheiro em experiências e não em coisas materiais - Várias pesquisas mostram que as pessoas são mais felizes ao adquirir experiências em vez de coisas materiais. Isso ocorre porque as experiências tendem a melhorar ao longo do tempo e as pessoas revivem-nas mais vezes; podem ser únicas e envolvem interação social. Por outro lado, citando: “o materialismo pode ter efeitos negativos, pode esgotar a felicidade, ameaçar a satisfação com os relacionamentos, prejudicar o meio ambiente, torna-nos menos amigáveis, simpáticos e empáticos, e menos inclinados a ajudar os outros e a colaborar com as comunidades às quais pertencemos” (fim de citação). 22. Têm um ritual matinal - Os rituais matinais são tranquilizadores e preparam o ambiente para o dia que está a começar. Pode ser meditar, agendar o dia, fazer uma caminhada, ler um livro inspirador, escrever um diário ou no blogue, fazer um café da manhã saudável ou ler emails, o importante é criar um ritual. 23. Cuidam de si mesmas - Como o corpo e a mente estão conectados, se não nos cuidarmos fisicamente, sofreremos mental e emocionalmente. É importante fazer exercícios regularmente e encontrar maneiras saudáveis de aliviar o stress, dormir bem todas as noites, e manter uma dieta bem equilibrada, por exemplo. Sabem cuidar de si, sem esperar a aprovação de ninguém, ou desaprovação. 24. Usam os seus pontos fortes - Estudos mostram que quanto mais usarmos os nossos pontos fortes no dia-a-dia, mais felizes e satisfeitos nos tornaremos. 25. Envolvem-se em conversas profundas e significativas - Pessoas felizes ignoram futilidades e envolvem-se em conversas profundas. Numa pesquisa realizada, um perito no assunto escreveu que “os participantes mais felizes passaram mais tempo a conversar uns com os outros, uma descoberta que não surpreende, dada a base social da felicidade”. Etc. Eu me confesso: feliz! Sejam todos também!

sábado, 29 de março de 2025

A primavera a antecipar o verão

Veremos. Dia de sábado com sol quentinho, finalmente, após semanas e semanas de frio e tanta humidade. Já não me lembrava de tanta chuva neste lugar, apesar de normalmente depressa esquecermos as agruras do tempo, quando tudo vai correndo à nossa feição. A caminho da praia, pela avenida fora, alegro-me com o chilrear dos passarinhos nas árvores. Até eles estão felizes (como eu) com a tão desejada chegada da primavera. A praia não estava cheia, mas havia muita gente, umas em topless a atrair a atenção dos homens que ficam por ali deitados a disfarçar a atenção, e outros que passam para trás e para diante e vão mirando como quem não quer nada... Eu feliz no dolce far niente a tarde inteira, finalmente junto ao mar e podendo entrar nele; não foi ainda um mergulho completo, mas com algum cuidado, pois terminei ontem um tratamento “de choque” para aliviar a musculatura e o cansaço da coluna vertebral que aguenta com a minha péssima postura durante anos e às vezes fico meio empenada. Ao fim de cinco sessões com massoterapia, ventosas, ultrassom, eletroterapia, liberação miofascial, e tudo a que tenho direito, estou praticamente pronta para dar uns bons mergulhos naquela água que hoje estava tão boa, mesmo sem chegar aos 17 graus de temperatura. Se amanhã, domingo, estiver igual a hoje, vou mergulhar. E hoje à noite muda a hora: quando estiver a dar uma, já estaremos nas duas… Viva o bom tempo. O início de muita vontade para assistir a festivais, passear, viajar… quando a liberdade já está tão perto, e eu tão ansiosa por isso. Música-Mar-aMor-Muita coisa boa na cabeça, ou seja: boas vibes...Carpe diem!